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domingo, 17 de abril de 2011


O Matuto.

J. Norinaldo.

Indiferente as mazelas do mundo,

A águia prossegue trocando de bico,

E o matuto ainda fala em cancela,

O sinete do rei já não tem mais valor;

O poeta protesta já não fala em amor,

A ferida se foi, mas ficou a seqüela.

Modernos ciganos não falam de tachos,

Mascates se encontram em palavras cruzadas,

Matutos discutem com os seus senhores;

Sentados a sombra as bolsas de valores,

Enquanto as pinguelas sumiram das estradas...

Que levam aos museus dos grandes amores.

Os alquimistas incansáveis em busca da verdade,

Vão deixando para trás os retalhos dos sonhos,

No reino encantado onde vivia a felicidade,

O mar açoitou com seus gritos medonhos;

Empurrando pra longe o que não quer por perto...

Formando um deserto com radiatividade.

A natureza chora seu quinhão perdido,

E o homem aturdido segue absoluto,

Os tiranos são postos para fora de casa,

E a guerra clareia a terra que arrasa;

A árvore ainda consegue gerar o seu fruto,

Matuto sou eu que ainda falo em matuto.

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