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segunda-feira, 19 de outubro de 2009


Meu Cajado.
J. Norinaldo.

Meu cajado conhece bem meus segredos,
Está sempre ao meu lado em seu silencio,
Não procuro as razões do seu mutismo,
Já que não interfere em meus caminhos,
Não me mostra que a estrada tem espinhos,
Se preciso irá comigo para o abismo.

Não me queixo do silencio do cajado,
Tão calado a escutar os meus lamentos,
O que importa é que está sempre por perto,
No passado quando andei tão ereto,
Tinha sempre muitos ouvintes ao meu lado...
Agora sou um pastor sem ovelhas no deserto.

Minha fortuna já não me serve para nada,
A não ser dar-me um novo cajado de ouro,
Mas não as forças para suportar seu peso;
Com a riqueza construí muitas muralhas,
Para agora ver que só tenho migalhas...
No labirinto que construí estou preso.

Plantei árvores escrevi e criei filhos,
Fiz tudo àquilo que haviam me ensinado,
Pelos filhos que criei fui esquecido,
E tudo que escrevi foi apagado,
Das árvores que plantei me resta a sombra...
Delas também o único amigo, o meu cajado.

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