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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012




Temor.
J. Norinaldo.


Não sou covarde por temer a morte,
E nem tão forte para sair ileso,
Não posso culpar a quem me deu o fardo,
De manter a chama do farol aceso;
De traçar caminhos por onde não ando,
Curvando  os ombros ao sabor do peso.

Se a flecha atirada já não tem mais volta,
E o vento revolta os cabelos da vida,
E o peso do fardo se soma ao cansaço,
De nada me serve me aliar a morte;
Camuflando a estrada e aviando o passo...
De cabeça baixa como um boi de corte.

Melhor não fingir com resignação,
E estagnar  o passo no meio da estrada,
Com o peito arfante com o peso do fardo,
E o medo da morte deixa a vista turva;
Que em cada moita vê um leopardo...
Enquanto a morte espreita no gancho da curva.

Represar o pranto no seio da vida,
A espera da morte única certeza,
É aceitar a dor por antecipação;
Sentindo prazer ao carregar o fardo,
É passar pela vida sem ver a beleza...
Que brota da dor no poema do bardo.

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