Meu Amor e meu Amigo Predileto.
J. Norinaldo.
Lembro-me era bem menino, numa
noite diferente, gente calada ou chorando, acendiam velas e ajeitavam flores sobre enfileiradas tumbas, eu entre elas, entendendo
muito pouco, sem ter a quem perguntar, sem ter por perto, meu amigo predileto,
que ficava bem quieto, de repente levantava
a cabeça e perguntava: E a Guerra? Em volta de um túmulo bem cuidado, eu a
olhava encantado, mesmo na sua tristeza, não escondia a beleza daquele rosto
bem talhado. E eu ali admirado, sabendo que ela era minha, depois em minha
casinha quando apagassem a lamparina, meu catre virava um trono, eu era então o
seu dono, o seu amor e seu rei. No outro dia no recreio da escolinha, eu
contava o que sonhara ao meu amigo predileto, que ficava muito quieto de repente levantava a cabeça e perguntava: e a guerra? A vida
seguiu seu rumo e fui seguindo a vida, nunca esqueci aquele deusa querida, nem
lembro se tinha seios; voltei cinquenta anos depois, andei por quase toda a terra,
fui militar não fui a guerra, que tanto temia meu amigo predileto, que agora
estava tão quieto, bem próximo aquele túmulo bem cuidado, O seu um tanto
abandonado que agora tinha ao seu lado,
um outro com um anjo tão bem pintado com o rosto da deusa que era minha.
Sem ela minha história se encerra, e também sem meu amigo predileto, fico eu
agora bem quieto e de repente levanto a cabeça e pergunto: Por que a guerra?
1 comentário:
Mais um excelente texto, bom para reflexão! Abraços
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