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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011



Época da Colheita.
J. Norinaldo.



Vivo a me esconder dos meus medos,
Por detrás das grades da liberdade,
Tentando disfarçar os meus degredos,
Digitando de algum modo a inverdade;
Para alguém que quiçá adore enredos,
Apenas para agradar sua louca vaidade.

A minha idade nada tem há ver com isso,
Mas tem muito com a artrite que me entreva,
Sé é a época da colheita, assim será colherei,
Pois de tantos jardins que pela vida plantei,
Hoje olho e vejo para colher apenas erva,
Se sou feliz, não me pergunte, pois não sei.

Quando acordo e vejo o sol banhando a terra,
Ou quando a noite a lua surge prateada,
Novamente os meus dedos tagarelam,
E denunciam os meus medos numa tela;
Que vai surgindo aos meus olhos, fomatada,
E os meus segredos se revelam para nada.

Diz um ditado popular será verdade?
Quem planta vento um dia colhe tempestade?
Aonde estão as poesias que em corações plantei?
Para um dia colher para mim essa felicidade?
Ou na verdade foi tudo errado o que fiz?
Se sou feliz, não me pergunte, pois não sei.




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Beleza na Janela.
J. Norinaldo.


Quando exibes displicente na janela,
Exuberante beleza que é só tua,
Como a deusa que se ergue ao pedestal,
Sensual quase com o brilho da lua,
Sem ter a consciência que algum mal,
Venha causar essa tal beleza nua.

Alguém que inocente passa a rua,
E se vê de repente frente a esta deusa bela,
Quando a noite retorna a sua morada,
E te compara com aquela que lhe espera,
Recusa o beijo da sua mulher amada...
Por que não é como a moça da janela.

Se a tua beleza pode desfazer um lar,
Por que brincar displicente assim com ela?
Quem sabe um dia alguém te recuse um beijo,
Já sem desejo, somente por formalidade,
Por que aquele que te jurou fidelidade,
Viu outra moça, linda, e nua na janela.




Eu Poeta.
J. Norinaldo.


Eu não sei se ajo por impulso,
Quando escrevo uma poesia,
Se me faço entender solenemente,
Ou propago apenas fantasia;
Se perguntarem o que isto quer dizer...
Respondo simplesmente que não sei.

Outro dia relendo um velho poema,
Cujo tema era a altura da montanha,
Perguntei-me: fui eu mesmo que escrevi?
Na verdade quase nada entendi,
Bateu-me uma tristeza medonha.
O por quê? eu simplesmente não sei.

Não apaguei, não rasguei nem joguei fora,
Pois alguém me respondeu dizendo assim:
Que profundo, que beleza de poema,
Até parece que ele foi feito para mim.
Por isto aquele escrito eu guardei...
Por que simplesmente agora sei.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Portugal.
J. Norinaldo.

Ah! Portugal se eu pudesse como queria,
Bater asas de repente e voar com a imaginação,
E pousar suavemente numa linda aldeia branca,
Declamar Florbela Espanca numa tarde de verão.

Beber toda tua história num cálice de inspiração,
Olhar para o oceano lembrar que daqui partiram,
Denodados navegantes portugueses filhos teus;
Que Deus guiou pelos mares e o meu país descobriram.

Herdamos da tua história uma cultura brilhante,
Deste país navegante que nos ensinou a navegar,
Quero entre vagas de sonhos neste mar de fantasia...
Dedicar-te esta poesia na língua, que me ensinastes a falar.




sábado, 19 de fevereiro de 2011



Cada Passo.
J. Norinaldo.


Cada passo uma pegada, cada pegada um destino,
Em cada partida um aceno, em cada aceno um lamento,
A cada gota de chuva uma esperança de vida,
Em cada vida uma identidade que se chama pensamento;
Pois se penso logo existo, ou só existo pensando,
Se não pensar não sou visto assim como existe o vento.

Em cada grito um apelo em cada apelo esperança,
Em cada curva da estrada uma surpresa a ser vista,
Um castelo por mais novo é feito por velhas pedras,
Cada sentença final sem chance de ser revista,
Em cada sonho um recado que nem sempre é lembrado,
Cada vez mais me convenço que de real nada existe.

Em cada prece que faço a dúvida para onde vai,
Alguém me fala num pai que me mandará ao inferno,
Para o meu filho eu espero o melhor que tem a vida,
Em vez de amar lhe ensino a temer o pai eterno;
Em cada esquina um templo onde a verdade é vendida...
Tão certa como a primavera, vem logo depois do inverno.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011



Meu Olhar.
J. Norinaldo.


Limito-me a olhar o firmamento,
Por vezes refletido sobre o lago,
Ouvir a voz do vento a murmurar:
Sentido a chuva fina como afago,
Tentando ver na beleza da flor,
O colorido da vida e do amor.

Nadando as vezes contra a correnteza,
Sem certeza se a margem alcançarei,
Fugindo dos dragões da minha infância,
Dos fantasmas que eu mesmo criei,
Sentindo o cheiro de água podre...
Dos rios que eu mesmo sujei.

Buscando alguém que tenha culpa,
Invejando o mais vil sentimento,
Lutando com forças de gigante,
Pra não cair no rol do esquecimento,
Sentindo a chuva fina como afago...
Sem decorar a canção que canta o vento.

As miragens do deserto que alucinam,
Calcinam a mente e enlouquecem,
Felizes dos loucos que deliram;
Loucos são aqueles que esquecem
Que existem desertos nas miragens
Mensagens que não nunca aparecem.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Podre em Vida.
J. Norinaldo.

A voz que sussurra palavras galantes,
O olhar de cobiça na curva do seio,
Da flor colhida ainda em botão,
Os tenros espinhos que ferem a mão;
Os talos imberbes e o fruto do meio,
Provocam nos tolos loucura e paixão.

Sem fome se come o fruto imaturo,
Tolhendo o futuro de quem não cresceu,
Falsas palavras em tom de ternura,
Esmagando um jardim que não floresceu;
Anjos repletos de amor e ternura...
Estrelas sem brilho que o pecado escondeu.

O lobo mal que o mito criou e vingou,
Com falsas promessas e uma bela tocaia,
Um conto de bruxas que em nada encanta,
Um golfinho que morre encalhado na praia;
Putrescente aquele que não vê na criança...
O amor que irradia, mas o tamanho da saia.



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011



Olhar sobre o Lago.
J. Norinaldo.


No olhar do alto o lago vê o quanto é belo,
Como se viu no lindo olhar de Narciso,
O paraíso que a natureza constrói,
O homem destrói por que viver é preciso.

Toda riqueza que a vida nos oferece,
E que perece ante a poluição,
As baleias já não cantam como antes,
Dos elefantes só se fala em extinção.

As borboletas que voejavam pelos vales,
Hoje são vistas somente em telas nas paredes,
Os golfinhos que brincavam divertidos,
São punidos pelas malhas das nossas redes.

E o oceano que cobre de azul a terra,
E que a guerra tinge sempre de vermelho,
Mas é tão lindo o olhar que vem do alto...
Como se Deus usasse o lago como espelho.




segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011



O Caminho.
J. Norinaldo.


A proa do barco sem destino,
O vento que a vela estraçalha,
A vaga que se agita na procela,
O caminhar sobre o fio da navalha,
A chama que crema na fornalha,
São belas pintadas numa tela.

As chamas das velas que se apagam,
E que sedem o seu lugar as flores,
E os lábios que já não beijam mais,
Deixando a vida e os amores;
São telas vistas da frente pra trás...
Pintadas com as tintas das dores.

A tela mais triste e preciosa,
É de alguém cravejado numa cruz,
Que se usa no peito como adorno;
Feita de ouro que engana e que seduz,
Se todos os caminhos levam a Roma...
Levarão ao céu a quem ama a Jesus.

sábado, 5 de fevereiro de 2011



Beleza Sozinha...
J. Norinaldo.


Um corredor vazio, o vento frio, a ilusão,
O sorriso de deboche, de quem já não acredita,
Que ser apenas bonita, não engana a solidão,
Sonhos e fumaças são mais leves que o vento,
Caminhar com firmeza somente com os pés no chão.

O pedestal o vento chega e derruba,
O castelo o tempo cobre de areia,
A feiúra de uma pedra no entanto será eterna,
Porém garanto, esta tua bela perna,
Um dia por alguém será chamada de feia.

E esta meia que ora realça a tua beleza,
Com certeza um dia encobrirá as varizes,
Somente os que conhecem a verdadeira beleza,
Passarão por esta vida contentes e muito felizes;
O criador não comete enganos ou mesmo deslizes.

Levanta-te desta cadeira e olha a vida lá fora,
Isto tem que ser agora, pois o tempo não perdoa,
E verás que és apenas uma partícula do todo,
Num oceano profundo uma gota que se soma;
E que flor de Lótus nasce somente onde tem lôdo.



Bem Dita Seja.
J. Norinaldo.

A chuva desmanchou teu penteado,
A maquiagem escorreu como a borrar uma tela,
O teu vestido ficou ao lindo corpo colado,
Mostrando a tua tez cor de canela,
Como se do céu fosse enviado um recado,
Não necessitas de adorno para te tornar mais bela.

Nem imaginas a tela ao te ver assim molhada,
Como uma deusa talhada pelo mais nobre cinzel,
Que este louco menestrel tenta descrever em verso,
Como a estrela do universo que mais brilha lá no céu;
Como a Valquíria mais bela a esquipar nos meus sonhos,
A consentir em meus delírios ver o teu corpo sem véu.

Bem dita chuva que cai desvendando a silhueta,
Deslumbrando a esse planeta em que Deus me fez viver,
Cabelos colados ao corpo que tanto sonho em tocar,
O mais doce dos néctares desses teus lábios sorver;
Bem ditos pingos que escorrem pelos vales do ciúme,
Em riachos de perfume formando um mar de prazer.

Bem dita seja essa chuva e a carícia que te faz,
Bem dita seja essa brisa que teus cabelos afaga,
Bem dito seja o amor que mantém acesa a chama;
Maldito seja o ciúme que o amor na vida estraga,
Bem dito para sempre seja o teu lugar em minha cama,
Bem dita a minha mente, que sem poder ter-te divaga.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011



Minha Inveja.
J. Norinaldo.



Eu invejo a estrela que mais brilha,
Mas não quero que ela se apague,
Eu invejo as flores do jardim,
Mas cuido para que nada as estrague,
Eu invejo quem tem um grande amor,
Mas jamais pedirei que tenha um fim.

Eu invejo quem faz belas poesias,
Para este peço a Deus inspiração,
Eu invejo as cores do arco íris,
Quero sempre que me alegre a visão;
Eu invejo quem é belo e perfeito...
Sem jamais criticar a criação.

Eu invejo aquele que não tem inveja,
Talvez, com minha inveja benfazeja,
No cepticismo da minha existência,
Na inocência de quem apenas deseja,
Flagelar-se numa doce penitencia,
Em acreditar se assim é que assim seja.

Eu invejo aquele que compõe odes,
A quem arpeja as canções que canto o vento,
Ao marinheiro que na procela veleja,
Não me envergonha esse nobre sentimento
Que não pretende destruir o bem já feito;
O ser perfeito, inveja até quem lhe inveja.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011



Pensa em Mim.
J. Norinaldo.



Pensar em mim não pesa, não cansa,
Não custa me dedicar um momento,
Não ver a minha beleza e sim o que fiz,
Nem imaginas o quanto fico feliz,
Quando sei que estou em teu pensamento.

Não sou belo, talvez nenhum predicado,
Conformado, pois Deus que me fez assim,
Essa beleza que o corpo mostra por fora,
Pode ser como uma casa de cupim,
A minha alma não chora por estar dentro de mim.

Bem! Eu penso muito, mas muito mesmo em você,
Sabe por quê? Por que és muito, muito importante,
Vejo a lua e não consigo nunca te esquecer,
O teu sorriso num raio de sol radiante,
Até no vento eu já consigo te ver.

Nas preces que dedico ao Pai celeste,
Tua presença se faz forte em cada verso,
Nos meus sonhos, tu estás constantemente,
És a estrela que mais amo no universo,
Então, pensa em mim, única coisa que te peço.