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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008


TENHO.
J. Norinaldo.


Tenho uma nuvem que não me deixa ver a lua.
Tenho uma janela fechada que não me deixa ver a rua.
Tenho um céu que é escuro sem estrelas.
Tenho olhos bem abertos sempre alerta.
Tenho certeza da existência da beleza.
Tenho uma outra janela bem aberta.
Tenho medo de olhar na hora certa.

Tenho coragem de ir à guerra.
Tenho, porém medo da solidão.
Tenho alguém sempre ao meu lado.
Tenho medo de lhe estender a mão.
Tenho um coração embrutecido
Tenho o destino em cada mão
Tenho o mapa do caminho, e estou perdido.

Tenho um passaporte carimbado.
Tenho ganas de gritar pra o mundo ouvir.
Tenho desejo de correr não sei pra onde.
Tenho vontade de chorar e de sumir.
Tenho o direito de querer e de saber.
Tenho o direito de amar e ser amado.
Tenho porém dificuldade de sorrir.

Tenho amigos em profusão.
Tenho a tristeza, a dor e a solidão.
Tenho a saudade, o frio e a escuridão.
Tenho também um recanto pra descanso.
Tenho, além disso, a umidade de um porão.
Tenho as grades da minha liberdade.
Tenho a vaidade que as transforma em prisão.

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