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domingo, 10 de junho de 2012





Meu Amor e meu Amigo Predileto.
J. Norinaldo.


Lembro-me era bem menino, numa noite diferente, gente calada ou chorando, acendiam velas  e ajeitavam flores sobre  enfileiradas tumbas, eu entre elas, entendendo muito pouco, sem ter a quem perguntar, sem ter por perto, meu amigo predileto, que  ficava bem quieto, de repente levantava a cabeça e perguntava: E a Guerra? Em volta de um túmulo bem cuidado, eu a olhava encantado, mesmo na sua tristeza, não escondia a beleza daquele rosto bem talhado. E eu ali admirado, sabendo que ela era minha, depois em minha casinha quando apagassem a lamparina, meu catre virava um trono, eu era então o seu dono, o seu amor e seu rei. No outro dia no recreio da escolinha, eu contava o que sonhara ao meu amigo predileto, que  ficava muito quieto de repente levantava  a cabeça e perguntava: e a guerra? A vida seguiu seu rumo e fui seguindo a vida, nunca esqueci aquele deusa querida, nem lembro se tinha seios; voltei cinquenta anos depois, andei por quase toda a terra, fui militar não fui a guerra, que tanto temia meu amigo predileto, que agora estava tão quieto, bem próximo aquele túmulo bem cuidado, O seu um tanto abandonado que agora tinha  ao seu lado, um outro com um anjo tão bem pintado com o rosto da deusa que era minha. Sem ela minha história se encerra, e também sem meu amigo predileto, fico eu agora bem quieto e de repente levanto a cabeça e pergunto: Por que a guerra?

1 comentário:

Ineifran Varão disse...

Mais um excelente texto, bom para reflexão! Abraços