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quarta-feira, 8 de abril de 2009



Brinde de Fel
J. Norinaldo

Encham a minha taça com mais fel,
Eu também tenho o direito brindar,
Pela morte dos golfinhos e baleias,
Pela descoberta da nova ogiva nuclear;
Pela guerra que explodiu no oriente,
Pelo lixo que invadiu o meu verde mar.

Pelos novos rios sólidos e fétidos da terra,
Pelo vermelho em lugar do verde na floresta,
Pela tecnologia na dinâmica da serra,
Por não ouvir mais o canto do Uirapuru.
Por todos os novos desertos que surgiram,
E pela extinção da nossa ararinha azul.

Elevem suas taças fechem os olhos,
Degustem com elegância o amargo do licor,
Troque seu ouro pelas ovas do esturjão,
Pensem no Eu, esqueçam o nós e o amor.
Que importa se um semelhante não tem pão?
Que falte meu faisão, meu caviar é meu pavor.

Mais fel, não deixem a minha taça vazia,
Quero me embriagar como ha. muito não fazia,
Quero afogar toda a minha infelicidade,
Por saber que sou parte de uma sociedade,
Que não atenta para os versos da minha poesia.
Que em vão tentam alertar a humanidade.

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