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segunda-feira, 31 de outubro de 2011


Feliz Aniversário Poeta Carlos Drumond.

J. Norinaldo.


Hoje é o teu aniversário Carlos Drumond de Andrade,

Um dia para a humanidade homenagear a poesia,

O que foi escrito em bronze ficará para eternidade,

Hoje a saudade embaça a visão como um véu,

Porém a nossa certeza da tua imortalidade,

Que hoje tem sarau poético no céu.


Recebe hoje poeta a minha singela homenagem,

Nesta mensagem que escrevo com todo carinho,

Querido mestre que a poesia enaltece,

Que a plêiade lá do céu hoje pertence,

Dá um abraço ai no nosso Mário Quintana,

No Mário Lago e no Catúlio da Paixão Cearense.


Que cada poeta hoje lembre ao menos um verso teu,

Que o mundo não esqueceu e nem esquecerá jamais,

Muito obrigado Drumond pela herança deixada,

A poesia garimpada lá pelas Minas Gerais;

Tesouro inesquecível em nossas mentes guardado...

Para sempre Carlos Drumond, por aqui serás lembrado.

domingo, 30 de outubro de 2011


Tristeza do Poço.

J. Norinaldo.

Não posso dizer que estou no fundo do poço, jamais estive, às vezes penso como seria conhecer o fundo do poço que nunca conheci. Sabe por quê? O poço onde me encontro desde que ouvi pela primeira vez falar em felicidade e como ela seria, está sempre cheio, até a boca; de lágrimas, não só as minhas, mas daqueles que param para tentar me consolar, no fim, sentam e choram também. O pior, é que por mais fundo que seja esse poço, por mais que transborde de lágrimas, não consegue saciar a sede da solidão. E ela nunca vem beber sozinha, sempre traz como convidados, a mágoa, a tristeza, a saudade, depois que bebem só por maldade falam sobre: a falta de sorte, a depressão, desilusão e da morte.

Você deve pensar que sou demente, mas a tristeza é um vício e eu sou totalmente dependente. Portanto meu amigo, por favor, nunca experimente. Não deixe cair nenhuma lágrima, lembre-se que isto só contribuirá para manter meu poço mais cheio. Promete?

sábado, 29 de outubro de 2011



Beleza e Vida.

J. Norinaldo.


Entre um cochilo e outro da madorna,

Vejo a aranha que decora minha sala,

Que não cochila sempre atenta a sua teia,

A espreita de quem pensa que se embala,

E que quem voa é superior na vida.


De repente uma linda borboleta,

De asas deslumbrantes colorida,

Se debate ofegante em sua teia,

A aranha na certeza do banquete,

E a bela alimenta a outra feia.


Cujas asas são jogadas como restos,

A beleza que alimenta as paixões,

A natureza nos mostrando seus exemplos,

Só a fantasia se alimenta de ilusões,

Deus não está nos vitrais dos belos templos.


Quem tira do espelho o alimento da vida,

Muitas vezes deixa a alma esfomeada,

A beleza que o espelho nos devolve,

Que afaga o ego e estimula a vaidade...

Na verdade para a alma não diz nada.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011


Desmatar é Preciso.
J. Norinaldo.

Enquanto o homem afia a sua maldita serra,
O verde se vai da terra e o ar fica rarefeito,
Os desertos proliferam como jardins da insensatez,
Pássaros tornam-se carnívoros modificando o perfeito,
Os rios tornam-se sólidos como o caminho da morte,
A terra vomita fogo de tanto engolir rejeito.

A natureza se dane o progresso não tem volta,
E a fumaça que solta vai asfixiando o mundo,
Cavando cada vez mais fundo em busca de algum tesouro,
Petróleo, urano e ouro ou carvão para aquecer o fogo,
Há mais gado do que gente e de repente um estouro...
E a serra fica sem dentes e o homem sem o seu ouro.

Veja ai nesta imagem que brincadeira engraçada,
Hilário, não fosse triste uma verdade sincera,
Que a lei do consumo impera acabando nossas matas,
E os lideres reunidos só falam em economia,
A vida vai se arrastando como um riacho de lama...
Pois para a mãe natureza não existe isonomia.

Onde se plantava trigo hoje se planta maconha,
A diferença é medonha quando se vende a colheita,
E a receita é a mesma, fazer o que, eu não sei,
Quem pode vai construindo fortalezas pra o futuro,
Quem não pode carregando pedras pra erguer o muro...
Até que os cachorros façam xixi nas pernas do rei.


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quarta-feira, 26 de outubro de 2011



Ódio de Espelho.

J. Norinaldo.


Insulto o espelho insensato e desumano,

Que me mostra aquilo que não quero ver,

E não sente pena do meu triste olhar,

Que diz claramente como eu queria ser,

Não é o espelho que critico na verdade,

Ao Criador é a quem tento convencer.


Se não sou belo o espelho nada pode,

Reflete aquilo que está diante de si,

Mostrando apenas a beleza do embrulho,

E as vezes um largo sorriso de vaidade,

Mas a verdade não consegue discernir...

Outra beleza de que tanto me orgulho.


Quem não olha muito bem o pedregulho,

Jamais encontra o diamante que almeja,

Um bom vinho não esconde o seu rosário,

Dependendo de quem serve ou da bandeja,

Um colibri por mais belo e colorido...

Não escolhe no jardim a flor que beija.


Se tudo nesta vida realmente fosse bela,

A aquarela não teria ao pintor utilidade,

E o condor com o seu voo majestoso,

Seria visto com a maior normalidade;

Sabe muito o pintor que fez a tela...

E que pincela para todos... A mesma felicidade.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Meus medos, Meus Lobos.

J. Norinaldo.


Meus inimigos são os medos que acumulo,

Que me espreitam pelas fendas das muralhas,

São mortalhas que esvoaçam nos meus sonhos,

Nos medonhos talhos feitos por navalhas;

Na pele dos lobos famintos que me seguem...

Na busca louca de roubar minhas migalhas.


Os dragões que herdei da distante meninice,

Não protegem as muralhas dos meus medos,

Meus castelos de areia são tão frágeis,

Cujas torres não escondem meus segredos;

E a matilha cada vez sente mais fome...

E os lobos ficam cada vez mais miseráveis.


E os retalhos remendados do meu manto,

Como as pedras de um castelo em ruina,

Como os rastros da matilha sobre neve,

Ninguém se atreve a tentar mudar a sorte,

Seguir a frente da matilha esfomeada...

E numa curva, dar de cara com a morte.


Se o sorriso da hiena é tão sem graça,

E a fumaça do incenso tem perfume,

A flor de lótus só nasce onde existe lodo,

E a roseira tem as raízes no estrume;

Eu já não sei se os lobos são meus medos...

Ou os segredos que escondem meu ciúme.

domingo, 23 de outubro de 2011

Caçar.
J. Norinaldo.

Coçar e caçar é só começar, caça-se os tiranos, mas se deixa as tiras, as tiras de panos, que outros vão usar enfeitando o peito, prometendo ao povo não tiraniar, mas por trás das tiras há tantas mentiras como água no mar. Mudança no trono, troca de tirano pra depois caçar. Os velhos chacais que tanto caçaram, hoje olham para trás vendo que a caça não se curva mais. Caça-se um tirano, mas se deixa a tira e o mar de mentira cresce muito mais, enfeita-se o trono e vem outro tirano prometendo paz, e a tira de pano já tem novo dono com um novo escudo, passam-se os anos e os novos tiranos vão esquecendo tudo; Até que um dia no meio do povo surge um grito novo pra recomeçar, ninguém aguenta mais, com tantos chacais então vamos caçar. Se foi o Saddan e agora o Kadafi e o próximo quem será? Se você é tirano, que vá se cuidando a estação de caça está só começando.


Como se Fossem Pérolas.

J. Norinaldo.


Como se fosse pérola me fiz ao mar,

A ti buscar como se fosses ostra,

Sem sons de búzios a me orientar,

Para em teu ventre me fecundar,

E enfeitar teu colo num lindo colar.


Ao rasgar a fúria da onda espumante,

Como o navegante que vence a procela,

Longe da areia me enroscando em algas,

Que dançam se embalando em vagas,

Ou as águas vivas num doce bailar.


Como conchas livres dentre os sargaços,

Buscando teus braços pra não naufragar,

Como uma pérola em busca de um regaço,

E tu fosses uma ostra a me resgatar...

Pra enfeitar teu colo num lindo colar.


Em teu colo, o vale de túmidos montes,

Deslizo meus lábios macios a te acariciar,

Como se fossem ondas ao sabor do vento,

Sentindo o gostinho desse teu suor,

Colado aos teus seios... Como se fossem pérolas.

sábado, 22 de outubro de 2011



O Maior e Mais Belo Poema.

J. Norinaldo.

Eu te amo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


O Castelo e o Barraco.

J. Norinaodo.

Uma vila de castelos tão bela, um retrato e não uma tela, que peguei por papel de parede, que beleza o homem constrói, pena que não vê o quanto destrói a maior delas que é a natureza. Vejo as nuvens escuras no céu, no meu lindo papel de parede, como se o alto ignorasse a beleza das torres, assim como a água não escolhe de quem mata a sede. Os pássaros fazem seus ninhos sempre iguais, o que canta mais não constrói um castelo, e nem sempre o mais belo é o que canta mais, por que não seguimos esse exemplo, e usamos o ouro do templo, que tiramos da encosta do monte, para tirarmos de debaixo da ponte, nosso irmão nosso semelhante, antes que a enchente o faça por nós? As nuvens brancas num céu azul noutra tela, sobre os telhados pobres de uma favela, não tem nenhum significado, e o castelo não desdenha o barraco, como o homem mais fraco, é por seu semelhante pisado. Até mesmo por que, se pensasse iria saber o que é ser mais, forte ou mais fraco, e também que quem o construiu, foi aquele que habita o barraco. Mas, nem sempre quem faz é o dono, numa noite sem sono escrevi este texto, que achei tão bonito, dormi e sonhei, mas não entendi, onde me inseri no meu próprio contexto.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011


Poeta e Palhaço.

J. Norinaldo.


Hoje é dia do poeta e nem sei se poeta sou,

Pois falo tanto em amor sem saber se sou amado,

Não sou poeta letrado como um que havia em Lisboa,

Que dizia que o poeta é um grande fingidor;

E eu digo que o poeta faz a dor fingir que é boa,

A razão se faz de atoa na rima do trovador.


Manipulando as palavras entre rosas e espinhos,

Cria seus próprios caminhos as vezes andando a esmo,

Canta o inferno de Dante perante o dono do céu,

As vezes oferece mel e serve fel a si mesmo;

Existem poetas ricos que vivem em grandes mansões,

Assim como existiu Camões existem, os poetas de Cordel.


Todo poeta é feliz, quem não é poeta pensa,

Não chega a se uma crença, mas é quase uma cultura,

Se não houver amargura, dor e muito sofrimento,

Não haverá poesia com o mais puro sentimento;

Quem tem um poeta em si jamais terá paz na vida...

É como uma ferida para a qual não há lenimento.


O poeta não é fingido, pode ser um fingidor,

Que finge que está sorrindo para melindrar a dor,

Como um palhaço triste com seu rosto lambuzado,

Que se finge de molambo com suas calças folgadas;

As vezes chora por dentro, mas o show tem que seguir...

Por quem está na ali... Pagou para dar risadas.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


A Montanha e a Vala.

J. Norinaldo.


Chega um momento em que a vida nos encurrala,

De um lado está a montanha, do outro está a vala,

São somente essas opções e você tem que escolher,

Jamais poderá voltar e recomeçar novamente,

A única indicação é continuar em frente,

Ou você escala a montanha, ou ela escala você.


Só você pode escolher entre a montanha e a vala,

Não como o quarto e a sala feitos para o seu lazer,

Nem uma simples corrida na qual você se escala;

Não há medalhas no fim para aquele que vencer,

Muitos por covardia preferem escolher a vala...

Nada plantaram na vida e nada tem pra colher.


Lá no cume da montanha ninguém sabe o que existe,

O mais triste é que a vala todo mundo já conhece,

Como o sol nasce pra todos assim é com a montanha,

A vala para o fraco que a montanha não merece,

No final só a montanha continuará de pé,

Quem sabe para outro sermão do Homem de Nazaré.


Cada dia que passa a montanha fica mais alta,

Enquanto alguns se arrastam tentando chegar ao cume,

Muitos têm o seu cajado como as garras da fé;

Enquanto a vala se alastra com seu mórbido perfume,

Mas sem ciúme do monte recolhendo o que lhe cabe...

Como quem sabe que no fim, só a montanha continuará de pé.

terça-feira, 18 de outubro de 2011


Eu Fui Feliz.

J. Norinaldo.


Meus mortos são meus dias que se foram,

Meus nãos, que falei sem refletir,

O eu te amo que retive por pirraça,

O perdão que eu nunca te pedi;

Só agora sei que a pior desgraça...

É dizer: um dia eu fui feliz.


Não é tarde para te pedir perdão,

Meus nãos, até posso redimir,

Eu te amo, eu já aprendi dizer,

E mais, que na vida tudo passa;

Agora, dizer que eu fui feliz...

Ainda é a pior desgraça.


Meus dias, não voltam isto eu sei,

Tambem sei que errei ao falar sem refletir,

Te amo, mas teimei em te esconder,

Perdoa-me por mais essa trapaça;

E lembra-te que dizer eu fui feliz...

Ainda é a pior desgraça.


Num jogo onde as cartas são marcadas,

E a vida trapaceia o tempo todo,

Com as figuras coloridas do baralho,

Mas o atalho para escapar dessa trapaça,

É não fazer tudo igual ao que eu fiz,

Pra no final... Falar somente em desgraça.

domingo, 16 de outubro de 2011

A Esquina dos meus medos.

J. Norinaldo.


Pelos traçados que a vida me determina,

Em cada esquina há um lobo a minha espera,

Em cada vulto uma história e algum segredo,

Se a minha sobra me segue não há escuro;

Se estou, seguro minha alma não se altera,

E nenhum lobo avançará sobre o meu medo.


Se no deserto não há sombra e nem esquina,

E mesmo assim esses lobos me perseguem,

Enquanto as dunas são movidas pelo vento,

E os meus lobos seguem no meu pensamento;

Ouço seus uivos na tempestade de areia,

Vejo seus vultos no clarão da lua cheia.


Se no mar existem sombras, não esquinas,

E os meus lobos uivam triste mesmo assim,

Até quando pairará sobre mim este segredo?

Enganou-se quem traçou a minha vida?

Ou seriam os lobos guardiões desse meu medo?

Quando terei essa dúvida esclarecida?


Como seria o deserto florestado e florescido,

Como seria o meu traçado sem esquinas,

O que seriam dos meus lobos sem meus segredos?

Quem daria essas respostas sem temer,

Que o mundo devastados que hoje temos pra viver...

É bem mais triste que as esquinas dos meus medos?


Procura-me.

J. Norinaldo.


Enxerga-me no teu vidro de perfume,

Sente-me no roçar do teu batom,

Descobre-me na sombra da roseira,

Nos raios de sol pela manha,

Na brisa que acaricia teus cabelos,

No doce perfume da maçã.


Quando uma gota de suor te percorrer,

Não interrompas o seu doce deslizar,

Nos sutis arrepios dos teus pelos,

São meus beijos mais safados procurando,

Como o vento alcoviteiro inconseqüente,

Outros lábios perfumados pra beijar.


Ouve a brisa cochichar-te ao pé do ouvido,

E a flor se abrindo a receber a invasão,

Na tumidez dos teus montes que se erguem,

Nos gemidos que te afloram na garganta;

Nos tremores do teu templo em ebulição,

É o acme do amor que te acalanta.


Lembra-me no teu grito que liberta,

Quando te entregas ao amor sem marasmo,

Procura-me no escuro da noite mais silente,

Nas convulsões quando o teu corpo sedento,

Explode no furor do teu mais doce entusiasmo,

Encontra-me no tremor mais violento...

No momento do teu verdadeiro orgasmo.

sábado, 15 de outubro de 2011


A Ti Portugal.

J. Norinaldo.


Não apague a estrela do meu sonho,

Nem que seja com a mais lúcida intenção,

Não deboche do meu verso mais singelo,

Não desvie a choupana que me abriga;

Não me siga até o átrio do castelo...

Procurando encontrar uma alma amiga.


Busquei em aldeias brancas do além-mar,

Me acalantar com lindos fados e canções,

Naveguei as ondas de um mar de vaidade,

Pensando encontrar a minha felicidade,

Num poema escrito por Florbela Espanca;

Ou embalado pelos versos de Camões.


A estrela do meu sonho é meu farol,

Que me leva ao atol dos teus corais,

Portugal é um amor já tão antigo,

Teu brasão vai estar sempre comigo;

Até quando não possa navegar mais,

Mas estes versos para ti são imortais.


FELIZ DIA DOS PROFESSORES.

J. Norinaldo.


Para quem segurou o archote, que liberou-me aos poucos dos grilhões da ignorância, que guiou-me para fora da caverna do desconhecimento, mostrando-me as belezas que existem muito além do horizonte, para quem com carinho e dedicação, segurou a minha mão e sentiu tanta emoção quando rabisquei a letra A. A de Amor, A de admiração, Depois veio o B o C em seguida veio o D, esse D de devoção. Aos poucos aprendi todo o alfabeto e com o mesmo copleto aprendi escrever Dor, escrevi cartas de amor, e li cartas com tristeza, porém tenho uma certeza que a vida me ensinou, serei sempre um aprendiz, e jamais seria feliz, não fosse o meu Professor (a).

Por isto, hoje transbordando de emoção, dedico todo amor do meu coração a quem me ensinou o B A Bá. Queria ser um poeta para poder poetar, para poder explicar a lembraça mais duradoura, podemos até esquecer a primeira namorada, porém jamais a primeira Professora.

Feliz dia dos Professores, em Especial a D. Joana Francisca da Silva. D. Joaninha. Para Sempre te Amarei.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011


As Veredas do Meu Sertão.

J. Norinaldo.


Pelas grandes veredas do sertão,

Perdido numa língua diferente,

Viajei a lonjuras tão distantes,

Com dizeres de tão belo soantes,

Que no sertão assustava muita gente...

Com pouco estudo e também pouco pensantes.


O que aprendi confundiu o que sabia,

Como a água no meio das labaredas,

Não bastando Ulisses e guerra e paz,

Descobri no sertão dessas veredas,

Quão pequeno é o meu conhecimento,

E que preciso aprender cada vez mais.


Da camisa de algodão quadriculada,

Existe tanta diferença para a seda,

E o caminho na caatinga entre espinhos,

Leva a Roma como todos os caminhos,

Só não sabia que se chamava vereda;

E quanta coisa que não se aprende sozinhos.


Pelo sertão das veredas em que nasci,

E percorri cantarolando o cordel,

As palavras que saiam enfileiradas,

E que falavam de cangaço e coronel;

Nem sabia que há sertões diferentes...

Que igual é só o nome num papel.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011


Minha Homenagem ao Poeta do Sorriso.

José Vasconcelos.

J. Norinaldo.


A nostalgia de um poema de Drumond,

Trouxe-me o som do bolero de Ravel,

A alegria de um barco que retorna,

E na madorna eu senti que Gabriela,

A boca morna, da virgem dos lábios de mel

Beijava-me com a ternura de quem ama.


Numa estrofe de um poema de Cecília,

Vi uma abelha fazendo amor com uma rosa,

Como se as pétalas fossem uma colcha branca;

Escrevi então esta simples prosa,

Para lembrar a loucura de outra poetisa,

Que indecisa, se matou: Florbela Espanca.


E nas histórias que faziam o povo ri,

Eu incluí como um dos poemas mais belos,

Que conheci e me deixavam tão feliz,

Nos palcos simples, nas mansões ou nos castelos,

Que a imortalidade concedida aos poetas...

Seja estendida por mérito, a José Vasconcelos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011


Angústia.

J. Norinaldo.


Minha insônia e a chuva na janela,

E o retrato na parede a me sorrir,

O cansaço do corpo me domina,

O barulho daquela chuva fina...

E o colchão como a cama de um faquir.


E o pavor de sonhar o mesmo sonho,

E o medonho terror ao acordar,

Sabendo que não há ninguém aqui,

Apenas uma lembrança que não morre...

E aquele velho retrato a me sorrir.


Amanhece e a chuva continua,

Como lágrimas a correr pela vidraça,

Nem o sol vem para me acudir,

O cansaço em fim vence e adormeço...

Vendo aquele retrato a me sorrir.


Já pensei em me livrar do retrato,

Ou me mato e o retrato fica ali,

Até hoje nada disso aconteceu,

Sempre falte-me coragem afinal...

Quem está nesse retrato sou eu.

O Elo Perdido.

Voo nas asas da imaginação buscando o desconhecido, o elo que foi perdido e nunca mais encontrado, antes que a humanidade esqueça o elo de vez, trocando a insensatez pelo belo da verdade. Às vezes estou nas nuvens outras no fundo do mar, mas ainda hei de encontrar a pedra filosofal, que alguém escondeu por mal, ou por simples brincadeira, como o rouba bandeira que brincava no quintal. Quem sabe numa estrela entre um milhão que existe, onde o meu olhar triste vasculha sem encontrar, sem perder a esperança, quem sabe está na inocência da criança, na estrofe de um poema. Na chuva em minha janela, nas cores de uma aquarela no vomitar de um vulcão. Já estou quase chegando a conclusão: que a pedra filosofal, e o meu próprio coração, que une o bem do mal. Será?

terça-feira, 11 de outubro de 2011


DIA DA CRIANÇA.

Guerra das Meninas.

J. Norinaldo.


No teatro de guerra armas diferentes,

Na luta travada só um vencedor,

Aquele que cego pela loucura,

Arvorado na força da indecência,

Investe sem dó contra a inocência;

Saciando a tara na fruta imatura.


Meninas que brincam no parque inocente,

Indiferentes às rapinas humanas da vida.

O sorriso doce trocado por doces malícias,

A maldade no toque de cada carícia,

Nos gemidos que selam a proteção fingida.

No prazer que alimenta a mente corrompida.


Meninas cujas armas são lágrimas de dor,

Que regam os jardins tenebrosos na vida.

Absurdos que a lógica não sabe explicar,

Capaz de esmagar uma rosa ainda em botão,

Destruindo sonhos lindos sem nenhuma razão...

Como ervas daninhas que cobrem o pomar.


Meninas mulheres, velhas inocentes,

Mariposas mirins que entristecem as esquinas.

Tenros repastos de bestas humanas,

De cancros que a própria sociedade pariu.

Cada vez mais meninas veteranas de guerra...

E o mundo girando finge que nada viu.


A Felicidade dos Olhos.

J. Norinaldo.


O homem adquire o mosaico mais caro,

Sobre ele coloca o tapete mais belo,

Depois compra a gueixa de sorriso mais raro,

Para pisar sobre eles com seu rico chinelo;

Não é para os pés que se enfeita o salão...

E sim para os olhos se faz o castelo.


O pássaro negro de canção tão bela,

Canta na cancela da entrada da quinta,

Outro colorido como uma aquarela,

A beleza que tem não é ele quem pinta;

O pássaro negro não escreve a canção,

Nem o colorida necessita de tinta.


O espelho revela a beleza que almejo,

Vejo e revejo sem nunca me cansar,

Até que um triste sorriso me sirva de mote,

Eu cubra o espelho para não mais olhar,

O mosaico se gaste e o tapete desbote...

E a gueixa mude, o seu jeito de andar.


Talvez muito tarde descubra a verdade,

Que a felicidade não está só na visão,

Que o rico tapete estará, um dia no lixo,

O mosaico pintado com tanto capricho;

Ou o andar lascivo da gueixa que compro...

Não seguem comigo para baixo do chão.

domingo, 9 de outubro de 2011


Meu Vício é Amar.

J. Norinaldo.


Sonambulo de um sonho induzido, conduzido ao limbo ao umbral, conheci o inferno não de Dante, estive diante do seu sumo Marechal. Não buscava a pedra filosofal, mas o prazer de um orgasmo infinito, não o sonho proscrito da alquimia, e sim a grande obra da ousadia. Acreditei ser sábio quem me induziu, ser um amigo que conhecia o percurso, enganei-me era o tal amigo urso, cujo abraço é como um fio de um punhal.

E agora o que faço ao acordar, se o fracasso foi o preço da aventura, posso até remendar a minha alma, mas as feridas da carne não tem cura? Hoje o pavor de dormir sem indução, e retornar aos lugares onde estive sem saber na verdade onde vive este orgasmo que eu tanto procurei.

Prometeram-me amor e felicidade, na verdade foi o inferno que encontrei, por isto quero a avisar aquele que não conhece, nenhum ser humano merece, passar na vida o que eu passei, em busca das mentiras do espelho, fui cheirar essa porra que cheirei.

sábado, 8 de outubro de 2011


Soberba.

J. Norinaldo.


Se o peso do fardo me enverga,

E quem enxerga sorri da minha postura,

Por maldade e depois se arrepende,

Jamais será um sábio nesta vida,

Mesmo que venha um dia a se envergar...

Passará a vida na escola e nada aprende.


A capa de um livro não te mostra o conteúdo,

Nem tudo que belo é e colorido e colossal,

O exemplo da cobra coral que é bela e colorida,

Ou da flor da Papola quando para o mal é colhida,

Podem muito bem te ceifar-te a vida...

A beleza não separa o bem do mal.


Quem sorri do homem curvo ou que se arrasta,

Se afasta daquele que por amor morreu por nós,

E talvez repita aquele gesto novamente,

De que serve então o seu arrependimento,

Se o ofendido ouviu só seu sorriso não a voz,

Dizendo eu prego aqueles cravos novamente?


Pense muito bem antes de sorrir do semelhante,

Você um dia pode vir também a se arrastar,

A ser motivo de galhofa de alguém sem coração,

Lembre-se da beleza que tem a cobra coral,

Mas, no entanto seu veneno é tão letal...

A flor da urtiga jamais queima sua mão.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011


Meu Outro Eu.

J. Norinaldo.


Quem me segue pela vida desde que aqui cheguei , ouve meus prantos nas masmorras dos meus medos, os meus segredos que tento esconder do mundo. Leva as mãos a cabeça em desespero, abre os braços, mas não sorri quando feliz, não consegue me amparar quando o sol queima, no deserto concorrido da maldade. Mas pode amparar um semelhante, que pode me ceder o seu amparo. Imita-me em tudo o que faço, pode abraçar um inimigo como faço; faz tudo, mas não pensa como eu penso, por isto não me avisa dos tropeços, se distrai como eu em algum passo. Aonde houver luz está comigo, do sol ou de uma simples lamparina, não sei se está no fim do túnel, ou se segue comigo e não a vejo. Beija quem eu beijo, não sei se também ver o que vejo, se almeja o que almejo. Não sei se fica ou vai comigo, na última viagem dessa vida, não sei se existe luz para onde vou, se é que vou a algum lugar depois da última despedida. Sou ingrato e não reparo em minha sombra, e o que mais me assombra... é que nunca reclamou. E você, já reparou na sua sombra?

domingo, 2 de outubro de 2011


Carta de Amor.

J. Norinaldo.


Minha querida, neste momento é exatamente assim que estou: Colando os cacos da alma, com a resina da dor, tentando encontrar amor no fundo de uma trincheira, na carta manchas de sangue e lágrimas de saudade, pra quem a felicidade ficou pra lá da fronteira. Enquanto o canhão ressoa, nesse bordejar insano, a vida vai se apagando, aqui, ali acolá. Porém se um dia voltar, farei tudo diferente, lembra a colina da gente, vou fazer dela um jardim, plantar rosas e jasmim e um belo gira sol, quando as cores do arrebol forem sumindo atrás do monte, enquanto vejo a sombra da ponte do riacho cristalino, onde brincava em menino a sonhar em ser feliz, não sei o que foi que fiz pra merecer esta guerra, longe de ti e da terra que um dia me viu nascer, mas não pretendo morrer sem realizar meus desejos, matar a fome de beijos que sinto da tua boca, acalmar a ânsia louca, que me causa tanta dor; e neste dia prometo, colarei com muita calma, os cacos da minha alma, com a seiva do nosso amor.


Bem Te Vi.

J. Norinaldo.


Esta noite eu tive um sonho tão lindo,

Voltava a ser um menino outra vez,

A vida voltava a fita, mostrando a felicidade,

A beleza que eu via nas cores do arrebol,

Que o amor é o mesmo para qualquer idade...

E a terra é uma linda flor de girassol.


Eu corria feliz sozinho num imenso trigal,

Cantando, sorrindo e gritando a esmo,

Abanando para a s nuvens, como minha platéia,

Se não agradava o mundo, agradava a mim mesmo;

Este sonho me trouxe de volta para a vida...

Minha tristeza se foi, para onde? Não faço idéia.


Acordei com o canto de um Bem Te Vi,

Parecia dizer que estava em meu sonho também,

Quem sabe cantava comigo tanta felicidade,

Mostrando-me que a vida é o que a gente faz;

E que felicidade e amor não depende de idade...

Respondi: eu também já te vi, e quanto bem me faz.


Abri a janela e o sol penetrou o meu quarto,

E a brisa meu rosto acariciou de mansinho,

Como um suave beijo que o dia me dava,

Enquanto cantava o meu Bem Te Vi;

Emendei o meu sonho com a realidade...

Agora sei, ser feliz, não depende de idade.

sábado, 1 de outubro de 2011


Boi da Cara Preta.

J. Norinaldo.


Sei que não sou como queria ser,

Mas também não podia, por que não pedi,

Quando era uma criança éramos todos iguais,

Só depois descobri que tem uns mais normais,

Mas, só vim, a saber, isso depois que cresci.


As canções de ninar que me deixavam acordado,

Quando eu nem sabia o que era careta,

O preconceito velado pelo boi era franco,

Vem pegar esse menino boi da cara preta,

Por que não podia ser um boi todo branco?


Só depois descobri que o escuro inexiste,

Que o amanhã não chega, pois está no futuro,

Que o passado se foi como carga de um bonde;

Que não devo jamais temer o escuro...

Mas, sim aquilo que nele se esconde.


Pela estrada da vida hoje canto sem ritmo,

Lembrando a cara preta do boi da canção,

Correndo talvez sem saber para onde,

Querendo quem sabe um lugar no bonde...

Que está na estrada, só que na contramão.