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quarta-feira, 31 de agosto de 2011


No Bordão do Meu Poema.

J. Norinaldo.


No bordão do meu poema, sobra rima e falta tema, letras que perfumem a alma, palavras doces que acalma como o riacho que corre como o dia que morre e cede lugar a noite e a deusa lua de prata que com o brilho sobre a mata torna a safira mais bela, como a moça na janela namora a brisa noturna e a tristeza se enfurna por não ter lugar a mesa. E o poeta divagando devagar vai construindo e aos poucos vai surgindo a tela feita na mente, de manhã o sol nascente mostra que o dia está vivo, e a moça da janela colhe pedaços de sonho, como retalhos de estrelas.

No bordão do meu poema falta rima e sobra tema, como a moça da janela sonhando com o diadema de uma princesa encantada. E de novo vem à noite com sua lua de prata e se reflete na cascata que se transforma em riacho, e o poeta rio abaixo remando sem ter destino, pouco a pouco construindo mais uma roseira em cacho, seguindo o farol da lua, como uma deusa nua para acolhe-lo nos braços

Meu poema tem bordão, palavra já em desuso, agora tem tema e rima, como um barco rio acima, no rio que foi riacho, e a menina da janela sonhou com a roseira em cacho numa noite enluarada, a lua é seu diadema, e ela a princesa encantada; e o rio que foi riacho logo, logo será mar, antes da noite acabar para dar lugar ao dia, antes que esta poesia, chegue ao ultimo verso.

Se poesia não for, mesmo assim com muito amor, ofereço para o dia, para o rio e o riacho e para a lua tão bela, para você que está lendo... e para a moça da janela.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Como Um Brinde.

J. Norinaldo.


Uma paixão, uma lembrança uma saudade,

Um reencontro, velhas feridas que se abrem,

Duas almas separadas por muralhas,

Construídas com as pedras de uma ponte;

O que unia hoje separa sem melindre...

Como um brinde, que se ergue sobre palhas.


Uma lembrança, uma saudade uma paixão,

Uma razão a nostalgia que não passa,

Tão rotineira como as folhas no outono,

Como a maneira que a fantasia se esgarça;

Como cão fiel que segue o dono...

Como um Bride, que é erguido a fumaça.


De onde surgiu a saudade a nostalgia,

Será que um dia isto vai cair de moda?

Ou a vida necessita desse adorno?

Como a árvore que vem forte após a poda;

E a águia troca o bico por mais vida...

Como um brinde, que se ergue ao sangue morno.


Uma saudade, uma paixão uma lembrança,

Uma sombra, uma existência e um cajado,

A fantasia esgarçada pelo tempo vaticina...

Na voz do vento a canção que vem de longe,

Na tez do monge a lonjura de um passado...

Como um Bride, que se ergue a ruína.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011








Paixão Perene.

J. Norinaldo.


Irene não precisa enfrentar o consulado,

Por um visto que tantas vezes é negado,

Pelo simples exercício do poder,

Chegará à Nova York amanhã,

Rogo a Deus para que lhe transmita calma,

E com a grandeza de uma alma admire a beleza da Maçã.


Irene sem mesquita e sem turbante,

Mesmo assim será persona non grata,

Sem tapete vermelho a sua espera,

Deus permita que seja calma essa visita;

Que em seu rastro não fique uma tapera...

Que seja Irene nada mais que uma turista.


Nunca neguei minha paixão por Nova York,

Que para mim é uma estrela tão distante,

Mas este amor para mim será perene,

Por isto agora rezo mesmo que a distancia;

E peço a Deus com muita fé no coração...

Que minha paixão seja a paixão de Irene.


Irene bem que podia ir passear no deserto,

Brincar na areia sem fazer mal a ninguém,

Eu também tive uma Irene, uma paixão,

Uma ilusão que qualquer menino tem;

Peço a Deus que deixe um anjo de plantão...

E que não permita que Irene maltrate o meu bem.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011


Eu.

J. Norinaldo.


Eu não tenho o valor que penso ter,

E nem dou o valor que você tem,

E o que tenho não tem nenhum valor,

O amor que imagino não existe,

O valor é algo que vai e vem;

Mas valorizo aquele que tem amor.


Eu não ligo para a dor que me consome,

Não dou nome a tristeza que me invade,

Eu abraço ao um irmão que tenha lepra,

Mas não ensino a rezar a quem não sabe;

Dou caminho a quem tem pressa de chegar...

Nunca entro em lugar que não me cabe.


Nunca faço reverencia a quem merece,

Minha prece é em silencio e sem lamento,

Meu escudo foi fundido de fumaça,

Meu sorriso é fingido e tão sem graça,

Minha riqueza está no meu pensamento.

O meu amor livre como o vôo da garça.


Hoje ando devagar quase parando,

Divagando com o ar de pensador,

Se a ciência está correta no que diz,

O início depois de um ato de amor;

Na corrida entre milhões sobressai...

Sou feliz por que fui um vencedor.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011



Nostálgico.

J. Norinaldo.


Nostálgico passo meu tempo pensando,

No tempo que tive e que tenho a viver,

Tentando lembrar momentos felizes,

Ou de alguns deslizes que não pude esquecer;

O primeiro que sempre me vem à lembrança...

É meu primeiro amor que dediquei a você.


Nostálgico passo pesando os meus erros,

Marcando com xis todas culpas que tive,

Pensando no tempo vivido e o que falta,

Na mesma ribalta de luzes sem cores;

Não existe um segundo amor que se vive...

O primeiro é sempre o maior dos amores.


Nostálgico escrevo o que minha alma manda,

Enquanto a vida remendo, com retalhos de dor.

Como brasas miúdas aquecem o borralho,

Me voltam a lembrança em noites de frio,

O vazio que me fez sentir o pior rebotalho...

Coma morte precoce do meu primeiro amor.


Nostálgico canto a canção que compus,

Com tanto carinho para te ofertar,

Improviso falsetes com notas de pranto,

Ah! Com eu queria tanto pode te falar,

Que o tempo que resta com o tempo vivido...

São apenas retalhos em meu corpo cosido.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


Navegando Vivo.

J. Norinaldo.


Navegando a imensidão do mar,

No marulhar de ondas bordadas de crochê,

Com fios de nuvens trabalhados com capricho,

Que alguma deusa nos momentos de lazer...

Tece sorrindo para agradar seu amor.


O azul intenso que engloba o céu e o mar,

E o marulhar que embala o meu viver,

O vento manso que assopra minha vela,

Que contrasta com a aquarela tão azul...

E com os bordados dessa deusa de prazer.


O céu bordado de estrelas a noite linda,

E o dia finda com a cor púrpura do arrebol,

E o meu barco vai singrando no meu sonho,

A brisa mansa chega com o nascer do sol...

E a deusa linda retornando ao seu chochê.


A vida é linda, é só olhá-la com carinho,

Ver com prazer o crochê que a onda adorna,

E nas estrelas que com a noite o céu borda,

Sentir a vida de manhã quando se acorda...

No meigo beijo da suave brisa morna.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011


A Menina da Janela.

J. Norinaldo.


Por detrás da janela corroída pelo tempo,

A juventude e a beleza que o velho não esconde,

Olhos que não viram essa porta quando bela,

Colorida, com vida, como uma aquarela,

Para onde foi tanta beleza, para onde?


Outra musa que ai também posava,

Que deu a vida para a musa que hoje posa,

Ainda é musa nos retratos do passado,

Bela senhora num vestido cor de rosa,

E o portal esquecido e não pintado.


A janela talvez seja como a vida,

Que pintada não é jovem novamente,

Pagamos caro pelo tempo que é vivido;

Um retrato amarelado pelo tempo,

É colorido pelo tempo que não mente.


Por certo, um dia a menina da janela,

De olhar meigo e um sorriso encantador,

Será um retrato para o tempo colorir

Sua semente o tema para outro poeta...

Desse portal de alguém que já não sorri.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011


Pássaro Livre.

J. Norinaldo.


Vôo livre sobre campo semeado,

Neste vôo ameaçado de extinção,

O meu canto hoje já não faz sentido,

Nem a festa quando o trigo é colhido;

O mundo esqueceu o amor e o encanto,

Pelo meu canto e o valor pelo pão.


E a família que antes semeava junta,

E repartia a colheita numa festa,

Como a ave que voava sem temor,

Tendo a colheita sempre farta da floresta;

A família que plantava se acabou,

Sendo pisada a ave cata o que ainda resta.


Em cada túnel no final há uma luz,

Em cada cruz uma história a ser contada,

Em cada praça há passarinhos a catar restos,

Em cada campo há semente a ser plantada;

Em cada lar há motivos de protestos...

Por cada pão há uma prece a ser rezada.


O sol se põe no fim do dia atrás do monte,

E o monge canta em louvor e devoção,

Mas não se apagam mais o facho da cadeia,

Inexiste diferença se é noite ou se é dia;

Pelas esquinas o clamor a perdição,

E a família come do que não semeia.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Súplica.

J. Norinaldo.

Despojem-me dos meus bens materiais,

Mas não mutilem, por favor, a minha crença,

Devolvam aos Templários seus tesouros,

Extirpem meus malignos tumores;

Não escondam no escuro meus temores,

Nem me forcem a seguir com seus romeiros.


Não desviem o traçado do caminho,

Que sozinho construí a duras penas,

Só por que todo caminho leva a Roma,

A idéia que não soma leva ao nada,

Se não fiz uma senda só pra mim...

Sendo assim, posso escolher outra estrada.


Podem mutilar a minha crença,

Se o meu credo é infundado e sem sentido,

Podem até apagar o meu caminho,

Podem me deixar com meus tumores;

Que meus temores não me deixarão perdidos,

Mesmo tendo o caminho apagado e esquecido.


Deixem-me escrever os meus poemas,

Cujos temas vão surgindo assim do nada,

A herança que tenho para deixar nessa vida,

E minha crença que se foi tola ou foi vazia...

São as marcas que deixarei pela estrada;

No meu tesouro que chamo de poesia.

sábado, 6 de agosto de 2011


Destronada.

J. Norinaldo.


Mulher templária que o tempo reveste de glória,

E a história apontava na frente da guerra,

De posse do cetro ao invés da espada;

Não como a Thêmis vedada da mitologia,

Mas, sim como Gaia deusa da fecundidade,

Que a felicidade e a tudo regia.


Quem tirou das Valquírias o poder da escolha,

Em cavalos alados sombreando a batalha,

Prostituiu Madalena por simples capricho;

Imagem trocada no nicho não por cabedal,

E a deusa jacente já não representa...

A escolha do homem pelo bem ou o mal.


Se as primeiras moedas cunhadas na terra,

Que tomaram o lugar das pedras de sal,

Não continham o sinete da deusa vencida,

O comando da guerra mudava de mão;

Não tiraram das divas o poder, no entanto...

Do santo direito de deusas da vida.


A espada presente no pode da Justiça,

E o cetro da deusa atirado ao chão,

No linho o sinete do sangue da virgem,

Com o poder simplesmente mudando de mão;

E a antiga deusa que a tudo regia...

Continua a rainha, da minha poesia.

terça-feira, 2 de agosto de 2011


Banquete Profano.

J. Norinaldo.


Suprema seja a lei do mais tirano,

Que indica o caminho do cadafalso,

Para aquele que renega o próprio nome,

E se atira ao banquete mais profano;

Bebendo o vinho feito da flor...

Cometendo o crime mais insano.


Se o talo da avenca é fino e frágil,

Quando seca sede o galho para o ninho,

A parreira que dá sombra no verão,

A menina hoje carente de carinho;

Amanhã será a uva para o vinho,

Sem fermento ou a pressa do caminho.


Quem ceifar o trigo antes do tempo,

Quem beber do vinho feito da flor,

Terá sempre um tirano em seu caminho,

Viverá sem conhecer o amor;

Passará nessa vida por passar...

Sem conseguir estuprar a própria dor.