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segunda-feira, 5 de outubro de 2009


Saber Subir e Descer.
J. Norinaldo.

Na volta grande da vida onde começa a descida,
Os passos são bem mais lentos e o cansaço maior,
Quem caminhou sozinho o regresso é bem mais triste,
Só a solidão existe, plantada e cheia de espinhos,
E as pedras dos caminhos ferem os pés do caminhante,
Que às vezes encontra uma sombra e da descida desiste.

Quem desce às vezes esquece dos excessos da subida,
Da água mal dividida dos frutos que não colheu,
Não viu beleza nas flores pensando em ver na descida,
Mas a primavera florida já passou ora é verão.
Ou folhas mortas do outono sem sombras para o descanso...
Amoras murchas e secas espalhadas pelo chão.

Em cada passo a incerteza a cada curva a imensidão,
As nuvens fogem do céu como aves de migração,
Em cada pedra um abutre ou outra ave de rapina,
Em cada sombra um lobo a comandar a matilha,
E o caminhante seguindo como um castelo em ruína...
Aves e lobos atentos à espera do momento da partilha.

Quem completa todo ciclo e chega à reta final,
Cujo peso do cajado deixa seu ser estafante,
Não tem nada pra contar de outros itinerantes,
E aquele que na ida primou vestir-se com esmero...
Sem a lucidez da subida tampouco com desespero,
No final sem exagero retorna as fraldas de antes.



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