Translate

segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Meus medos, Meus Lobos.

J. Norinaldo.


Meus inimigos são os medos que acumulo,

Que me espreitam pelas fendas das muralhas,

São mortalhas que esvoaçam nos meus sonhos,

Nos medonhos talhos feitos por navalhas;

Na pele dos lobos famintos que me seguem...

Na busca louca de roubar minhas migalhas.


Os dragões que herdei da distante meninice,

Não protegem as muralhas dos meus medos,

Meus castelos de areia são tão frágeis,

Cujas torres não escondem meus segredos;

E a matilha cada vez sente mais fome...

E os lobos ficam cada vez mais miseráveis.


E os retalhos remendados do meu manto,

Como as pedras de um castelo em ruina,

Como os rastros da matilha sobre neve,

Ninguém se atreve a tentar mudar a sorte,

Seguir a frente da matilha esfomeada...

E numa curva, dar de cara com a morte.


Se o sorriso da hiena é tão sem graça,

E a fumaça do incenso tem perfume,

A flor de lótus só nasce onde existe lodo,

E a roseira tem as raízes no estrume;

Eu já não sei se os lobos são meus medos...

Ou os segredos que escondem meu ciúme.

Sem comentários: