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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009



Quem tem um Poeta dentro si.
J. Norinaldo.


Alguém muito sábio disse: “Quem tem um poeta dentro de si, jamais viverá em paz”.
Parece simples, mas não é. O poeta vê o mundo com mais cores, com mais perfume, porém também enxerga mais longe, tem mais intuição, consegue vislumbrar sem muito esforço, mesmo entre lindas cores, perfumadas flores ou sussurros de amantes, gemidos de dor, e de lamentos.
Certa vez, uma amiga me enviou a foto de um pássaro azul de extrema beleza para colocar como papel de parede no meu monitor, antes, porém pediu-me para que se possível fizesse uma poesia descrevendo tanta beleza com que a natureza nos regalava. Assim que o arquivo carregou, vi que realmente era uma maravilha de beleza e cores, porém trazia no bico uma libélula esmagada. Eu então lhe disse: Você reparou que ela tem no bico um inseto esmagado? Com certeza para esse bichinho, não existe tanta beleza nesta ave em questão.
_ Pôxa! Espantou-se minha amiga. Pensei que os poetas só tivessem olhos para a beleza e o romantismo. Talvez, no começo terá sido assim. Hoje é impossível criar poesias apenas baseado no lirismo.
Hoje acordei mais tarde, abri a porta e vi meu jornal atirado na grama bem aparada do meu pátio. Ao lado uma linda e suculenta manga que caíra durante a noite. Com uma mão recolhi o jornal enquanto com a outra acariciei aquela fruta como o seio túmido de uma deusa. Olhei para o jornal e vi na manchete principal, uma casa destruída por uma chuva de granizo, logo adiante vários prédio destruídos pelos ataques de Israel a Faixa de Gaza.
Que diferença... Quantos no cenário triste da guerra, não conseguiram acordar, por que não dormiram apavorados com as bombas, não abriram à porta por que as bombas destruíram suas casas, não precisam de jornais, por que estão no centro de uma realidade cruel e tudo vê. Talvez apenas para saber o número de mortos, e se algum parente ou amigo está nesta bizarra lista.
Agora, analise o motivo da guerra. Muitas vezes por um pedaço de terra, uma bandeira e um hino, e a satisfação de dizer: “Esta é a minha pátria, a minha terra”. A mesma terra que dá o fruto para quem tem fome, a mesma terra que muitas vezes teve suas entranhas rasgadas por valas preenchidas por cadáveres daqueles que lutaram pela sua posse.
Bem! A minha casa está de pé, nenhum buraco de bomba no meu pátio, o dia está lindo, a única coisa que me irritou, foi: Já falei centenas de vezes para o rapaz que distribui o jornal, não atira-lo na grama, será tão difícil assim arremessa-lo com um pouco mais de força para que caia na área? E isto que dizem que sou poeta.
Ter sua casa destruída por um vendaval dói e às vezes mata. Porém tê-la arrasada por uma bomba jogada intencionalmente por um ser pensante, seu semelhante dói milhões de vezes mais. E se for você a jogá-la? Qual será a sensação?
A natureza tem e nos dá: Frutos, flores e perfumes, cores, enfim, a vida. Como não conseguimos fazer nada disto, damos o que temos: Ódio, preconceito, bombas, morte. Aprendemos a voar com o pássaro supra citado, enquanto o pássaro usa sua condição para replantar florestas destruídas por nós, frutos que alimentarão a humanidade, o homem usa a arte que aprendeu para transportar as bombas e poder joga-las no alvo certo. Seu semelhante. Não conseguiu fazer uma flor, mas seu perfume sim, e consequentemente gazes letais que eliminam irmãos em segundos.
Se você que visita meu blog, esperava mais uma poesia, lamento. Mas nem sempre é possível ser poeta. E quem sabe olhando com jeitinho, não encontre ai alguma poesia. Será????

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