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terça-feira, 30 de junho de 2009



Ilusão.

J. Norinaldo.

Vamos falar das flores esquecer as dores tocar o barco, vamos viver a primavera o calor do outono, esquecer o frio, vamos caminhar na praia, ver o por do sol esquecer o charco. Vamos limpar a piscina, preparar os drinks esquecer o rio. Não vamos nos preocupar quando alguém falar que o nosso planeta está por um fio. Vamos pensar em nós e esquecer os outros, os outros só pensam neles e esqueceram o nós. Vamos reclamar direitos enquanto temos voz. Vamos esquecer aqueles que não tem o pão, pra estes já está reservado o reino do céu. Vamos pensar nas festas do final do ano, fazer plano pra chegada do Papai Noel. Problemas todo mundo tem, cada um que cuide dos seus. Vamos esquecer de tudo. Afinal de contas, nós já esquecemos que existe Deus.
Porém, Deus não nos esqueceu, infeliz daquele que pensar assim, por isto Eu falei por nós e não só por mim.

sábado, 27 de junho de 2009


Atitudes.
J. Norianldo.

A vida é feita de vicissitudes,
De atitudes que a própria vida cria,
Quem passa pela vida por passar,
Foi apenas desperdício de energia,
Um fantasma uma simples fantasia,
Ocupa o lugar que outro devia ocupar.

Quase tudo na vida tem seu preço,
Eu disse quase por que essa que é a verdade,
Até hoje ninguém conseguiu calcular,
O real valor de uma sincera amizade.
É um quadro que só se pinta uma vez,
E quem o tem guarda para a eternidade.

Não se compra e nem se vende amizade,
O próprio amor sem amizade não existe.
Não se navega num mar de felicidade,
Com ondas mansas e ventos de fraternidade,
Sob um céu matizado de estrelas lindas...
Se no timão está a mão da vaidade.

Adeus a Michael Jackson
J. Norinaldo.

A dança é a linguagem implícita da alma,
Michael Jackson foi a expressão explicita da dança,
Mas uma estrela que no nosso infinito se apagou.
Quem cantou e dançou os seus momentos,
Passa agora por caminhos de tormentos,
Tentando os passos que o ídolo deixou.

Vão-se os anéis ficam os dedos,
Foi-se a voz deve ficar o exemplo,
De alguém que conquista um planeta,
Oriundo de uma fonte de um templo.
No começo louvando a Deus no coral,
E na partida deixar um nome imortal.

Já não importa as polemicas da vida,
Nem um jazigo como o Taj Mahal,
O ouro para a alma não tem valor,
Daqui se leva só aquilo que plantamos;
Se nos guiamos pelo bem ou pelo mal,
E no fim da linha, todo mundo dança igual.




quinta-feira, 25 de junho de 2009



As Três Etapas.
J. Norinaldo.

Alguém disse que um homem para se realizar na vida, tem que ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. A primeira coisa a ser feita nessa lista, seria plantar uma árvore, isto eu fiz, a segunda não consegui, a terceira realizei, escrevi um livro.
Minha primeira realização, brotou, cresceu e se fez frondosa. Deu frutos e aliviou o cansaço de muitos a sua sombra. Serviu de moradas de passarinhos que com seus ninhos renovam a vida em cada estação. Depois que ficou velha, já não tinha frutos, já não dava sombra tornou-se obstáculo, foi derrubada e serviu de lenha que aqueceu a muitos no rigoroso inverno.
A terceira etapa, escrevi um livro, quase ninguém leu, mas ainda é meu, ainda tem meu nome, em algum canto que alguém esqueceu. Escrevi poemas sonhei com medalhas que ninguém me deu. Para muito disse: este é meu filho que nunca nasceu, e sonho pra ele um futuro lindo como não foi o meu, não aconteceu.
E você que conseguiu cumprir todas as etapas da realização o que me diz: fale-me da árvore, conte-me do livro e o seu filho é muito feliz? Este sonho lindo que em minha alma ainda vive, ou vai me dizer que eu sou feliz por que nunca o tive?
Encontrei um homem já muito velhinho, o corpo encurvado não mão um cajado como companhia, lhe falei dessas três missões e ele me disse com sabedoria: _ Eu plantei florestas, fiz bibliotecas filhos a revelia, até perdi a conta que antes sabia, reguei minhas árvores, eduquei meus filhos divulguei meus livros, agora me encontro aqui nessa estrada justamente em busca da felicidade que foi prometida, de uma das minhas árvores ganhei este galho que me auxilia nessa caminhada sofrida, dos livros o que ensinei já nem lembro mais, tanto tempo faz que os escrevi. Os filhos já passei por todos alguns nem sabem quem foram seus pais.
E ainda pensa encontrar alhures a felicidade, com tanta idade e dificuldade em se movimentar? _Não filho, penso encontrar aquele que inventou tudo isto para me enganar.
O que não vou fazer, é ficar sentado esperando a morte, com um pouco de sorte e com o meu cajado, vou lhe dar trabalho lhe desviando a foice para outro lado, pra mostrar pra ela que valorizo e muito, esta vida que alguém me emprestou e nunca falou que assim seria o tal pagamento.

terça-feira, 23 de junho de 2009



Deusa da Primavera
J. Norinaldo.

Um campo de margaridas na primavera,
E você caminhando entre elas displicente,
Nem percebe quantas começam a murchar,
No esforço de te ofertar seu perfume,
Já que entre as flores jamais existe ciúme,
Por esta que escolhestes pra beijar.

Como invejo esta flor que escolhestes,
Que sente o sabor dos lábios teus,
Da brisa que afaga teus cabelos,
Desta beleza que encanta o próprio Deus.
Da primavera tua estação preferida,
Dos teus sonhos onde não estão os meus.

Já nem sei se são margaridas,
Talvez até sejam bem me quer,
De uma coisa, porém tenho certeza,
Tu és a verdadeira imagem da beleza,
Que inebria o olhar de quem te vê,
Uma deusa em forma de mulher.

O teu nome não sei, será Sofia?
Maria, Luzia, Tereza ou Raquel,
Só sei que se Deus fez algo mais belo,
Guardou para si no cantinho lá no céu.
Te mandou para servir de inspiração,
Para o poema e a canção do menestrel.


Alucinação.
J. Norinaldo.

Em verdade eu sempre fui escravo,
A vida nunca me alforriou,
Meus medos são as grades da senzala,
Meus complexos o chicote do feitor.
As feridas das correntes invisíveis,
A certeza de ser meu próprio senhor.

Só em sonhos sou feliz e sou liberto,
Mas desperto sempre em grande aflição,
Esta beleza que vem quando estou dormindo,
Está consumindo o meu triste coração.
Tento não dormir pra não mais sofrer,
Tento esquecer, porém é tudo em vão.

Em meus sonhos teu carinho é um castigo,
Que não consigo entender qual a razão,
Acordar de tão lindos devaneios,
Num quarto frio tendo ao lado a solidão.
Serei eu louco por me tornar escravo,
Da mente insana que cria essa alucinação?

Esta noite vi bem de perto teus olhos,
Lábios doces como o mel da jataí,
Teu sorriso o jardim do paraíso,
A beleza do voejar de um colibri.
Contrastando com a sarjeta, minha cama...
Onde embriagado de amor adormeci.

segunda-feira, 22 de junho de 2009



Ingratidão.
J. Norinaldo.

Cansado de caminhar por veredas,
Estreitas, escuras e solitárias,
As mesmas árvores, o mesmo chão,
O mesmo frio a umidade de um porão.
Pedi em minhas preces ao Criador,
Uma estrada larga, com muita luz e calor.

Agora me encontro perdido no deserto,
Nenhuma árvore, um pássaro uma flor.
O sol abrasante que queima até a alma,
Pergunto: Deus, que estou fazendo aqui?
Como Adão, reneguei o paraíso...
Estou sofrendo, por que não soube pedir.

Meu castigo, as miragens a minha frente,
Água corrente cristalina e muita sombra,
Um lindo bosque onde a vida é pungente,
Tão igual aquele em que caminhava com frescor.
Agora sinto que meu caminho é tão quente,
E que caminho se não sei pra onde vou?


A Vida e o Amor
J. Norinaldo.

A vida é um instrumento musical,
Bem timbrado seus acordes são perfeitos,
Porém tem que ser tocado com capricho,
Do contrário apresenta seus defeitos.
Existem sons de luxo e sons de lixo,
Sem regente seus acordes são rejeitos.

O amor tão cantado por poetas,
Também pega arma e vai à guerra,
Pergunte a um soldado por que luta,
Sua resposta: por amor a minha terra.
Enquanto o amor não for compreendido...
Existirá, mas viverá escondido.

Quem criou a imagem do cupido,
Poderia me tirar dessa aflição.
Por que este símbolo do amor
Ao invés de ter na mão uma flor
Um arco e flecha que fere o coração?
Na poesia amor rima com dor.

Que atire aqui a primeira pedra,
Aquele que nunca sofreu por amor,
Está sofrendo ou sofrerá futuramente,
Nenhum ser escapará dessa dor.
Podem atirar sobre mim as suas pedras,
Por que será que ninguém ainda atirou?

sexta-feira, 19 de junho de 2009




Sensualidade.
J. Norinaldo

Sensualidade com beleza, com maldade,
Que explicita que concita que provoca,
Que convoca, excita e faz sonhar.
Que invoca que enfeita e faz sofrer,
Que coloca o pudor contra a razão,
Que confunde o amor com a paixão.

Oh! Mulher divina deusa sensual,
Mãe, amante concubina meretriz,
Inspiração de poetas e menestréis,
Bela e frágil como a pétala da rosa.
A beleza que torna o mundo feliz,
Cantada por poetas em verso e prosa.

Toda essa beleza que encanta,
Não é santa é profana e enfeitiça.
Nem tudo que reluz é valoroso,
Nem todo vinho é puro e saboroso,
Tampouco a beleza é vitalícia,
Principalmente a que a luxúria atiça.

Esta imagem ao alvitrar a perfeição,
Sem coração é um quadro sem valor.
Inconseqüente, inconsciente sem moral,
Como um mural que atenta contra o pudor.
Sem essas nódoas és digna de um pedestal...
Para ser adorada como uma deusa de amor.

terça-feira, 16 de junho de 2009




Retorna.
J. Norinaldo.

Deito o olhar pelo campo na primavera,
Flores silvestres rorejadas de orvalho,
Uma orgia de felicidade e cores,
E o meu peito uma represa de gritos,
Como se fosse uma prisão de aflitos,
Com muralhas construídas pelas dores.

A tua ausência aniquila minha alma,
Toda calma que havia se acabou,
Onde estás que não ouves meus lamentos,
Onde foi parar todo o nosso amor?
O que fiz para merecer esse sofrimento?
Meu coração não suporta tanta dor.

A vida sem você não tem sentido,
As estrelas no céu não brilham mais,
A maré antes nossa conselheira,
Se afastou pra não ouvir os meus ais.
A lua se esconde atrás das nuvens,
Por favor meu amor diz onde estás.

Antes a montanha era tão bela,
Dela hoje só vejo o precipício,
Volta vem correndo me abraçar,
Prometo nuca mais vais me deixar,
Vamos começar lá do início...
Isto sim, vale a pena relembrar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009



A Verdade e a Beleza.
J. Norinaldo.

A beleza é a verdade e a verdade é a beleza
De que beleza me falas uma bela ninfa nua,
Túmidos seios que apontam na direção do um teto?
Vejo beleza no sol, e tu podes ver na lua,
Portanto a minha beleza é diferente da tua.

Há quem admire um quadro ao discernir a pincelada,
Posso olhar o mesmo quadro e isto não me dizer nada.
De que beleza me falas e qual verdade igualável?
O que é belo para um cego ou uma criatura retardada?
Onde está a beleza no catre de um moribundo miserável?

A beleza da natureza seria esta a verdade?
Na flor que esparge o perfume no fruto que alimenta
Na sombra que ampara o homem enquanto a caça espreita?
Ou na tecnologia que durante o dia a dia enche o ar de fumaça,
Ou no conformismo do corvo com a elegância da garça?

Tanta pergunta só pode ter um só significado,
Que a verdade é um tesouro ainda não encontrado,
Para um arqueólogo a verdade é alguma escrita antiga,
Para um marinheiro cansado o calor de alguma rapariga,
Para um menestrel os acordes perfeitos de uma cantiga.


De que verdade me falas, se a busca continua?
Se a beleza sem feiúra seria o sol sem a lua.
Se a beleza é a verdade a feiúra é a mentira,
Que pai daria a um filho um manto que embeleza
E para o outro um que pesa seja de pregos, e o fira?

sexta-feira, 12 de junho de 2009



Feliz Dia dos Namorados.

Saudades.
J. Norinaldo.

Lembras da pequena árvore
Que plantamos no quintal?
Que juramos namorar
No futuro a sua sombra?
Nem a vistes vicejar,
Nem os frutos que ela deu.

E que sombra maravilhosa,
Estive sempre ao seu lado,
A reguei com meu carinho,
Hoje ganhei dela um presente,
Do dia dos namorados,
Um galho que me servirá de cajado.

Quanto tempo desde então,
Não esqueci meu juramento.
E até esse momento sonho com teus abraços,
Mesmo agora encurvado,
Apoiado em meu cajado...
Que auxilia meus passos.

Às vezes vejo em seu tronco,
O brilho de um filete de resina,
Será que nossa árvore também chora,
Como estou fazendo agora,
Com saudades daquela linda menina?
Ah! Meu novo cajado me leva daqui embora.

quarta-feira, 10 de junho de 2009



Guerra das Meninas.
J. Norinaldo.

No teatro de guerra armas diferentes,
Na luta travada só um vencedor,
Aquele que cego pela loucura,
Arvorado na força da indecência,
Investe sem dó contra a inocência;
Saciando a tara na fruta imatura.

Meninas que brincam no parque inocente,
Indiferentes às rapinas humanas da vida.
O sorriso doce trocado por doces malícias,
A maldade no toque de cada carícia,
Nos gemidos que selam a proteção fingida.
No prazer que alimenta a mente corrompida.

Meninas cujas armas são lágrimas de dor,
Que regam os jardins tenebrosos na vida.
Absurdos que a lógica não sabe explicar,
Capaz de esmagar uma rosa ainda em botão,
Destruindo sonhos lindos sem nenhuma razão...
Como ervas daninhas que cobrem o pomar.

Meninas mulheres, velhas inocentes,
Mariposas mirins que entristecem as esquinas.
Tenros repastos de bestas humanas,
De cancros que a própria sociedade pariu.
Cada vez mais meninas veteranas de guerra...
E o mundo girando fingindo que nada viu.


Velho Espelho.
J. Norinaldo.

O velho espelho jogado ao relento
Por ser pirracento e sincero demais,
Cada vez que paro a sua frente.
Desagrada-me o que insiste em mostrar,
Tantas vezes pedi e até implorei,
Sua teimosia não o deixa mudar.

Agora sozinho reflete o que quer,
Sinto-me bem melhor sem ver como sou,
Minha insensatez não me deixar ver,
Que não é o espelho quem vai me mudar.
Que a verdadeira beleza não está na aparência...
É essência e esta sou eu quem tem que mostrar.

O espelho se mostra tal qual ele é,
Se outro espelho lhe colocam a frente,
Se o outro é rico e bem trabalhado,
Ele mostra a verdade sem medo não mente.
Minha imagem é a mesma em redoma ou num nicho...
Num espelho de ouro ou no que está no lixo.

Não importa a imagem e sim o conteúdo,
O que mostra o espelho é só vaidade.
Odiar os rabiscos com que o tempo nos marca,
Nos faz ficar cegos para a felicidade,
Nem só de beleza vive o ser humano...
Talvez no espelho se encontre a verdade.

domingo, 7 de junho de 2009





O Homem e a Terra.
J. Norinaldo

Ecos de gritos perdidos no tempo
Paredes de rochas que impedem o caminho,
Jardins de corais a formar os atóis,
O vento que embala as ondas dos mares,
O monte que abriga no oceano os faróis.
Deusas de beleza ornando os altares.

O arco íris a tiara com todas as cores
A cascata que canta louva a natureza.
Borboletas alvissareiras da primavera,
Haverá outro mundo com tanta beleza?
Que a ganância poderá transformar em tapera...
Onde impera a fome sobre tanta riqueza.

Rios antes tão belos hoje agonizantes,
As florestas de antes hoje puro concreto.
O respeito à terra que já foi sagrado,
O mar poluído transformado em deserto,
Deus esquecido os valores invertidos,
Em busca de espaço o céu é vendido.

Bolas de fogo cortam o infinito,
São projetos humanos chamados secretos,
Artefatos que podem destruir o mundo,
São experimentos testados em desertos.
Depois os jornais estampam em manchetes,
Os que fazem o mesmo gritando em protestos.

sábado, 6 de junho de 2009



O Chefe e a Águia.
J. Norinaldo.

Enfeitei meu cocar com pena,
Com pena da ave abatida,
Da águia sábia e valente,
Lembrarei quando da partida.
Se deixarei pena para enfeite...
Ou só pena de deixar a vida.

No cocar vive a ave que partiu,
Nas lendas que a tribo conta,
Guerreiros que vêem por seus olhos,
A caça quando a águia aponta.
O coração do índio palpita,
No momento que a águia grita.

O Totem do centro da aldeia,
A cabeça da águia encima,
Faz parte do hino guerreiro,
Cantado sem ritmo ou rima,
A águia está na natureza,
Como uma bela obra prima.

Veja no olhar de uma águia,
O poder da força e da raça.
Diferente de outro animal,
No vôo majestoso no céu,
Suas penas ornam meu cocar...
Por respeito não por eu ser mal.

sexta-feira, 5 de junho de 2009




A Vida.
J. Norinaldo.

A vida apenas nos mostra os caminhos,
Larga nossa mão pra que sigamos sozinhos,
Não fala de atalhos ou de bifurcações,
Dos lobos que se escondem nas curvas da estrada.
De dores, cansaços, da sede ou desilusão...
Dos túneis escuros, das perdas de cada parada.

Das pedras que ferem os pés no caminho,
Depois que engatinho pra longe sozinho,
Das agruras que podem surgir nas pousadas,
Das promessas escusas de falsos atalhos,
Das nobres figuras que enfeitam baralhos.
Das surpresas das curvas que há nas estradas.

A vida nos dá um mapa totalmente em branco,
Sem perguntar se você tem noção de desenho.
Só no fim da estrada depois da missão cumprida,
No final da vida verá o mapa com seu desempenho.
Já não há tempo para arrependimento ou correção...
Cada um colhe o que plantou sem distinção.

Os tesouros colhidos que causaram cansaço,
São lembrados na tumba que enfeita a tristeza,
O que tanta beleza representou em vida,
Torna na partida reação de avareza.
De quem caminhou no aceiro da estrada...
Sempre a espera da partilha prometida.

quinta-feira, 4 de junho de 2009



Navegar
J. Norinaldo.


Desde o os primórdios da vida
Que sigo regras metódicas,
Alguém me diz como faço,
Até o modo que rezo.
Por comodismo obedeço,
Por ser covarde mereço,
Fazer tudo que desprezo.

Ma há de chegar o dia,
Que me dê toda a coragem,
Para deixar de criar meus degredos,
Livrar-me da infeliz hipocrisia.
Ter enfim uma carta de alforria...
Assinada pelo punho dos meus medos.

Poder entender ser entendido,
Respeitar ser respeitado como sou.
Ter o direito de dizer tudo que penso,
Sem tribuna pra julgar se há consenso,
Sem eu mesmo apontando para mim.
Cavalgar pela vida sem temor.

Ver a vida em toda sua amplidão,
Navegar pelos meus próprios faróis.
Enfrentar a procela sem tremer,
Naufragar e ter forças pra sobreviver,
Quando a nau já se encontrar adernada...
Beijar a minha amada e convida-la pra viver.

terça-feira, 2 de junho de 2009



Como Vamos?
J. Norinaldo

Vamos atiçar o fogo e caminhar sobre as brasas,
Vamos ativar as asas da nossa imaginação.
Vamos sentir o calor e esquecer as conseqüências,
Vamos beber nossas essências sem medo de engasgar.
Vamos gritar todo o grito que está preso no peito,
Vamos ser o êxtase a chama alcoviteira a delirar.

Vamos esquecer o que é certo vamos simplesmente,
Vamos esquecer a dor que pode surgir de repente.
Vamos nos fazer de surdos aos apelos da consciência,
Vamos procurar quem inventou a decência,
Vamos descobrir que talvez fizesse por penitência,
Vamos libertá-lo e ensina-lo a gozar.

Não vamos fazer disto tudo um jogo, um brinquedo,
Não vamos temer o dedo em riste que nos aponta.
Não vamos parar de gritar por que a lei nos obriga,
Não vamos temer o fogo do inferno que castiga,
Não vamos esquecer todo amor que a história conta.
Não vamos deixar morrer uma fogueira tão antiga.

Não vamos entrar no fogo apenas para aquecer o frio,
Não vamos usar a lenha só por que estamos no cio
Não vamos ser puritanos no campo louco da fúria,
Não vamos juntar a gula com o pecado da luxúria.
Não vamos fazer da vida um incêndio ou um inferno,
Não vamos nunca esquecer que só o amor é eterno.