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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010


Ébrio Louco
J. Norinaldo.

A morte travestiu-se de mordomo,
Segurando-me a garrafa e o cinzeiro,
Guiando meus passos para os becos,
Para os germes cuspidos pelos tísicos,
Onde dançam os espectros da vida,
Nas sombras da luz de um isqueiro.

Minha cama é tão fria quanto o mármore,
No meu quarto mais escuro que o breu,
Meu travesseiro meu único conselheiro,
É mais surdo e mais louco do que eu.
Pego a bebida e bebo pelo gargalo do frasco,
Sinto o orgulho no olhar do meu carrasco.

Quantos louco como eu por esta vida,
Condenados a bebida e a fumaça,
A pagarem uma dívida abstrata,
Por que o mordomo não nos mata?
Livrando-nos desta vida de barata...
Sem pagarmos juros com desgraça.

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