Translate

sexta-feira, 31 de agosto de 2012



A Palavra amor.
J. Norinaldo.


Enquanto balbucias impropérios, como sobras dos discursos do poder, em nome de um deus no qual não crer, nem na própria loucura da mentira. Quem será o criador desta palavra, que surgiu não sei quando e prosperou, é sucesso já por muitas gerações e ninguém até hoje a patenteou; quatro letras como as pilastras de um templo, de exemplo que se chamaria “Amor”.
Amor a Deus, amor ao próximo, amor a mim, amor  aos animais, amor assim não seria amor de mais? Ou talvez seja somente mais um impropério que sobrou, pois na verdade se existisse amor seria simplesmente, nada mais do que Amor.
Quem pensa assim deve pensar: Deus me fez belo num momento de felicidade e bom humor, simples invenções assim como a palavra “Amor”.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012




Malícia da Chuva.
J. Norinaldo.


Os pingos da chuva que caem em tua mão, como um toque de carinho e amizade, são iguais aos que escorrem entre os teus seios, percorrendo toda a tua intimidade, na caricia intimista do caminho, o carinho em cada pelo que se eriça, até o átrio da fonte que inebria. Como sinto inveja dessa chuva passageira, se eu fosse a chuva não passava nunca mais, ou não parava de passar sobre o teu corpo, nem que os mares transbordassem sem parar. Ah! Essa chuva que te percorre o corpo inteiro e ainda rouba o perfume que há em ti, como é que não vou sentir ciúme, se ela senti o que eu nunca senti? Simplesmente eu não sei o que fazer, para aproveitar esses pingos, depois do teu corpo percorrer.


Minha Dúvida, Minha Máxima Dúvida.
J. Norinaldo.


No segredo escondido dos Templários, ou no mural onde Da Vince escondeu, o que não conhecia uma noviça, enquanto a mão do mestre pincela, vai surgindo por trás da grande tela, outra tela como areia movediça;  em que virgens em poses divinais, enfeitam a paisagem dos vitrais, mas que o poeta encontra entre elas, bacantes fugidas de outras telas. Só agora chegam a luz os sinais, , que o mestre escondia dos seus pares, pintou as crinas do cavalo do profano, para enfeitar os dosséis  de alguns  altares e se pintou no santo pano.
Afinal o que foi Da Vince para o mundo? Um ímpio, um profano, um pecador? O que será que mais importa? O que ele foi, ou o que aqui  deixou?

terça-feira, 28 de agosto de 2012




Não Temos Culpa.
J. Norinaldo.


Se você não me entende, não se culpe não me culpe, também não entendo a todos nem conheço quem entende, é errando que se prende e foi assim  aprendi, que quando estive mais confuso, foi ai que te entendi. Se o meu poema está turvo, se o meu sol não brilha tanto, se as flores que eu planto não encantam o colibri, se isto não me tira a calma e nem me atordoa a alma, é sinal que entendi. Se você me culpar eu te entendo, não te culpo só por não me entender, se o teu poema for mais turvo que os meus, se as tuas flores nem sequer chegam a nascer, somente Deus nos fará compreender; não tenho culpa nem como culpar você.


sábado, 25 de agosto de 2012




O Retrovisor.
J. Norinaldo.



Sabe, quando eu vinha para cá, de repente me veio a mente um pensamento, e como não poderia deixar de ser, eu comecei a pensar; olhei lá fora, pela janela do carro, e o que vi? Vi a vida acontecendo, senti no rosto o afago da brisa da manhã, e sabe o que me lembrou? Isto mesmo, lembrou-me do Louco de Kalil Gibran. Pensei na máscara que usei por tanto tempo, e que me negava o vento de me fazer tal carícia, que delícia e quanta estupidez, quanta insensatez por simplesmente não viver. Passava uma linda moça, parei o carro e lhe chamei, quando se aproximou eu lhe falei, falei em voz alta quase gritei: Moça! Eu sou feliz! Ela saiu em disparada, não quis mais saber de nada, corria e corria para trás, as vezes olhava apavorada para a frente, sim, corria para trás sim senhor, por que eu agora a via pelo retrovisor. Liguei o carro, segui em frente, vendo agora tudo, tudo diferente, pelo para brisa via o presente a caminho do futuro, vez por outra olhava o retrovisor, e nele via o passado, que foi presente, foi futuro, mas passou. O para brisa e o retrovisor tem tamanho diferente, um mostra atrás outro a frente, um o que foi outro o que é, o que será é mistério, um segredo bem guardado,  existem duas certezas, uma:  o para brisa é maior e o retrovisor minguado, a segunda é que ninguém... Jamais, irá morrer no passado.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012




Eu Cafajeste.
J. Norinaldo


Tenho dentro de mim um cafajeste, que assume todos os erros que cometo, desde que tudo fique só entre nós dois, não ultrapassem as paredes desse gueto. Tenho também duas feras conhecidas, uma se chama bem a outra mal, entre o meu  cafajeste e essas feras, existe uma distancia abismal. Duas feras que lutam o tempo todo, rolam no lodo como simples animais, no fim vencerá aquela fera, a quem eu sempre alimentei mais. Meu cafajeste não toma parte da luta, prefere as cartas marcadas de preferência, mas não aposta em qual fera vencerá, meu cafajeste pode até não ter caráter, mas não lhe nego um voto de consciência. E a respeito da diferença abismal, se o meu cafajeste não é o bem, também não o aponto como o mal. Desconheço a origem desses três, mas  cultivo comigo um sentimento, não deixar que meu cafajeste nunca esqueça, que somente eu...É que as feras alimento.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012




Casa Velha.
J. Norinaldo.


Esta casa já foi nova, tinha reboco e pintura e uma linda trepadeira lhe emoldurava a janela; que esta jovem hoje ai fora a tardinha vinha e se  debruçava nela. O tempo embaça a tinta e a pintura se vai, o reboco também cai como as flores da moldura, e o batente se gasta, o tempo não se afasta, não passa como se diz, vejam esta jovem feliz, que é do tempo da pintura, jamais perdeu a candura e hoje é quem emoldura a beleza derradeira, rebocando com a saudade e pintando a felicidade com lembrança as flores da trepadeira.
O tempo reboca a vida e às vezes lhe pinta mal, uma simples demão de cal que provoca rachadura, como os rabiscos do rosto, uma escrita de mau gosto que sempre estraga a pintura. Hoje a casa sem ter grandeza nos ares, já não atrai os olhares como a beleza da lua, é como uma velha nua que com pudores se cobre com o velho lodo pobre, e pouco, do que sobrou do reboco... E os restos da pintura.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012




Ao Mestre com Tristeza.
J. Norinaldo.


A tristeza não me assusta a solidão não me intimida, eu aprendi com Bukowski  a caçoar desta vida, se um cão me lambe a mão eu lambo a boca da morte, nunca precisei de sorte para me fazer sorrir; vejo nas cicatrizes do rosto a escrita torta da alma falha, que fugiu de algum asilo fantasiada de mortalha. A minha vida é uma migalha que sobrou de algum banquete, meu mais rico palacete uma privada de hospital. Bukowski  nunca foi mal, foi  realista por gosto, usou seringas por taça ao ter a própria desgraça desenhada no seu rosto.
A tristeza não me assusta, Bukowski foi o meu mestre, como a figura rupestre que o tempo não apagou sobreviveu, já não me causa desgosto, o que tenho escrito no rosto e nem odeio quem escreveu.
A solidão não me intimida, a morte não me assusta, já que nivela por baixo quem nesta terra viveu, não só o mestre Bukowski, vive você vivo eu.



Passei a chuva em casa.
J. Norinaldo.


Hoje fiquei em casa, choveu o dia inteiro, amanhã se não chover,  também não tenho onde ir, este mês eu fico em casa, ninguém me deixa sair, não posso sair sozinho tenho medo de cair; não tem quem saia comigo, já não tenho o que pagar, queria ir pra bem longe, e  nunca mais ter que voltar. A chuva passou se foi, nem precisa caminhar, quando cai rola na terra pra depois se levantar, a chuva não fica velha, não se entreva ou sente dor, e é triste sempre que bate no telhado de algum velho sonhador, que venceu a tempestade no mar domou a procela, nas crinas da nau da vida escrevendo a própria sina, agora não sai de casa por causa de uma neblina.
Hoje eu não saio de casa, choveu quase o dia inteiro, me lembrei de uma canção que cantei quando menino, que me deixou tão feliz, e me trouxe tanta paz; Não canto agora pra ti, por que já não lembro mais. E esses pingos na vidraça daqui ainda posso ver, como se alguém escrevesse algo que eu não consigo ler.
Estou falando sozinho já não consigo escrever, as paredes tem ouvidos quem sabe possam entender, que por mais velhas que fiquem; só tremerão pra cair, não por um mal que as farão tudo esquecer.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012




MUSA.
J. Norinaldo.


Ela anda se atirando, como se rompesse nuvens, joga os cabelos pros lados como tarrafas de ouro, o balanço do seu corpo como uma nau na procela, o meneio das cadeiras como um pincel na aquarela, como se um cinzel divino fosse feito só pra ela. A perfeição do seu corpo no pedestal da beleza dar aos mortais a certeza da existência divina, que não sovina aos olhos uma aparição tão bela, e quem como eu a vê assim, não pode ser igual a ela.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012




A Realidade de Bukowski.
J. Norinaldo.


Bukowski me ensinou a não temer, a realidade das feridas mais nojentas, pois o nojo não dói mais que as feridas, nas ditas pessoas feridentas. Bukowski sabia que o corredor de um hospital, bem podia ser via de uma só mão, que as moscas que rondavam os sujos copos de um boteco, agiam da mesma forma num salão. Qual seria o interesse de Bukowski, que sentimento teria ele pela vida, pelos cacos das seringas já usadas, pelo cheiro de podre das calçadas, ou por sua poesia preferida? Se o deserto morre ao chegar ao mar, já que não pode desviar-se do caminho, o que sentiu Bukowski ao sentir que a morte, não queria mais vê-lo tão sozinho?


domingo, 12 de agosto de 2012




Sonhos.
J. Norinaldo.


Torpes não são meus pensamentos, nem meus sonhos indizíveis como dizem, como na vida tudo, tudo se copia, sou um gênio se a minha mente cria o que tenho pensado e sonhado, tudo, tudo que a humanidade queria. Porém muitos não conseguem nem pensar, imaginem desenhar tudo num sonho e depois descrever  ou escrever, afirmando ser de sua autoria..





A revolta sem ação engrandece apenas a si mesma.
J. Norinaldo.




A beleza da loucura é que as correntes vêm de fora da quadrinha.
J. Norinaldo.

sábado, 11 de agosto de 2012




No Ventre da Noite.
J. Norinaldo.


No ventre da noite que gesta o escuro, que escreve o futuro no manto do medo, e esconde o segredo que afoito geme, como a avenca que treme na parede do poço. Na rapidez do raio o sibilar do chicote, quando a luz de um archote apaga o escuro, e em letras douradas a menção ao futuro que chega e jamais fica a esperar o presente. O escuro é mais frágil que o talo da avenca, o manto do medo uma tela na parede do poço, e o ventre da noite gestante do escuro, dá a luz ao futuro quando o archote é aceso.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012




O Rio e a Montanha.
J. Norinaldo.


Não culpo a distancia ou o tempo, ou vento que desvia nosso grito, a montanha é mais alta a cada dia, e o horizonte se afasta quando chego, o tempo sem ferrugem é o cada dia, que faz ficar mais alta a montanha. Não culpo a montanha nem o tempo, que o rio leva para contorna-la, visto do alto bem mais belo, que a serpente que segue em linha reta, e nem a distancia acrescida, pois por onde passa leva vida, o rio que contorna e caminha em sua meta. Do alto da montanha vejo o mar, e o rio quando deixa de ser rio para se tornar bem maior, vejo o horizonte onde está, na verdade apenas o retorno, como um dia voltarei para ser pó. O mar o rio e a montanha, o vento o horizonte o caminhar, o tempo a distancia e o contorno... O bem maior que é o chegar.

domingo, 5 de agosto de 2012




Meus Cavalos de Fogo.
J. Norinaldo.


Mitigando minha fúria sem sentido, que me queima como fogo de monturo, tornando profana a minha alma, enquanto sonho com os cacos do futuro. Com as unhas vou cavando minha estrada, atirando nos aceiros minhas iras, enquanto o fio das navalhas conhecidas, vão deixando novamente a alma em tiras. Pode até não ter sentido a minha fúria, como um blefe de quem não conhece o jogo, nem os rastros da estrada que cavei, ou em sonhos cavalguei os meus cavalos de fogo. Mitigando sem fúria os meus sentidos, que atentos aos aceiros da estrada, enquanto meus cavalos se incendeiam,  cavalgando sempre na direção do nada; ou do fio da navalha afiada.

sábado, 4 de agosto de 2012






Imortalidade.
J. Norinaldo.


Enquanto a cimitarra corta o vento, com o gume alisando cada aresta, pela fresta da vida alguém espia, a quem agoniza de prazer e a própria vida faz crescer semeando no campo do destino. Noutro canto alguém se estertora, agoniza quando a vida vai embora, enquanto estampam nos jornais, o retrato da mentira que restou. Enquanto alguém lava em pranto as flores mortas, as janelas e as portas são fechadas e em casas pequenas enfileiradas são deixadas as verdades que morreram. Novos jardins serão plantados, a espera de flores perfumadas, que enfeitarão as casinhas enfileiradas, quando novas portas fecharão, e a semente plantada no campo do destino, que vingou e deu flor e o fruto, resta agora num vaso diminuto, anunciado numa tira do jornal, a verdade da mentira que viveu, nem sequer o último espaço é seu, de seu somente um dia o esquecimento.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012





Lenços e Velas.

J. Norinaldo


Acenei para a multidão no cais enquanto minhas lágrimas caiam, não por alguém que ali ficava, ou por quem noutro lugar me esperava, e sim por ninguém me queria. Sonhava que no fim dessa jornada, sim, seria tudo diferente, e quando partisse novamente; no cais haveria alguém chorando. Será que no cais havia alguém, que também chorava e acenava  a esmo? Um aceno levado pelo vento, e lágrimas que derramamos por nós mesmo. Será que enquanto os lenços bailam ao vento, nenhum pensamento está distante, e quando as velas já não forem vistas, encobertas pelas ondas e suas cristas, pensamentos que se juntam sem aceno. O último aceno a multidão, e a pequena multidão no tombadilho, onde reina o pensamento do retorno, do ficar, do para sempre sem sentido; o lenço é guardado novamente, pequena vela que não leva o barco a frente e agora, retém as  lágrimas de quem desespera e chora, por alguém que as velas levam embora.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012




O Que você Pensa a Respeito?
J. Norinaldo.


A vida deveria ser como num curso, iniciado, só entrariam novos alunos após seu término e o inicio do outro. Assim,  ninguém diria: sinto saudades do meu tempo, não teria tempo para tal. Ou não se sentiria lesado quando surgisse nova tecnologia, e não tivesse mais tempo para curti-la. Ah! Esse tempo! Faz tempo que me preocupo com ele, e olha que a tecnologia tem-me ajudado.






Em cada antena vejo uma cruz sobre o túmulo do romantismo, da inocência e da amizade. Ou uma bandeira ao consumismo,  segregação racial ou uma seta que indica a direção do abismo.

J. Norinaldo.