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sábado, 28 de maio de 2011


Inspiração em Pó.

J. Norinaldo.

Quem busca inspirações nos labirintos do umbral,

Cantará canções ao mal desafiando o Criador,

Buscando o prazer carnal que a própria vida abomina,

Beijando os lábios da morte numa carreirinha fina;

Vendo no vidro a máscara que a própria morte pintou.


Quem busca por artifícios mudar a vida que tem,

Não tendo tempo sequer para o arrependimento,

Mentindo para si mesmo pregando que é feliz;

Anestesiando o corpo para qualquer sentimento...

O coração no esquecimento só se lembra do nariz.


Tantos seres que ainda sofrem tentando sobreviver,

Paralela outra corrida de quem debocha da sorte,

Uns aspiram tubos de oxigênio tentando buscar a vida;

Outros que são entubados a guisa da despedida...

E tantos jovens sadios aspirando o pó da morte.


Num futuro não tão longe quem sabe até se construa,

Cemitério especial para quem vem se matando,

Sem velório, vela, ou choro, sem nenhuma extrema-unção,

Somente a última dose, a saideira da vida...

E o defunto vai andando sem precisar de caixão.

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