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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008


A História do Ano Velho.

A história que vos vou contar agora é um tanto curiosa.Não sei se de facto aconteceu ou não, mas é sempre interessante ouvir uma nova história...Então vou começar assim:Era um dia frio, muito frio... final de Dezembro...Para trás, ficara mais um Natal. O primeiro e último na vida daquele ano velho.Sentado na mais alta montanha do mundo, ele observava o corre-corre das pessoas cá em baixo e pensava...... pensava que talvez fosse melhor que ele partisse para dar lugar a um novo ano. Mais jovem, mais forte e... talvez.... com mais esperança para todas aquelas pessoas.O frio já lhe trespassava o corpo e ele sentia a vida a chegar ao fim.Desceu então, da sua alta montanha, abotoou melhor o casaco de nuvem e uma lágrima de tristeza rolou-lhe pelas faces enrugadas...Não chorava por partir, mas sim porque durante a sua existência nada mudara!As pessoas continuavam na mesma, as guerras, intensas, a fome indescritivel e o sofrimento...mais dolorido ainda.Então, o ano velho deitou-se na sua cama de relva e fechou os olhos...Como que por encanto, o seu corpo desintegrou-se e apenas restaram cinzas....Faltava meio minuto para a meia noite...No mundo, cá em baixo, as pessoas alegres continuavam a contagem decrescente entre risos e aplausos...cinco...quatro....três...dois...um...Das cinzas nasceu o Ano-Novo! lindo, jovial, sorridente...E as pessoas, alheias à triste realidade, brindavam com taças de champanhe a sua chegada...

Por Sara Levy Lima.

FELIZ ANO NOVO INFELIZ GUERRA VELHA.
J.Norinaldo.

Adeus ano velho, Feliz ano Novo.
Um ano termina uma guerra inicia.
A noticia do dia é o número de mortos.
Fecham-se aeroportos estradas saídas
E o ceifar de vidas deixa a terra vazia.
Será que o homem não aprendeu nada?

Onde Jesus pisou em missão tão divina.
Agora rodam tanques destruindo a terra.
O cenário de guerra é na terra sagrada.
O que me adianta a paz em minha casa.
Se o povo de Gaza enfrenta uma guerra.
Será que o homem não entende nada?

Fogos de artifícios enfeitam o céu.
Aviões de guerra despejam a morte.
Onde Jesus andou com sandálias de couro,
Hoje correm coturnos em guerra por ouro.
Esqueceram da cruz e só lembram à espada,
Será que o homem não aprende nada?

O ano termina que retrospectiva.
Morre o ano velho e a guerra bem viva.
A fome e a peste já estão na estrada,
Pois, depois da guerra a terra arrasada.
Vem às seqüelas buscar as medalhas.
E o homem segue sem aprender nada.

Aprendeu a matar e mata com esmero.
A tecnologia está ai pra ensinar a matar.
Matar um irmão que podia ser um amigo
Sem temer do céu que lhe venha o castigo.
Interessa o poder o dinheiro o apogeu,
Foi só o que o homem aprendeu e a dizer:
Deus está sempre comigo.


segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Alquimia
J. Norianldo.

Coloridas borboletas enfeitam vales.
Atiçando o pensamento a poesia.
Depois da metamorfose na crisálida.
Uma multicor explosão de alegria.
A natureza nos mostrando uma lição.
Do que foi antes uma lagarta pálida.

Quem andou se arrastando perseguida.
Quem já causou puro nojo e aversão.
Deleita agora olhares de encantamento,
O homem caça até pra fazer coleção.
Admira a beleza da mudança, no entanto.
Dela não tira nenhum proveito por lição.

No homem também existiu mudanças.
Na maioria lamentavelmente para pior.
Este caça apenas para vender a pele,
De outro animal que é bem melhor.
Destrói a própria vida numa guerra
Arrasando a terra sem ter dó.

Aprendeu a voar com as borboletas.
Às vezes voa até pra matar melhor.
Usando o poder da alquimia do saber.
Como se no universo o homem estivesse só.
Não usa a inteligência em prol da humanidade,
Enquanto seu filho pesquisa a felicidade em pó.







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domingo, 28 de dezembro de 2008



Saudade
J. Norinaldo.



Tênues imagens do futuro.
Ofuscam meu presente já passado.
Teu retrato vestida pra escola.
Deixa meu desencanto encantado.

Me vejo novamente um menino.
Trocando olhares inocentes.
Sonhando com um beijo, uma carícia.
Com um abraço sem malícia.

Ah! Essa menina do retrato desbotado.
Que o tempo se encarregou de amarelar.
Hoje já nem lembra mais de mim.
O tempo se encarregou de me apagar.

Hoje preocupada com os meninos.
Não mais os meninos da escola.
Brincando alegremente no recreio.
Correndo, pulando a jogar bola.

Agora esses os meninos são os seus.
Que lhe chamam o tempo todo de vovó.
Seu sorriso mais parece uma careta.
Com os rabiscos que o tempo fez sem dó.

Quem será que inventou a saudade.
Teria sido maldade ou por pura diversão.
Só uma possibilidade quem inventou a saudade.
Não tinha batendo no peito um coração.

Uma Mensagem.
J. Norinaldo.


Seria assim tão difícil me mandar uma mensagem.
Precisaria coragem para assim me descartar.
Todo dia, vejo este teu retrato e teu sorriso.
É somente o que preciso pra minha vida mudar.
Que diferença de retratos ai no teu avatá.
Olha bem para a beleza que há no teu.
E olha quanta tristeza no palhaço que sou eu.

A tua indiferença me apunhala o coração.
E aguça mais e mais o meu desejo.
Me tornando um malfazejo por querer o teu amor.
Porém de todos os males eu prefiro a solidão.
Meu sofrimento é menor com teu desprezo,
Do que seria com a tua compaixão.

Nos braços de outro tu sorris e me desdenhas.
Depois não venhas chorando me pedir perdão.
Este é meu medo, não saberei como agir.
Se terei forças para negar isto de ti.
Ou de joelhos serei eu a te pedir.
Como um faminto pede um pedaço de pão.



FELIZ ANO NOVO.
J. Norinaldo


Aos meus amigos virtuais que pessoalmente não conheço.
Mas amo como se conhecesse e até nem sei se os mereço.
Desejo que o Criador os abençoe com toda sua bondade,
Que seja sempre seu guia é o que peço em minha prece
Que lhes dê felicidades para este novo começo
Ele tem seu endereço e sabe o quanto você merece

Tenha um Feliz Ano Novo, e abrace quantos puder.
Tenha esperança e fé nessa dádiva concedida
É mais um ano de vida diga ao Pai que lhe agradece.
Fale com Ele na Prece Ele ouvirá com carinho.
Lembre seu filho querido à alegria do Natal.
Você será sempre ouvido e nunca estará sozinho.

Lembre que neste momento em algum canto da terra
Haverá alguém nascendo ou alguma vida se encerra.
Há fogos de artifícios comemorando o ano novo.
Assim como existe um povo neste momento em guerra.
Existem lautos banquetes, outro que pra comer não tem um ovo.
Mas Deus sabe bem o que faz, é o único que nunca erra.

O erro é coisa de humanos e é isso que nós somos.
Erramos já no começo ao perdermos o paraíso.
Não vamos errar novamente aprendamos à lição.
Esqueça o ódio abra os braços divida sempre seu pão.
O fundo do poço existe caia nele se preciso.
Mas se isto acontecer, sempre vai aparecer.
Alguém para lhe estender a mão.

sábado, 27 de dezembro de 2008


Amor e Preconceito.
J. Norinaldo

Amor e preconceito não combinam.
Como um grito de guerra e o canto da sereia.
Amor é amor somente amor e nada mais.
Veja o exemplo da onda que mansamente
Tangida pela maré vem calmamente
Em noites de luar beijar a areia


O amor nos leva a plena felicidade.
A felicidade nem sempre é compreendida
Alguém que diz já fui feliz por instantes algum dia
Confundiu felicidade com momentos de euforia
Atravessou um lindo bosque e só viu lenha
Quem já não disse: eu era feliz e não sabia

Não se curve ante a ira dos hipócritas.
Não se deixe abater por preconceitos.
O amor é livre e possui todas as cores.
Você pode também voar sem medo.
O verdadeiro é amor e não amores.
Sendo amor pode ter todos direitos.

Sou homem e amo uma mulher linda.
Amo o sol amo o mar e o universo.
Amo tudo que é belo amo a natureza.
Amo saber que também sou amado.
Amo o dom que deus me deu de fazer verso.
Não sou belo, mas também amo a beleza.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008




Pudor.
J. Norinaldo


Entre curvas perfeitas perigosas lascivas
Nos montes e vales cascatas e fontes.
Do corpo é o desejo talhado a cinzel.
A virtude se esconde ao ver-te sem véu.
Nos lábios rosados purpúreos perfumados,
Poema criado por alguém lá no céu.


Colunas de alabastro sustentam esse templo.
Entre as colunas o átrio róseo se esconde num bosque.
Triangulo fendado, bilabiado, misterioso e profundo.
Causa de guerras entre os homens na terra.
Tesouro valioso quando bem guardado,
Desvalorizado é vulgar aos olhos do mundo.

A taça suprema que traz vida ao mundo.
A apoteose que enlouquece e domina.
O guerreiro mais forte grita e geme sem dor.
Se rende humilde ao sacrifício indolor.
Gladiadores que sentem a vida exaurir-se.
Quando penetram com a lança a taça do amor.

Tem tantos nomes esse templo secreto.
Por alguns inauditos por puro pudor.
Exala o perfume que atrai loucos beijos.
Os poetas o cantam em versos guardados.
Inspiram-se em noites de sonhos molhados.
De embate de amantes num mar de desejos.






terça-feira, 23 de dezembro de 2008


SOU CAMPEÃO DE TUDO
J. Norinaldo.

Amigo eu não sou gaúcho.
Pois nasci em Pernambuco.
Mas sou dono do Rio Grande,
E não pense que sou maluco.
Tenho comigo a escritura
Com carimbo e assinatura,
Ganhei de Tiarajú numa partida de truco.

Tudo é meu, campo e cidade.
A história reconhece e toda escola ensina.
Do rio Uruguai tenho a metade,
E metade é da Argentina.
Que me recusou proposta
Que eu considerei um crime.
Dava o rio à pátria hermana,
Em troca do Maradona,
Pra vir jogar no meu time.

Mas trago sempre comigo
Um documento assinado.
No dia em que o Inter der
De 10 a zero no Grêmio
Eu entrego como Prêmio
O Rio Grande ao Colorado
Espero que seja em breve
E que todo mundo assista
E até noutros estados
Mesmo os mais afastados
Se ouça o pranto gremista.

As Mãos
J. Norinaldo.


As mesmas mãos que postas rezam.
Separam as coxas adúlteras.
Aliviam a dor do desesperado.
Lado a lado pedem clemências.
Cúmplices do amor solitário.
Se elevam clamando decência.

As mãos que afagam e aplaudem.
Também assinam a sentença.
As mãos que contam o dinheiro.
Mãos que constroem o progresso.
Mãos que escrevem alfarrábios.
Mãos que indicam o sucesso.

Mãos que falam aos surdos.
Mãos que fazem gracinhas.
Mãos que matam e que roubam.
Mas nunca agem sozinhas.
Existem mãos sempre sujas,
Mas essas não são as minhas.

Mãos que indicam a montanha.
Mãos que mediam dilemas.
Mãos que colocam alianças.
Mãos que trancam algemas.
A Vênus não tem as mãos
Para alisar suas tranças.

Desde menino eu pergunto.
Porém até hoje ignoro.
Queria dizer ao meu filho.
Que os dedos não são iguais.
Que em vez do coração,
Usamos as mãos demais.

As mãos que escrevem aqui.
Por ninguém coloco no fogo.
São mãos que sabem mentir.
Na hora certa em que jogo.
Mãos que também sabem fingir,
Ao suplicar clemência e rogo.

A diferença entre as mãos.
São as impressões digitais.
Em toda humanidade
Não existem duas iguais.
Com elas cruzadas ao peito,
Partimos para nunca mais.







sábado, 20 de dezembro de 2008


A ESTRADA DA VIDA
J. Norinaldo.


Cambaleante vou seguindo meu caminho.
Resfolegando, desviando os obstáculos.
A ânsia de chegar me faz gigante
Usando a fé como se fosse tentáculos.
Chegar aonde e como não sei ainda
Só sei que um dia finda essa minha vida errante.

O caminho vai ficando mais estreito.
E no meu peito o cansaço faz estragos.
As lembranças vão ficando para trás.
Como réstias dos meus passos antes largos.
Em cada curva a esperança do final,
A solidão cada vez aumenta mais.

As margens da estrada a imensidão.
Como a mostrar que essa terra não tem dono.
Por mais apego que o homem tenha a ela,
Indiferente de como viveu sobre ela,
Se foi mendigo ou ocupou algum trono
Sob ela dormirá o seu derradeiro sono.

As pegadas que deixamos no caminho,
O vento se encarrega de apagar.
E o que em vida nos causava tanto orgulho.
De orgulho nada tem qunado se encerra.
O poderoso, o fraco o brilhante até o rei.
Nada mais somos do que pó da mesma terra.

Dizem que a vida é um aprendizado.
Mas o depois ninguém diz o que há de vir.
Aprender pra colocar em prática onde.
Depois do curso feito vem a morte.
E esta não depende de inteligência ou sorte.
Então me digam o que estou fazendo aqui.




quinta-feira, 18 de dezembro de 2008


FELIZ NATAL A TODOS
J. Norinaldo

Mais um Natal se aproxima.
Uma festa no início tão bonita.
Mas, ainda resta um fio de esperança.
Pelo menos no olhar de uma criança,
Cujo aniversariante é o maior presente.
Pena que cada vez menos a gente acredita.

Nem sei quando parei de acreditar.
Talvez quando ouvi um poeta dizer.
Que navegar é preciso...
Mas, não é preciso viver.
Você ainda acredita?
Não acredita por quê?

Essa festa mais uma vez vai ser linda
Mesa farta reencontros, abraços descontração.
Sua casa se transforma num teatro radiante
Não deixe que a euforia lhe roube algo importante
De embrulhar para presente o seu próprio coração
Não para o amigo secreto, mas para o aniversariante.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Você Nunca está Sózinho.


Você nunca está sozinho.
J. Norinaldo

Aurora, a praia, as ondas, a maré calma, um homem sozinho caminha devagar. Nos pés descalços a sensação de frescor que lhe traz cada onda que lhe toca, no peito o calor de um vulcão pela dor que lhe tortura. No horizonte os últimos raios dourados indicam que logo virão estrelas, antes aguardadas ali mesmo a beira mar, quantas vezes vira as primeiras que surgiam nos olhos dela, na hora de um doce beijo. O homem pára, olha o espelho do mar e ver as primeiras estrelas, ainda tímidas., tão belo, o mar é lindo quando nele se reflete o céu estrelado, mas nem de longe é tão belo quanto este mesmo céu usava como espelho seu olhar, aliás, da cor do mar. Onde andará, também caminhará sozinha? Será que lembra o que já viu em seu olhar? Por que o mar é o céu são os mesmos, somente eles é que já não são mais um par? Agora somente uma triste lembrança. Olha para o alto, como se dali pudesse vir à resposta. Afinal por que sei tanto desse homem se está sozinho? Simples, esse homem sou eu. Ela, em cujos olhos tantas vezes vi brilhar as primeiras estrelas, essa já não sei mais quem é.
_ Disse apenas que é o homem que caminha a beira mar. E o seu nome?
Desculpe-me, pode parecer loucura, mas isto eu também não sei.
O que? Sabe meu nome? Ela também caminha sozinha no mesmo horário e este mesmo mar toca seus pés descalços, e também pensa em mim? Como pode saber disto? Como?
_ Esqueceu que quando olhou para cima não estava falando sozinho. Por que não olha novamente lá em cima.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008


O Látego
J. Norinaldo.


O látego que açoita minha alma
Trançado com a pele da maldade.
Na mão do carrasco do desprezo
Minha concha de pedra não protege,
Meus gritos que imploram piedade.
A dor que do coração emerge.

Lancina as noites meu clamor.
Ouço somente o eco dos meus gritos.
Que se choca em montanhas de tristeza,
Ou muralhas construídas por aflitos.
Gritos mesclados de dor e de lamúrias
De amores destruídos por conflitos.

O tempo continua navegando.
A mão do carrasco não se cansa.
Meus gritos cortam a noite se cessar.
Enquanto minha alma não descansa.
Criando os meus próprios pesadelos,
Meu cupido é um dragão usando lança.

Sem nenhum tempo para uma reflexão.
Minha oração são meus gritos são meus ais.
Não tenho paz, somente à dor e a penitencia.
Minha insensatez que vive a gritar a esmo.
Na verdade o que diz minha consciência.
É que eu sou o carrasco de mim mesmo.











DESIREE
J. Norinaldo.

Se o meu amor te desse asas pra voar.
Tu jamais colocarias os pés na terra.
Não verias as injustiças que eu vejo
Não serias somente objeto de desejo,
Jamais presenciarias uma guerra
Nenhum mortal provaria do teu beijo.

Tens a beleza do vôo do colibri.
O esplendor da flor do maracujá.
Esparges os mais doces dos perfumes,
Entre as mais belas deusas do Olimpo
Não existe um consenso de beleza,
Por ti nutrem os maiores dos ciúmes.

Teu sorriso é mais doce lenimento.
Quando cantas no céu um anjo arpeja.
Tu és a primavera dos meus sonhos.
O cupido que em outros sonhos dardeja.
Se a deusa Vênus te visse agora,
Tua ias ver como chora, uma mulher por inveja.

Perguntei aquele famoso espelho.
Se existe alguém mais bela do que você.
Ele disse: imparcialmente não poderei responder.
Pois, me apaixonei perdidamente.
Desde que vi parada a minha frente
A tua linda e querida Desiree.
Uma singela homenagem a minha afilhada Desirre Schimith Borges.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008


Raquel.
J. Norinaldo

Oh! Sua peralta, quem você pensa que é?
Para adentrar o meu sonho e bagunçar como bem quer.
Não faz tanto que parti te deixando uma menina.
E agora me aparece essa deusa de mulher.
Uma mistura de tigresa com olhar doce do mel,
Assim não há quem resista minha querida Raquel.


OH! Pérola rara que orna o colar de uma deusa.
Até parece que foi ontem que te vi uma criança.
Em teu olhar a inocência de um pequeno querubim.
Hoje uma musa cujo busto a uma deusa enfeita
No olhar a malícia de uma fêmea perfeita
Que conhece o fascínio de uma rosa no jardim

Deus te deu toda essa beleza de presente
Cabe somente a ti valorizar este tesouro.
Aquele que conquistar teu amor tua afeição.
Deve valer mil vezes seu peso em ouro.
A beleza do corpo é efêmera e passageira.
A que o espelho não revela é a do teu coração.

O que tenho a minha frente uma deusa seminua?
Que desceu do pedestal para ofuscar a lua.
Que censuram por mostrar, não mesquinhar.
Mostra Deus não te deu para ser somente tua.
O que é belo é como o sol pertence a todos,
A quem Deus deu pelo menos o direito de te olhar.

Felizes dos meus olhos que te vêem.
Toda essa beleza e este jeito divinal.
Este olhar de felina, esse corpo de mulher.
Pode ter certeza que a mingúem causará mal.
Afinal, és um colírio para os olhos.
De quem admira uma fêmea sensual.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Mandamentos.


Mandamentos.
J. Norinaldo
Sombras que acodem o andante
Ventos que assolam a planicie.
O pão que alimenta o homem
O homem que alimenta a tolice.
O Homem que Deus mandou
Ninguém mais lembra o que disse.

O homem só sabe do ouro
Grandes extensões de terra.
Para isto fez a guerra
Esqueceu o que é a paz.
O Homem que Deus mandou
Não sei se mandará mais.

Quem sabe venha de novo
E o que fará o povo.
Talvez se jogue aos seus pés.
Fingindo arrependimentos
Por não cumprirem os mandamentos
Que Deus mandou por Moisés

E não eram lá muita coisa
Pois não passavam de dez.
O homem jogou por terra
Criou deuses fez a guerra.
Agradeceu com os pés,
Os pés que o demônio ferra.

O Bom Pastor.





O Bom Pastor.
J. Norinaldo.

Eu quero apenas o direito de deitar em minha rede.
Saciar a minha fome e minha sede com champanhe e caviar.
Apenas falar de Deus, e mostrar aos filhos seus,
Que o caminho é bem para lá.

Para aquele lado, bem longe do meu castelo.
Há um lugar muito belo onde podem procurar.
Vão se cansar, mas faz parte do progresso.
Um dia terão sucesso quando o Pai os abraçar.

Enquanto isto protegido por muralhas.
Vou digerindo as migalhas que ganho para ensinar.
Para mostrar o caminho da divindade
Para dizer a verdade nunca soube onde vai dar.

Se por acaso alguém descobre a verdade.
Cheio de felicidade virá correndo me contar.
Fico mais rico vendendo a informação
Que me trouxe esse irmão e sem nada me cobrar.

Temer a Deus? Não, este é misericordioso.
Tem um coração bondoso, jamais irá me punir.
Não peço nada, me dão por que querem dar.
E champanhe e caviar não é fácil digerir.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008


JOSE NORINALDO TAVARES

Jamais é tempo demais.
Outrora ficou pra trás.
Sempre é algo sem fim.
Épico, epopéias iguais.

Nunca, é triste e longínquo.
Onde as vezes não sei.
Rumos existem aos montes.
Ir, afirmo que irei.
Nada nem sei se existe.
Aonde indica descrença.
Lá algures tão triste.
Donde conclui diferença.
Ontem mais jovem me viste.

Tanto indetermina a quantia.
Alhures em outro lugar.
Vênia, cortesia, mesura.
Avia, apronta conclui.
Resumo, sumário de culpas.
Eclético partidarista.
Sei que aqui eu não fui.
Um Feliz Natal para todos os meus amigos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008


TENHO.
J. Norinaldo.


Tenho uma nuvem que não me deixa ver a lua.
Tenho uma janela fechada que não me deixa ver a rua.
Tenho um céu que é escuro sem estrelas.
Tenho olhos bem abertos sempre alerta.
Tenho certeza da existência da beleza.
Tenho uma outra janela bem aberta.
Tenho medo de olhar na hora certa.

Tenho coragem de ir à guerra.
Tenho, porém medo da solidão.
Tenho alguém sempre ao meu lado.
Tenho medo de lhe estender a mão.
Tenho um coração embrutecido
Tenho o destino em cada mão
Tenho o mapa do caminho, e estou perdido.

Tenho um passaporte carimbado.
Tenho ganas de gritar pra o mundo ouvir.
Tenho desejo de correr não sei pra onde.
Tenho vontade de chorar e de sumir.
Tenho o direito de querer e de saber.
Tenho o direito de amar e ser amado.
Tenho porém dificuldade de sorrir.

Tenho amigos em profusão.
Tenho a tristeza, a dor e a solidão.
Tenho a saudade, o frio e a escuridão.
Tenho também um recanto pra descanso.
Tenho, além disso, a umidade de um porão.
Tenho as grades da minha liberdade.
Tenho a vaidade que as transforma em prisão.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008




A CRUZ E A LANÇA
J. Norinaldo.


O poeta se verga ante a impotência,
De lutar, contra o ódio e a maldade.
Assistindo os avanços da ciência,
Sendo usados contra a própria humanidade.
E os arautos do mal e da ganância,
Pregam alto o poder da intolerância.
A poesia não sucumbe, e denuncia a insanidade.

A natureza agoniza em frio leito
Na floresta queimada e destruída.
Morre lenta, a anêmica esperança.
Nos rios, que correm já sem vida.
Logo a água, a nossa maior herança.
Vamos legar uma herança poluída.

Na insana cruzada por riquezas,
O homem se tornou intolerante.
As bombas ditam o ritmo da dança.
E Deus, vai ficando mais distante.
O poeta ainda resiste, e denuncia.
Aquele que transforma a cruz em lança.
Pra ferir, e matar seu semelhante.













segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


DESPREZO.
J. Norinaldo

Lacônico, quiçá a contumácia.
Recolho-me taciturno ao meu tugúrio.
Ser intimista, da sarjeta e do acaso,
Desprovido de anseios e bons presságios.
Sem abóbada convexa que me cubra,
Antagonista do emblemático Parnaso.

Sou parte da peçonha da serpente
Sempre a espreita de vidas declinantes
Nada estrênuo, covarde e delinqüente,
A bazofia é meu norte itinerante.
Baluarte de lama e de miasmas,
Algoz tirano de um reino de fantasmas.


Passageiro da nave dos vencidos,
Urdi os meus próprios pesadelos.
Quis ser Deus e eternizar o efêmero.
Ser íntimo da morte e de demônios,
Transformando em letargos os Meus sonhos,
Fantasiando quimeras ao desfaze-los.

De legado tenho apenas as mazelas.
O estigma de correntes e grilhões.
Sou o inculto que investiga alfarrábios,
Numa busca insensata incongruente
Conspurcar a escrita dos mais sábios,
Sublimando os mais reles dos vilões.

Afinal, quem sou eu, afinal?
Sou o sem nome e sem caráter.
Eu sou, o sem pátria e sem desterros,
Sou iníquo, fugiente á catarse.
Sou inócuo, puro, quase mártir.
Teu desprezo, me impeliu a estes erros.



sábado, 6 de dezembro de 2008


EGOISMO
J. Norinaldo.

Ontem escondido em meu jardim.
Vi você passar bela e radiante.
Caminhar de uma deusa sobre nuvens.
Confesso que ouvi naquele instante,
As rosas cantando em teu louvor.

Porém durou pouco meu enlevo.
Ao ver-te tão bela e sorridente.
Por saber que não sorrias para mim.
Notei que de uma rosa do jardim.
Deslizava uma gota de orvalho lentamente.

Colhi aquela rosa com carinho.
Guardei na minha alma o seu perfume.
Não sei por que chorava aquela flor.
Será que assimilava a minha dor.
Ou será que chorava por ciúme.

Quantas vezes já reguei este jardim.
Como faço com lágrimas nessa hora.
Quem sabe se deixasse de chorar.
Talvez pudesse até escutar
Alguém que soluça por mim agora.








O TAROL DA SALVAÇÃO
J. Norinaldo

O sr. Luis Defino, que se aposentara há algum tempo, ficara com um bom salário. Sonhara fazer muitas coisas quando aposentado, mas não fez nada. A vida mudou radicalmente, em casa o ostracismo levou seu Luis à depressão, vivia de mau humor o tempo todo, tentou arranjar um novo emprego mas não conseguiu e sua esposa começou a sofrer com o nervosismo do marido.
Luis não deixava sua mulher escutar o rádio, o que antes ela fazia todos os dias enquanto ele estava no trabalho… qualquer barulho irritava o homem, principalmente se fosse contínuo. D. Edna viu a sua casa virar um verdadeiro inferno com a presença agora constante do marido.
Ela também sonhara viajar e se divertir assim que este estivesse aposentado, no entanto, ainda não haviam saído de casa e ele já se aposentara há dois anos.
Um belo dia, uma família se mudou para a casa ao lado da de Luis. Era um casal jovem com apenas um filho de oito anos, uma linda criança que se chamava Gabriel.
No começo foi tudo normal, os vizinhos se cumprimentavam, mas Ricardo, o vizinho, já comentara com Selma sua esposa que achava o vizinho estranho, não sorria nunca e parecia estar sempre com raiva do mundo.
Nunca, porém houve nenhum incidente digno de nota entre os dois casais, até que chegou o natal, Luis não quis ir passar as festas na casa de parentes de D. Edna, de modo que ficaram os dois em casa, já que não tinham filhos.
Os vizinhos ainda os convidaram para ir a sua casa, mas Luis, alegando que o natal é uma festa para a família, não queria incomodar. O outro ainda insistiu, mas não teve jeito.
E foi depois deste natal que as coisas começaram a mudar entre os dois.
No dia seguinte ao natal, Gabriel, o filho do casal ganhou de presente do pai um pequeno taról, portanto, Luis foi acordado muito cedo no dia 25 pelo baralho do pequeno tocando seu instrumento: Tararará tarará tatá, tararará tarará tatá.
Luis acordou, sentou-se na cama, sua esposa ainda dormia, ele balançou a cabeça e disse em voz baixa: “Acabou-se o sossego, será que essas pessoas não conhecem o direito dos outros, o que diabo é isto agora?”
O barulho continuava o mesmo de sempre: Tararará tarará tatá, tararará tarará tatá… Aquilo foi levando seu Luis a loucura, esperava para ver se aquilo parava, mas nada. Levantou-se e deu uma olhada por cima do muro, Gabriel inocentemente tocava seu tarol muito feliz:
Tararará tarará tatá.
Aquele som entrava na cabeça do homem parecendo uma verdadeira tortura, Luis desceu do muro e falou muito alto: - “Será que esta tortura vai durar muito tempo?”
A mãe do menino ouviu e ficou preocupada, mesmo sem saber que o vizinho se referia ao seu filho, mesmo assim pegou o menino e o levou para um canto do quintal bem longe do vizinho, o menino continuou a tocar seu tarol.
Luis aguçava os ouvidos, ainda ouvia, mais fraco, mas ouvia, e a tortura continuava. Sua esposa acordara com seus gritos.
- O que está acontecendo? Que gritaria é esta?
- Um maldito tarol querendo me deixar louco, você não está ouvindo?
- Ora Luis, é apenas o menino do vizinho, deve ter ganhado de presente e está se divertindo, você nunca foi criança? deixe o pequeno brincar, que coisa!
- Não vou admitir que filho de ninguém me deixe louco, vou falar com os pais dele” - falava tão alto que a vizinha ouvia tudo, esta levou a mão à boca e disse consigo mesma: “Ai meu Deus, e agora, vou ter que tirar o brinquedo do Gabriel, não quero incômodo com os vizinhos”.
Bem que tentou convencer o menino, em vão, ora, ele ganhara o brinquedo não fazia muito, e já estava gostando muito dele. Quando o marido acordou, ela lhe contou tudo, este recomendou à esposa que levasse o menino para tocar seu instrumento na praça, também não queria brigas com o vizinho.
Selma levava o menino até a praça e ali ele tocava o seu tarol, como a praça não ficava longe, seu Luis ia para a janela e ficava tentando ouvir o barulho, olhava com ódio para a mãe e o menino, sua mulher notando aquilo disse:
- “Você deve estar ficando louco homem, sai daí, deixa de blasfemar contra uma criança, Deus pode te castigar” … e ouviu mais um monte de impropérios.
O certo é que Luis parou de cumprimentar os vizinhos, estes conscientes que não transgrediam nenhuma lei, continuaram sua vida normal, tinham esperança que logo o menino se fartasse do brinquedo, e ai daria sumiço nele, mas não aconteceu.
Gabriel cada vez mais gostava do seu tarol, para desespero do vizinho, que agora blasfemava a altos brados contra a criança. Sua esposa tapava os ouvidos para não escutar aquelas barbaridades.
Um belo dia seu Luis acordou e não ouviu o rufar do tarol… ficou esperando e nada!!!
O que houve? Será que enfim tomaram vergonha e deram sumiço naquela imundicie? – pensou. Que nada! Continuou pensando… daqui a pouco começa, e ficou com seu mau humor a espera.
- “Nada, já sei, não estão em casa, mas o alívio é só momentâneo, depois começa tudo novamente.”
No outro dia, nada de tarol, porém nem isto levava felicidade àquele homem, ele continuava pensando, mesmo assim levaram muito tempo, e eu sei que foi por implicância, por isto continuarei sem falar com eles, não gosto dessa família.
Certa noite Luis dormia tranqüilamente ao lado da esposa, de repente deu um pulo na cama, D. Edna acordou assustada e viu seu marido banhado de suor, parecia transtornado, ela ficou com muito medo e perguntou:
- O que houve? Você está bem? Por Deus me responde homem!!
Luis com a respiração alterada olhou para a esposa e perguntou:
- Você notou que o menino parou de tocar o tarol? O que será que aconteceu?
D. Edna então teve certeza que seu marido não estava nada bem, mas sentiu raiva e disse:
- Você endoidou de vez homem, vou ligar agora mesmo para o doutor Alberto, você infernizou a vida de todo mundo ultimamente por causa desse brinquedo, ofendeu as pessoas, brigou com o mundo, e agora vem no meio da noite me perguntar por este tarol, ora faça-me o favor. Não vá me dizer que está sentindo falta do barulho, porque ai, quem vai enlouquecer sou eu.
Desta vez D. Edna teve uma grata surpresa, quando olhou para o marido, viu uma coisa que já até havia esquecido, um lindo sorriso aflorava de seus lábios, ele tinha uma expressão de felicidade, ela não entendeu nada, pensou: - “Coitado pirou de vez, e agora o que faço?”
- “Vá dormir, minha querida” Há muitos anos ela não ouvia aquelas palavras. - Durma com Deus, amanhã você saberá o que houve, eu prometo, tenho certeza que a partir de hoje, minha vida será outra.” - beijou suavemente a testa da esposa e também se deitou, em seu rosto um belo sorriso, e uma lágrima lhe escorria dos olhos.
Luis não conseguiu mais dormir aquela noite, só que desta vez de tanta felicidade. D. Edna não conseguiu dormir, preocupada com o comportamento do marido, continuava pensando que endoidecera.
No outro dia, Luis saiu de casa bem cedo, sem dizer aonde ia, ela aproveitou e ligou para o médico da família e explicou tudo ao velho doutor. Este ficou de fazer uma visita ao casal naquele mesmo dia.
Por volta das onze horas Luis chegou em casa com 3 grandes pacotes, todos embrulhados para presente, mas disse que eram uma surpresa e cada vez mais a mulher acreditava na loucura do marido, já sentia até pena.
- “Bem minha querida, eu lhe disse ontem que minha vida iria mudar, que lhe contaria tudo, aguarde só mais um pouco e ficará sabendo de tudo. Primeiramente quero lhe dar este presente, espero que goste, vamos abra.”
D. Edna, perplexa, recebeu das mãos do marido aquela caixa e com mãos trêmulas começou a abri-la… sua surpresa foi imensa quando viu que se tratava de um lindíssimo rádio, o seu já estava muito velho.
Esqueceu a loucura do marido e correu para seus braços, este a recebeu afetuosamente lhe dando um beijo na boca. D. Edna não conseguiu segurar a emoção e começou a chorar.
- Vamos querida, ligue, agora pode ouvir o tempo que quiser, não está feliz?
- Muito, querido, você nem imagina, mas o que houve? Porque esta mudança?
- Já disse, tenha um pouco de paciência e logo saberá de tudo, disse ele sorrindo - coisa que não fazia há muito tempo.
Assim que o vizinho chegou do trabalho para o almoço, seu Luis apertou sua campainha, D. Selma veio atender e tomou um susto quando o viu.
“O que será agora meu Deus? Será que este homem não vai nos deixar em paz?.” Porém notou um sorriso no rosto do vizinho ao dizer:
- Bom dia, vizinha, eu poderia falar com vocês?
Nisto Ricardo apareceu, quando viu seu vizinho seu sangue ferveu nas veias, aquilo era demais!!! O que era agora? – pensou. E foi logo dizendo com voz áspera:
- Escute aqui, eu já tirei o brinquedo do meu filho que tanto lhe incomodava, o que quer agora? Que eu jogue também meu filho fora? Nem sequer ouvimos rádio aqui, eu comprei esta casa com muito sacrifício, não sou rico, nunca pensei ser um mau vizinho, portanto acho que o senhor tem exagerado em suas excentricidades, conheço os meus direitos, assim como meus deveres. O que deseja agora?
O homem ouviu tudo calado, depois deu um triste sorriso e disse:
- “Calma amigo, sei que vocês têm todos os motivos do mundo para não gostarem de mim, sempre fui muito egoísta e mau, mas agora vim aqui exatamente para pedir perdão pelas blasfêmias que disse contra seu filho, e lhe trazer um presente. Se conseguirem me perdoar eu lhes garanto que se assim desejarem, nunca mais lhes dirijo a palavra, porém o meu desejo é que sejamos grandes amigos.
Por favor, chamem o menino, quero lhe dar este presente, tenho certeza que vai adorar.”
Ricardo não entendia nada, olhava desconfiado para aquele pacote, depois do que ouvira aquele homem dizer do seu filho, aquilo bem que poderia ser uma bomba. Mesmo assim foi buscar seu filho, quando seu Luis viu o menino, o olhou com muita meiguice e disse:
- Olhe o que eu lhe trouxe de presente. Vamos abra e veja se gosta!!
O pai incentivou a criança a abrir o pacote, e quando Gabriel colocou os olhos no conteúdo, deu um grito de felicidade e seus olhos brilhavam como diamantes, Ricardo também se assustou, aquilo devia ter custado uma fortuna. E como soubera que o sonho do menino era um violino, será que seu filho pedira aquele presente, e não dissera nada aos pais.
- É para mim!!!!!!!! - gritava o menino - Que lindo!!! muito obrigado, olha mãe que lindo!!!
E retirou da caixa um belíssimo violino.
- Não podemos aceitar um presente tão caro, isto deve ter custado uma fortuna - disse o Ricardo.
- Não existe dinheiro que possa pagar pela felicidade de uma criança! O senhor não viu os olhinhos dele quando viu o violino? É seu, garoto e faço questão de lhe pagar aulas de música, aceita? - Bem e para provar que mudei, quero convida-los a jantar hoje conosco, aí ficarão sabendo de toda a história.
O casal mesmo diante de tanta surpresa, aceitou o convite.
Luis avisou a esposa, que com muita satisfação começou a preparar o jantar, nossa há quanto tempo não recebiam uma visita, e esta era muito especial, fez tudo com muito carinho e depois foi se arrumar para recebe-los.
Ricardo e família chegaram cedo, conversaram muito e em seguida foi servido o jantar, todos não cabiam de curiosidades para saber da novidade.
Após o jantar passaram a sala, e todos se acomodaram, só seu Luis ficou de pé.
- Atenção: Agora ficarão sabendo que não fiquei louco como chegou a pensar minha mulher, vou contar-lhes com detalhes o que me aconteceu:
- Eu tive um sonho. Eu estava na França, era há muitos anos atrás, me encontrava num tribunal, diante um juiz, cometera um crime muito grave, ou vários crimes. Minha primeira surpresa foi quando olhei para o juiz, este, mesmo de peruca e com aquelas roupas engraçadas, não era outro senão eu mesmo, vi quando ele se levantou e apontando para mim disse:
- Este homem cometeu os piores crimes, Não gosta da vida, não gosta de música e o pior, blasfemou contra crianças. Portanto eu o condeno a morte na guilhotina, será executado assim que o tarol parar de tocar. E saiu, eu então fui levado para um grande pátio, muita gente ali para assistir a minha execução, vi a guilhotina, minhas pernas não me obedeciam mais, fui arrastado até ela.
Ali colocaram minha cabeça numa espécie de buraco, vi a lâmina presa acima… vi um cesto em frente a mim. Comecei a suar muito e a pensar na minha vida, tinha pouco tempo para me arrepender dos meus pecados.
Logo trouxeram um menino com um tarol e pensei: maldito tarol, nem nessa hora me livro dele.
Foi dado um sinal e aquele menino começou a tocar: Tararará tarará tatá, tarará tarará tatá, pensei: Não tenho saída, pelo menos não vai demorar, pois este moleque logo parará e terminará tudo para mim, me lembrei com saudades da minha mulher, senti uma grande tristeza, não conseguia vê-la e isto me causava muita dor. O menino continuava tocando, na minha insanidade eu ainda pensava, “ele quer me torturar”, sabe que odeio este barulho, vai demorar bastante, de repente pára e a lâmina desce, um calafrio me percorreu todo o corpo. A agonia era grande...
O tempo passava e nada do menino parar de tocar, olhei para ele, vi um lindo olhar, ele continuava firme, o tempo foi passando, eu sabia que aquela criança mesmo que com muito esforço não agüentaria mais por muito tempo, a platéia começava a se irritar, vaiava o menino, queriam que parasse, ele continuava e agora aquele tararará tarará tatá que tanto me irritara, agora era uma música divina aos meus ouvidos. Olhei mais uma vez para o menino, este parecia cambalear, suava muito, demonstrava um grande cansaço, pedi a Deus que lhes desse força, jurei que mudaria minha vida, passaria a ver as crianças como devem ser vistas, pedi para que não parasse, que ironia, eu que tantas vezes blasfemara contra meu vizinho, agora implorava para que aquela criança continuasse tocando… E ele continuou, a platéia começou a se retirar irritada, aquela linda criança não queria que eu morresse, comecei a sentir isto, eu amava aquele menino.
Quase ninguém mais estava na praça, começava a escurecer.
De repente aquele juiz que me causara tanto espanto, ordenou que travassem a guilhotina e me soltassem, e que um soldado destruísse o tarol do menino.
Para minha maior felicidade eu me senti livre, fora perdoado, corri então para o menino, me ajoelhei a sua frente e lhe agradeci por ter me salvo a vida, depois olhei para o seu tarol, ali no chão destruído. Disse-lhe:
- Sinto muito pelo seu tarol amigo, e ele me olhou com toda sua inocência e disse:
- Não faz mal, o importante é que está vivo, eu não gostava mesmo desse tarol.
- E porque não gostava dele? Eu gosto, pois foi com ele que me salvou da guilhotina…
- É que o barulho dele irritava meu vizinho, o seu Luis, e ele falava muitas coisas feias para mim, queria tanto que ele gostasse de mim, mas o tarol estragou tudo. E na verdade eu queria mesmo um violino.
- Foi quando eu descobri que aquele que me salvara era o Gabriel, eu acordei apavorado, como eu não o reconhecera, claro nunca procurei olhar com carinho para esta linda criança. Ai está minha história, por causa desse meu sonho, quero mudar minha vida, amar as crianças e ver a vida como ela merece ser vista. Minha felicidade não estará completa, se vocês não me perdoarem de coração e se tornarem meus amigos para sempre!!!
- Quando terminou sua narrativa todos ali choravam, Luis aproveitou para mais uma vez abraçar Gabriel com muito carinho e para sua felicidade ganhou um beijo do garoto.
A vida, agora bem melhor para aqueles vizinhos, continuava, mas um dia Ricardo teve que se mudar novamente, fora transferido para outro estado, a separação não foi fácil para o Luis, mas nada podiam fazer, nesta época Gabriel estava com onze anos.
Cinco anos depois, Luis ia completar 65 anos, costumava acordar cedo, às sete horas já estava fora da cama, no dia do seu aniversário, eram seis horas da manhã, Luis foi acordado pelo toque de um tarol, parecia dentro da sua casa…
Tararará tarara tatá, tararará tarara tatá.
Ele deu um pulo da cama, D. Edna sabia de tudo.
- Querida, está ouvindo isto?? parece aqui em casa, ouça!!!
D. Edna fingindo não ouvir nada disse:
- Não estou ouvindo nada, do que está falando?
De repente o tarol parou de tocar, e seu Luis ouviu o mais lindo parabéns, tocado com perfeição por um violino, ele não tinha mais dúvidas, pulou da cima e correu em direção a música, chagou a sala e viu aquele belo rapaz, vestido de soldado francês da época do sonho tocando seu violino com perfeição. Por pouco o coração do homem não para de tanta emoção. Depois ainda ouviu sua música preferida tocada com muito amor e capricho “Fascinação” Gabriel sabia que ele adorava.
Seus pais também estavam ali, vieram todos ao aniversário do velho amigo. Após a grande emoção, seu Luis ordenou que todas as crianças do bairro fossem convidas para a festa, não precisava, elas já haviam sido convidadas por D. Edna, a casa foi enfeitada com milhares de balões e mais parecia um aniversário de criança, e talvez fosse mesmo….
A casa estava repleta de crianças e seus pais, quando seu Luis pediu atenção de todos e disse que voltaria logo com um presente que ganhara, foi ao seu quarto e voltou com o terceiro pacote que trouxera aquele feliz dia após o sonho.
Abriu-o, e dali tirou um tarol, pendurou no pescoço e saiu para o quintal tocando, com um chapéu de papel colorido na cabeça.
- Tarará tara tatá, tararará, tarará tatá…
Logo a garotada o seguia, um verdadeiro batalhão de crianças soprando língua de sogra na maior barulheira, ninguém tinha dúvida de que aquele era o homem mais feliz do mundo naquele momento.
Canção de Ninar.
J. Nori Tavares.

Jamais deixemos morrer o romantismo.
A poesia o lirismo, a grandeza do amor.
O poeta diz aqui que lhe dita a alma.
Nos faz feliz, nos acalma, alivia nossa dor.

Nasci pobre, sem tesouro.
Não tive um berço pra me embalar.
Lembro o primeiro poema.
Uma voz meiga cantando.
Uma canção de ninar.

Boi, boi, boi.
Boi da cara preta.
Vem pegar o neném,
Que tem medo de careta.

Uma poesia tão simples.
Porém jamais esqueci.
Tentei fazer algo igual.
E jamais o consegui.

Para aquela voz que cantava.
Escrevi poemas e uma prece.
Só que até hoje não nasceu.
O poeta que realmente escreveu.
A poesia que uma mãe merece.


sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Minha Nega
J. Norinaldo.

Embala-te nega querida
Atiça minha lembrança.
De quando eras criança
Brincando em Uruguaiana.
Numa família tão linda
Tu eras mais uma Ana.

Anamélcia e Anaclécia.
E tu Anamargareth.
Tanto tempo se passou
Hoje não és mais menina
Mas a cena se repete.
Nesse balanço de amor.

Embala-te pequenina
Nessa foto desbotada.
Meu carinho não desbota
Tu serás sempre lembrada.
Junto com tua família
Minha querida afilhada.

Hoje embala teus filhos.
Com muito amor e carinhos.
Deus te dê felicidade,
Sentimos muita saudade,
Do teu tempo de criança.
Um beijo dos teus padrinhos.
O primeiro da esquerda para direita.
Antonio Zelinski
José Norinaldo Tavares


A letra A e o Z
São letras muito distantes
Nos extremos do alfabeto,
Por isto com muito afeto
Eu te dedico este verso,
Porque sei que no universo,
Amigo igual não vou ter.

Tu foste meu companheiro,
Meu amigo, meu irmão.
Como a porta e a maçaneta,
Como os bois da carreta,
Como a manteiga e o pão.
Uma dupla inseparável,
Como Cosme e Damião.

Quando a morte te levou,
Cometeu a crueldade
De não levar a saudade,
De fazer tudo ao seu jeito.
E a saudade por sinal,
Fez seu quartel general,
Aqui dentro do meu peito.

Amizade igual a nossa
É impossível acontecer,
E pra que terminasse um dia,
Você teve que morrer.
Mais fica a verdade escrita,
Que amizade tão bonita,
Jamais se pode esquecer.

Eu sei que quando partistes
Sem tempo pra despedida,
Fostes direto pro céu.
Mas o que restou de verdade,
Foi uma imensa saudade,
Em uma taça de fel.



quinta-feira, 4 de dezembro de 2008


Busca
J. Norinaldo

Busquei por toda minha vida.
Buscava não sei o que.
Nunca parei pra pensar.
Na procura ou no por que.

Quem sabe até encontrei.
Mas cego deixei de ver.
Não perdi, pois nunca tive.
E não se perde sem se ter.

Caminhei pelo deserto.
Onde miragem se vê.
Quando há sede se vê água.
Mas, eu só via você.

Agora no fim da estrada.
Sem volta, sem esperança.
Encontro à felicidade.
Travestida de criança.

Não vou discutir com Deus.
Tentar mudar o destino.
Pois só pra ele é possível...
Fazer-me de novo menino.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O Amor.


O AMOR
J.Norinaldo.

Dos acordes perfeitos do cântico de sábios.
A dança macabra, anárquica e rude.
O timbre suave da flauta dionisíaca.
Do clavelhame inclinado de algum alaúde.
O eco de gritos que lancinam a noite amiúde.

Perfumes que emanam de lagos e bosques.
Sussurros de afagos em alcova alhures.
Efêmeros sonhos de intensa luxúria
Nos meneios perfeitos de uma bacante.
Na dança harmônica depois indolente.

No ápice supremo da apoteose.
Íntimo sacrifício em nome do amor.
A loucura fugaz no momento de fúria.
Liberta essência de coerência e pudor.
Onde a dignidade afaga a injúria.

Apenas palavras que o amor desconhece.
Assim como o mar não respeita tiranos.
O vento não canta a canção que pedimos.
O amor é supremo sem regras ou donos.
Ancora seu barco quando o sentimos.

O hino do amor não tem sinfonia
São gritos, gemidos sem nenhuma harmonia.
Dissonante cantado por seres insanos.
Separados um dia por um ato de Zeus
Unidos num cântico composto por Deus.










segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

E se Fosse Verdade?


E se fosse verdade?

Se os meus sonhos não se desmanchassem como as nuvens no céu.
Se eu pudesse dançar Zorba o Grego sozinho na praia
Só pra fazer você ri. Se eu te dissesse eu te amo.
E você não dissesse: _ Você não se enxerga? Se você visse beleza onde sei que não tenho? Se eu não tivesse medo da felicidade, se eu fosse o homem que você sonhou, se eu falasse aquilo que você gosta de ouvir, se eu te desse aquilo que você sempre quis ter, se eu fizesse um poema que te extasiasse, se você sorrisse mesmo que eu chorasse, se eu morresse para que você vivesse, se tivesse a coragem pra fazer tudo isto, e mesmo assim você me dizer: Você não se enxerga.
Eu tenho coragem de fazer tudo isto, somente uma coisa sei que não consigo: me enxergar sem você me aceitar, pensa com carinho, eu não vou desistir.
As nuvens se desmancham no céu, mas duram um instante, e num instante se vive uma vida. Apenas um instante é bastante pra mim.

Apenas Isto:



A felicidade não nasce espontaneamente,constrói-se!
Não se adquire feita...
Luta-se por ela!

A vida está plena de oportunidades para sermos felizes.
Agarramos nelas, moldamo-las e somos felizes, ou...
Ou simplesmente não as reconhecemos ou desperdiçamos.

Ninguém chega à felicidade por patamares de infelicidade.
Pode-se alcançá-la com dor, sofrimento, luta, grandes ou pequenos saltos
mas nunca, em cada etapa seremos "infelizes".

Ser feliz não é uma dádiva, mas o direito e meta única para cada um.
A única batalha que vale a pena travar.
Ser feliz é um equilíbrio dinâmico que nos torna verdadeiramente nós!

Por: S. L. Lima

Minha Homenagem a Linda Cidade de Itaqui, RS.


O MISTÉRIO DOS AZULEJOS
José Norinaldo Tavares

Na cidade de Itaqui no interior gaúcho, vivia a família que originou esta história.
Eram apenas três pessoas: O pai, seu Carlos Aquino Fontoura, sua esposa D. Almerinda Fontoura e o pequeno Michel, com apenas sete anos.
Seu Carlos trabalhava numa fazenda e só vinha em casa nos fins de semana, e nem sempre. D. Almerinda era lavadeira, estava sempre nas pedras do Rio Uruguai com enormes trouxas de roupas. Enquanto isto, Michel brincava na água sempre vigiado pela mãe.
Michel era um garoto muito esperto, muito curioso, estava sempre indagando sobre tudo… iria para escola naquele ano.
Havia nesta cidade uma família muito ilustre. Eram os Ferrantes e Oliveira, moravam numa casa muito grande, uma construção antiga e sem nenhuma beleza. Era um prédio retangular, com portas muito grandes e altas, tendo uma espécie de arco na parte superior.
D. Almerinda lavava para esta família. Sempre que ia buscar a roupa levava consigo o pequeno Michel.
A primeira vez que o garoto entrou naquela casa, ficou encantado com os azulejos da cozinha! Esta era uma peça muito ampla como quase tudo naquela casa, o menino não desgrudava os olhinhos da parede revestida até o teto com um lindo azulejo com cores azuis e amarelo ouro, era realmente muito bonito.
Um dia comentou com sua mãe que achava aquela parede muito bonita, que gostava de ir àquela casa, até porque as pessoas ali o tratavam com muito carinho, sempre ganhava alguma coisa, quando não era um brinquedo, era um pedaço de torta, um biscoito, mas o que o encantava mesmo eram os azulejos.
Às vezes perdiam Michel de vista e iam encontrá-lo sempre olhando para os azulejos da cozinha.
Certo dia D. Almerinda conversava com a patroa, quando lhe falou do interesse do garoto pelos seus azulejos, D. Alonia, pois este era o nome da matriarca da família olhou para Michel e disse:
-Vejo que já tem muito bom gosto meu rapaz, pois este azulejo é realmente muito raro, veio da França, foi desenhado por um verdadeiro artista, e também custou uma fortuna ao meu avô.
Outra coisa que chamava atenção naquela casa, é que não havia jovens ali, só pessoas já com certa idade, médicos, advogados, um juiz e um militar de alta patente. Ninguém ali tinha menos de 50 anos.
O tempo foi passando, Michel continuou freqüentando aquela casa, e cada vez mais se apegava àquelas paredes, sempre que chegava com sua mãe, mesmo antes de lhe servirem um lanche, D Alonia o convidava a ir até a cozinha para admirar suas paredes, ela perguntava rindo:
- E ai senhor, estão limpos seus azulejos? - Ele sorria e ficava ali de olhos grudados na parede.
- Que coisa engraçada! - Dizia ela para a mãe do menino. - Poucas pessoas têm a sensibilidade de chegar aqui e olhar da maneira como esse menino olha esta parede, estranho, não acha?
D. Almerinda acreditava que aquilo se devia ao fato do menino nunca ter visto azulejos em sua casa, quem sabe não é isto?
Mas não era. Isto ficou provado mais tarde. Três anos depois, o pai de Michel recebia uma ótima proposta para trabalhar em Mato Grosso. Aceitou e se mudaram da cidade.
Nesta época Michel estava com 10 anos, quando foram se despedir dos Ferrantes o menino teve que ser puxado da cozinha, pois parecia ser atraído por uma força estranha. Michel queria gravar fundo em sua memória a beleza dos azulejos.
O menino cresceu, seu pai melhorou de situação, ele pôde estudar, se formou, mas nunca esqueceu sua antiga paixão. Depois de adulto achou que não era certo da cabeça por não esquecer uma coisa de criança, mas a verdade é que aquilo virou uma verdadeira obsessão para o jovem. Nunca comentava nada com ninguém, mas estava sempre testando a mente para ver se ainda se lembrava da beleza daquelas peças.
Michel ganhara muito dinheiro junto com o pai plantando soja. Era agora um homem rico, estava com 30 anos e continuava solteiro. Sempre que viajava a grandes cidades como São Paulo, Michel percorria todas as grandes casas de materiais de construção, aquilo era inevitável.
Quando o rapaz tinha um tempo disponível, quase que automaticamente estava à procura desse tipo de comércio, procurava em todas as lojas mas nada de encontrar azulejos iguais, ou pelo menos parecidos. Estaria ficando louco? Pensava. Aquilo não poderia ser normal.
Preocupado, um dia procurou falar com um amigo que era psicanalista, este lhe falou em termos médicos ele quase não entendeu nada, porém ficou mais aliviado quando o amigo lhe disse que não havia nada de errado com sua cabeça.
Um belo dia Michel viu apavorado que já não tinha tanta certeza de como eram seus azulejos, puxou pela memória e nada. Aquilo para ele era terrível. Resolveu então fazer uma viagem ao Rio Grande do Sul. Queria visitar a cidade onde nascera seus pais não quiseram ir com ele de modo que uma semana depois o rapaz pegava a estrada.
Michel chegou a Itaqui de madrugada, conseguiu um hotel e dormiu até tarde do outro dia. Fazia muito frio, quando o rapaz acordou. Viu que caía uma fina chuva.
Uma hora depois ele pedia para que lhe chamassem um táxi, e saia dali dando ao motorista o endereço do solar dos Ferrantes.
Quando o carro parou no local indicado, a primeira decepção quase faz o moço chorar, pois a grande construção agora não passava de uma tapera… até pequenas árvores nasciam dentro da casa! As grandes salas eram ocupadas por alguns mendigos, muito lixo amontoado por todo lado…
O motorista, um homem já bem idoso, perguntou:
- Está certo seu endereço moço?
- Sim! - respondeu o outro - É aqui mesmo. O senhor conheceu a família que morava aqui?
- Bem, aqui morou a Família Ferrantes, mas isto há muito tempo… todos já morreram depois isto virou um empório, e tempos depois foi uma pensão, até que ficou neste estado.
- O senhor sabe a quem pertence agora? - perguntou o jovem.
- Sei! É uma firma de Porto Alegre, só não sei o nome. Ouvi por acaso uma conversa dias atrás no cartório.
- Bem eu vou dar uma olhada ai dentro!
O motorista vendo as roupas do visitante, de terno e um belo, sobretudo azul, disse:
- Moço isto ai está uma verdadeira latrina, como pensa entrar num lugar assim?
E desceu primeiro fazendo uma inspeção rápida, voltou dizendo:
- Não dá mesmo, não vai poder entrar ai.
Michel vira que quatro homens muito mal vestidos bebiam cachaça na sala da casa e pensou: - “Como pode?!” - Lembrava-se que estivera poucas vezes ali.
Via sempre um homem velho, muito branco, usava suspensórios que estava sempre sentado em uma poltrona muito bonita, geralmente lendo um jornal ou um livro, agora o que se via era umidade e mofo por todo lado, além de muita sujeira pelo chão.
- E se eu pagasse a esses homens para fazerem uma limpeza bem feita, será que eles fariam? - perguntou Michel ao motorista.
- Com certeza, quer posso falar com eles, e o senhor volta daqui a algum tempo.
- Quero sim, pode fazer isto?
- Pode deixar comigo. - Antes, porém o homem perguntou intrigado: - O senhor pertence àquela família?
- Não senhor, é uma longa e estranha história, se quiser eu lhe conto enquanto visitamos outros lugares.
- Claro que quero, se o senhor não se incomodar.
E foi falar com os homens que bebiam no gargalho de um litro de pinga, quando voltou disse: - Tudo certo! vão começar imediatamente! farão uma limpeza geral, vamos ter que lhes comprar umas vassouras, um forte desinfetante e mais algumas coisas, aqui perto há um mercado onde podemos fazer isto.
- Foram, compraram tudoe voltaram. A curiosidade de Michel não o deixou esperar. Pediu para que um dos homens desse uma olhada na cozinha para verificar se ainda estavam ali os azulejos, o homem sumiu no meio da sujeira, e o coração do rapaz mudou o compasso. Minutos depois o homem voltava anunciando:
- Ainda tem bastante azulejo moço, muito bonito por sinal.
A alegria voltou ao rosto do homem. Saíram dali e Michel até se assustou por não ter procurado primeiro a casinha onde moravam, deu o endereço e quando lá chegaram nova surpresa, lá estava ela, agora mais bem cuidada, bem pintada, um belo jardim na frente, e do lado um gramado muito bem aparado…
- Era aqui que eu morava, acho que nasci nesta casa! - e antes que o motorista lhe perguntasse por que então o interesse no velho casarão, Michel começou a lhe contar sua história. No final o homem não entendeu nada.
Voltaram ao velho solar três horas depois e os bêbados tinham feito uma bela faxina, estava tudo lavado e até o fedor de fezes havia sumido. Michel pediu para entrar sozinho na cozinha da velha casa, tinha medo de começar a chorar na frente daqueles desconhecidos. E foi o que aconteceu. Com o coração aos pulos ele ultrapassou o umbral da porta da cozinha.
Lá estavam eles, apenas os mais altos restavam, mas estavam intactos, apesar de muito sujos.
Michel viu de repente em sua imaginação, D. Alonia vestindo seu vestido longo, azul muito claro, com uma terrina de porcelana muito fina atravessando aquele local, ela sorria para ele, não conseguiu se conter e começou a chorar. Não sabia quanto tempo ficou ali com seus pensamentos, quando voltou os homens conversavam lá fora, perguntou para os homens quanto lhes devia, eles deram o preço e Michel lhes deu muito mais.
Virou-se para o motorista dizendo: - Vamos ver se descobrimos a quem pertence isto aqui, gostaria de comprar os azulejos que sobraram na cozinha.
- Amigo, poderia até ficar rodando com o senhor por ai, mas não vamos encontrar essa pessoa, portanto se o senhor quiser, posso me encarregar de arranjar alguém que lhe tire esses azulejos, com certeza ninguém vai reclamar por eles, enquanto isto o senhor pode fazer o que bem quiser o que acha?
Após recomendar o maior carinho com o trabalho, Michel concordou com o homem que disse se chamar Romeu, e pediu que o deixasse num restaurante. Como era muito cedo para o almoço, mandou que o motorista encomendasse o trabalho e voltasse ali para almoçar com ele.
Michel ficou muito feliz mesmo foi quando o homem contratado por Romeu se apresentou com uma caixa lhe trazendo 296 azulejos intactos, já limpos parecendo novos. O motorista do táxi notou a emoção daquele homem quando este segurou uma das peças, novamente lágrimas lhes desciam pela face.
Antes de regressar a sua cidade, Michel foi ao cemitério da cidade e conseguiu encontrar o túmulo daquela nobre família, viu as fotos amareladas. D. Alonia estava sorrindo! Era bem mais nova ali… como era bela!... mais uma vez não segurou as lágrimas.
Michel deixou Itaqui com seu tesouro, deixando para trás uma história que era contada pelo taxista a todos que encontrava, era incrível aquela história. Que estava apenas começando.
De posse dos azulejos, Michel começou uma verdadeira pesquisa para descobrir tudo sobre eles, agora sabia que não era louco, algo muito forte o atraía naquelas pequenas peças, não era só a beleza dos mesmos. Ele não sabia o que era, mas iria descobrir.
Numa viagem a São Paulo, levou um dos tais azulejos, colheu todas as informações possíveis, terminou num antiquário. Este, um homem muito idoso, examinou a peça e depois de um pesado silencio levantou os olhos e disse:
- Muito antigo moço, deve ter sido fabricado no século 18, o senhor já verificou se não há nenhuma inscrição atrás, sempre tem alguma coisa, muitas vezes a olho nu não se nota, mas um exame mais apurado nos revela até quem os fabricou.
Michel não havia pensado nisto, procurou saber quem poderia fazer isto e lhe indicaram o laboratório de uma grande faculdade.
Ele não perdeu tempo, e conseguiu o que queria, duas horas depois tinha o resultado da pesquisa: - Marselha, França 1834 e ainda o nome da empresa fabricante.
Michel não ficava o tempo todo procurando pistas sobre seus azulejos, porém vale dizer que qualquer tempo que tinha disponível, ou qualquer assunto que se relacionasse com o assunto, ele ia até o fim.
Através da internet começou mais uma procura, entrava em sites da França à procura da tal fábrica de azulejos, mas nada! Tempos depois conheceu um amigo virtual que prometeu ajudá-lo.
Consultou um pesquisador e descobriu um museu em Paris onde talvez o amigo elucidasse suas dúvidas. Michel, mais uma vez, não teve dúvidas. Assim que terminasse a colheita iria fazer uma viagem a Europa, aliás, um antigo sonho seu.
Meses depois o rapaz embarcava para a França, fizera um curso intensivo de francês. Chegou e ficou maravilhado com a cidade luz. Dois dias depois, após visitar o Louvre e enfim ver de perto outro sonho seu a “Mona Lisa” começou novamente sua penitência… à procura que já durava anos.
Procurou o tal museu que seu amigo informara e o encontrou. Milhares de azulejos… inclusive o seu!
Foi para uma biblioteca e ali descobriu quase tudo o que queria.
O artista que desenhara aquela peça era também o proprietário da fabrica, ali dizia inclusive que faliu por não modernizar seu produto, que por muitos anos produziu em sua fábrica praticamente aquele azulejo. Parecia uma paixão.
Descobriu também que havia pessoas daquela família que residiam em Marselha. Foi mais uma longa viagem, mas ele não se abateu, três dias depois voava para a cidade tão antiga.
Ai sua procura foi mais fácil, a família era muito conhecida na cidade, Michel não teve problemas para encontrá-la, era a família Girard Gospin.
Parte dessa família morava em uma quinta fora da cidade, porém não muito longe.
Michel alugou um carro e foi pedindo informações até que encontrou o local, muito bonito por sinal, na margem de um rio. Havia ali vários bosques muito verdes e muitas plantações que ele desconhecia, depois ficou sabendo que eram beterrabas, nunca vira tantas.
Chegou à casa indicada. Era muito grande, praticamente toda de pedras, uma espécie de chácara em nossa terra porém muito bonita. Digna de um cartão postal.
Não parecia haver alguém em casa, Michel bateu palmas, chamou e nada, ficou por ali admirando a beleza do lugar e esperando. Um cachorro muito grande latiu e apareceu… ainda bem que não era bravo.
Enquanto não aparecia ninguém, tentava fazer amizade com o animal tentando lhe descobrir a raça, no final achou que era vira-lata francês.
Menos de meia hora viu um carro que se aproximava pela estrada por onde viera, veio direto até a casa, parou e dele desceu uma moça, muito bonita: Alta, cabelos longos, vestia uma roupa grossa, pois fazia muito frio, usava luvas e botas de cano alto.
- Bom dia! - cumprimentou sorridente - Em que posso ajudá-lo? espero que não esteja esperando há muito tempo. - disse ela com bastante simpatia.
O rapaz respondeu o cumprimentou e também sorrindo lhe disse que tinha vindo de muito longe, para reclamar por esperar alguns minutos. E ainda fizera amizade com o cachorro.
- De onde veio? - perguntou ela sorrindo e mostrando uma perfeita dentadura, além de um belo sorriso.
- Do Brasil - respondeu o rapaz. A moça que se apresentou com o nome de Anne Marie fez um gesto de espanto, e depois perguntou o que fazia tão longe do seu país.
Convidou Michel a entrar, dizendo que logo seus parentes estariam ali.
Michel entrou e sentou-se, a sala era ampla e muito bem decorada, mas o que mais lhe chamou a atenção foram os retratos na parede, a maioria óleos antigos e muito bem pintados.
A moça sentou-se a sua frente e começaram a conversar, Michel foi direto ao assunto que o levara até ali. Contou toda história desde o tempo de menino, sua paixão à primeira vista pelos azulejos, depois que aquilo jamais lhe saíra da mente. A moça ouvia a tudo com muita atenção.
Depois Michel retirou de uma pasta um exemplar e passou as mãos dela, esta olhou carinhosamente para ela e disse sorrindo:
- É! isto aqui foi desenhado e fabricado pelo meu bisavô, temos aqui um verdadeiro museu dessa história, minha família já não fabrica mais nada há muito tempo, hoje não somos mais ricos, eu sou professora e moro com meu pai, minha mãe e uma tia, mas não nos queixamos de nada.
Depois de ouvir a história Anne se levantou e apontando um grande quadro pintado a óleo, disse:
- Eis aqui quem o senhor procura! - Michel deu um salto da poltrona, e nem diante da Mona Lisa se emocionou tanto. Ficou um tempão ali parado sem dizer nada, olhos fixos naquele homem… parecia conhecê-lo, mas não sabia de onde, e é claro que nunca o tinha visto, mas tinha essa nítida impressão.
- Como era seu nome?
- Jean Pierre Gospin! - o nome sim, esse não lhe representou nenhum sentimento.
Duas horas de conversa e Anne estava realmente espantada com a história do rapaz, pois segundo ele mesmo, não teria nenhum lucro com todo aquele trabalho, sua única intenção era descobrir a atração que tinha por tudo aquilo.
Chegaram às outras pessoas da casa, Michel foi apresentado, a moça contou aos parentes de onde ele tinha vindo e com que interesse como estava na hora do almoço foi convidado a almoçar com a família, não pôde recusar e após o almoço, a moça o levou a uma espécie de sótão que havia na casa, com muitas prateleiras e velhos baús.
Começava a nascer entre os dois uma gostosa intimidade, Michel começou a se sentir muito bem ao lado daquela linda moça.
Começaram suas pesquisas, velhos papéis, esboços, desenhos, anotações, e foi justamente quando a moça lhe mostrou um velho e amarelado papel escrito pelo bisavô que Michel deu um verdadeiro grito: Em português ele disse: - Meu Deus!!!! - a moça se assustou e sem entender nada perguntou – O que foi? você está bem?
O rapaz muito pálido, não conseguia falar. A moça então gritou para a mãe que subisse e levasse um copo com água, pois pelo jeito o rapaz não se sentia bem.
D. Catherine correu assustada, com a água, assim que ele a tomou, ainda levou alguns segundos para recuperar parecendo em estado de choque, o pai da moça também correu ao local, falavam todos ao mesmo tempo tentando chamar a atenção do rapaz.
Minutos depois o rapaz ainda muito pálido e tremulo conseguiu dizer: - Não pode ser! Eu estou ficando louco, agora sim, acredito nisto! não pode ser!!!
Mas não dizia o que é que não podia ser! Os outros, apreensivos, insistiam: - O que não pode ser amigo? O quê???
Com uma expressão totalmente estranha no rosto Michel apontou o papel em cima da mesa e gritou:
- Esta é a minha rubrica, tenho certeza disto, quando voltarmos ao Brasil eu lhe mostro, todos os papéis rubricados por mim. Não pode ser verdade! Não pode!!
A moça mais espantada ainda franziu a testa perguntando: - O senhor disse “quando voltarmos” ao Brasil? E olhava para mim… não vou para o Brasil amigo, apesar de ter muita vontade de conhecer seu país.
- Não sei por que disse isto, desculpe, mas saiu sem eu querer.
Viram que tinham que tirar o rapaz dali precisava se acalmar. Se necessário até chamar um médico
O que aquela família não sabia, é que tudo mudaria dali para frente, pois como Michel não tinha data para voltar a sua terra, foi ficando e sempre junto da moça, o certo é que nasceu entre eles algo muito bom, que logo descobriram que o nome era amor.
Pode parecer fantasia, mas dois meses depois Anne Marie embarcava para o Brasil para conhecer os pais do seu namorado, adorou o Brasil e os pais do rapaz. Assim que chegaram a sua casa, e como o rapaz fizera questão de trazer o papel que quase o matara de susto, ai foi a vez da bela francesa ficar sem fala por longo período, quando viu as duas rubricas lado a lado. Não havia dúvidas era a mesma.
Michel e Anne Marie se casavam nove meses depois, tinham certeza que se amavam. Para surpresa do rapaz, sua esposa lhe deu uma agradável surpresa ao pedir para passar a lua de mel em Itaqui, origem de tudo, se apaixonou pela cidade e ali quis morar.
Michel comprou o velho solar, o reformou e os azulejos voltaram ao seu antigo lugar para sua total felicidade.
Para as famílias ficou uma história de amor muito linda e para o rapaz o prémio pela sua persistência em resolver aquele dilema.
Fica-nos uma dúvida: Apenas uma grande coincidência, ou algo mais profundo por trás de tudo isto?
Depois do casamento acabou-se a obsessão do rapaz pelos azulejos, continuava agora apenas os achando muito bonitos, o que era totalmente normal.
Tempos depois dormia tranqüilamente quando teve um sonho: Era um garoto novamente e brincava com outro menino, este usava uma boina muito grande e caída para um lado. Brincavam animadamente em um belo jardim, quando ouviu a mãe do colega gritar:
- Vallery onde está você? Tudo isto em francês, e o garoto respondeu:
- Estou aqui no jardim mamãe, brincando com Jean Pierre Gospin.
Para Michel, isto elucidava tudo.

domingo, 30 de novembro de 2008

GOTAS DE CHUVA
J. Norinaldo.


Uma gota de chuva na vidraça.
Escorre como uma lágrima dorida.
Escondido da chuva e de mim mesmo
Choro atrás da embaçada vidraça da vida.

Existem lágrimas de felicidade.
Dizem, pois na verdade eu não sei.
Ora. Por que chorar por amor.
De dor sim, foi por que sempre chorei.

Minhas lágrimas formaram um grande lago.
Onde um cisne negro solitário vem nadar.
Este lago não para mais de crescer.
Por que o cisne pousa ali pra chorar.

Se Narciso se olhasse nesse lago.
Não veria a beleza que viu em outras águas.
Talvez ali deixasse suas lágrimas.
Em vez de lago já seria um mar de mágoas.









O olhar de uma Criança.


Veja eu sou essa linda criança.
E para Deus é que eu olho com certeza.
Um olhar tão lindo desprovido de maldade.
A inocência capaz de ver tanta beleza
No presente que nos dá a natureza,
Essa simples borboleta em liberdade.

Você também já teve um olhar assim
Também foi criança ou esqueceu?
Arquivou este olhar dentro de si
Ele está só esquecido não morreu
Procure-o com cuidado e encontrará,
E verás Deus novamente como eu..


sábado, 29 de novembro de 2008


A FELICIDADE
José Norinaldo Tavares

A felicidade está na linha do horizonte.
Cada passo que dou em sua direção.
Ela fica de mim um passo mais distante.
Os meus passos cada vez ficam mais curtos.
E esta linha cada vez mais caminhante.

Levo a vida nessa busca angustiante.
Que um dia o horizonte vai parar.
Como se fosse o final de uma estrada.
A luz do fim do túnel tão falada.
E a felicidade ali está a me esperar.

Nunca é tarde pra que alguém seja feliz.
Aprendi isto desde de muito pequenino.
Continuarei em busca do horizonte.
Como o sedento em busca de uma fonte.
Não acredito que alguém mentiu a um menino.

Minha esperança não morrerá no caminho.
Não estou sozinho nessa louca empreitada.
Só será triste se chegar no fim da vida.
Por recompensa somente chagas nos pés.
Moisés também não entrou na terra prometida.

Mesmo tendo uma pedra como trono.
E um castelo construído de loucura.
Já sem forças para gritar triunfante.
Que descobri ao alcançar o horizonte.
Que a felicidade está no ser, não na procura.


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Espelho



O Espelho
J.Norinaldo

Narciso inventou o espelho
Ao ver seu rosto num lago.
Não tinha idéia do estrago
Que traria tal invenção.
Narciso era perfeito.
Deu um sorriso e partiu.
Nascia ali com certeza,
A história da beleza,
Da fada e da bruxa vil.

Alguém se olha no espelho
Com o que vê se apavora.
Reclama, lamenta e chora,
Maldiz a beleza alheia.
E não vê que muito mais feia
Se torna naquela hora.

Pois desconhece a beleza
Que o espelho não revela.
Essa é a beleza mais bela.
A nossa beleza interna.
Que habita uma caverna
Pulsante como um vulcão.
Do lado esquerdo do peito
É o nosso coração.



O pavão como Narciso
É o mais belo animal.
Tem elegância e leveza,
Sua única rival...
Talvez a cobra coral.
Que nos atrai com a beleza.
E nos mata com seu veneno letal.