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terça-feira, 19 de julho de 2011



O Deserto e o Homem.

J. Norinaldo.

O deserto é tão necessário para alertar o homem, que a terra morre e com a morte da terra o homem não come, e sem alimento a vida na terra some. O mar é tão grande, mas já foi bem maior, mar e deserto talvez tenham sido um só, o sal no deserto a areia no mar, talvez pra mostrar que a pedra também vira pó. As ondas do mar e as dunas de areia, o balanço das velas e o tranco do camelo, navegar é preciso viver já nem tanto, para o homem que reza num templo infinito e cozinha seu pão no calor da areia.

O deserto prossegue a iludir a visão, mostrando o que tinha antes da destruição, água cristalina em cada miragem, antiga paisagem na imensidão. O mar revoltado com tanto descaso, como a água de um vaso esquecido ao relento.

O vento que agita no mar a procela, é o mesmo que cria a tempestade de areia, a indiferença no olhar do camelo, como o necessário deserto onde foi maré cheia.

O homem é o pássaro que destrói o a árvore onde está seu ninho, como o vírus que mata o seu hospedeiro, o deserto é a febre que alerta o doente, o pavio da bomba prestes a explodir, a sombra do lobo que assombra o caminho, quem sabe o homem ao fazer o deserto, está tentando criar o camelo marinho. Antes da terra morrerá o homem, antes da árvore cairá o ninho.

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