Translate

quarta-feira, 16 de junho de 2010


A Arena.
J. Norinaldo.

Os gladiadores são vistos do alto,
Vivem em castelos e divertem os pobres,
Chutando uma bola como um mundo miúdo,
Na arquibancada não cabem aos nobres,
A arena no entanto não é pra quem quer,
E a fome do mundo aplaudindo de pé.

Enquanto se canta o hino da pátria,
Se pensa na prata que da lutam vem,
O melhor lutador tem em ouro seu nome,
E para vê-lo o pobre dar tudo que tem.
E o gladiador faz o que quer do mundo...
Mas o pobre não pode driblar sua fome.

Mesmo assim a arena está sempre lotada,
E o pobre está sempre na arquibancada,
Endeusando a quem não sabe quem é.
Aumentando a fortuna com sua pobreza,
Hasteando a bandeira da sua alteza...
E a fome do mundo aplaudindo de pé.

A copa da árvore ao pobre da à sombra,
E abriga a vida num ninho qualquer,
Como a copa da carta do jogo de poker,
E o poço ficando cada vez mais fundo,
E o pobre gritando o nome do ídolo...
E a fome do mundo aplaudindo de pé.



1 comentário:

Lourival Rodrigues dos Santos disse...

A imagem é muito apropriada, é a do momento. As atenções todas se convergem para lá: África do Sul, mas voce aguçadamente registra na sua poesia; "E a fome do mundo aplaudindo de pé". Por que tem que ser assim? Parabéns, abraço e muita sabedoria para tocar em frente. Valeu amigo.