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segunda-feira, 29 de abril de 2013





Retrato Falado.
J. Norinaldo.


Quero que julguem meu futuro, esqueçam meu presente e meu passado, façam o meu retrato calado e mostrem algo de belo se é que tenho. É fácil julgar o meu passado, escrito falado e desenhado todos sabem de onde venho. É feio julgar o meu presente, quando se tem um presente a ser julgado, quando se vem de um passado, triste recente e sem sentido, julgado, punido mesmo sendo inocente, por isto te digo é feio julgar o meu presente. Pintem meu retrato mais sincero, não é ver beleza que eu quero, apenas a verdade verdadeira, sem retoques, disfarces ou maquiagem, na vida é a maior bobagem tentar  fugir correr a esmo, tentando enganar a si mesmo enfeitando a beleza da paisagem. Eu não julgo teu passado, teu presente ou teu futuro, minha toga e meu martelo há muito estão no monturo desde que aprendi uma verdade, sou o espelho de mim mesmo, sem direito de apontar a esmo, os erros da humanidade; e ser o espelho meu e de mais alguém, também jamais me trará felicidade.



Dúvida Cruel.
J. Norinaldo.


Uma taça de veneno sobre a mesa, e a certeza de que nela está o fim. O fim de que e por que tem de ser assim? Fim é fim, pronto está explicado. Não, está errado seu discurso é tão pequeno e nem esclarece por que Manoel matou Bueno. Mas eu não sei se tu sabias, que Davi matou Golias e se tornou um herói eu peço explicação e você cala, agora na morte do Bueno ninguém fala. Bueno, eu vou tomar o meu veneno, estou sereno sei que o fim é necessário e pertinente, lembra do Calvário se até para ele foi, por que comigo seria diferente?
Ah! Quem será que fabricou esse veneno, num frasco tão pequeno como os raros perfumes, e qual a intenção afinal, mostrar que o crime brutal foi de Manoel matar o Bueno? Nem eu estou entendo minha prosa, por isto mesmo que o fim é necessário, e nada melhor que no cenário, tenha uma taça e um frasco tão  pequeno, não com perfume e sim veneno, como gotas de orvalho ou do sereno, que nada tem de serenidade, mas que me tirará essa dúvida de verdade, na diferença de crimes de Davi e de quem matou Bueno.

domingo, 28 de abril de 2013





A Beleza Nua.
J. Norinaldo.



Empresta-me a tua imagem nua, para que a luz resplandecente da lua eu possa  descrevê-la em poesia, caso essa luz  não se ofusque perante esta bela imagem tua tentarei mostrar ao mundo como o teu  belo é profundo e profano pode ser a luz da lua. Loucura? Todo poeta é insano, é imoral ou profano quando descreve uma musa, usa toda sua inspiração para descrever a deusa que lhe deixa a alma impregnada de paixão. Pecado? Seria o poeta guardar para si o dom que tem de transmitir esta beleza em detalhes, com curva montes e vales aguçando as paixões e as loucuras nos embates de amantes, no antes, no durante e no após, que em alcovas delirantes arfam poemas sem voz.
Empresta-me essa nudez deslumbrante, que quero admira-la a luz da lua, não para mostrar que és mais brilhante e nem para compará-la a tua, quero apenas do mundo matar um desejo, descrever em verso  aquilo que vejo... Somente a  beleza nua.

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O Que Pensa Meu Olhar.
J. Norinaldo.


Eu não pude deter o meu olhar, por não seres exatamente o que eu queria, mas não pude deixar de admirar a tua beleza singular, que me inspirou a descrever em poesia. Podes até ser diferente, porem deficiente serei eu se pensar que sou melhor, apenas por não sermos tão iguais, nenhum de nós aqui é mais, fomos feitos todos do mesmo pó. Ah! De que beleza eu falo, por que não calo e olho em volta ao meu redor, pardais cantam junto aos cardeais e aos canários, tornando o mais lindo cenário, sem ligar se o tom é Si ou Dó Maior. Ah! Essa beleza que procuras, e que censuras aqueles que na a tem, são figuras forjadas no mesmo forno, valorizadas por relevo e contorno, que a morte apaga tudo quando vem. Nossa beleza não é vista é provada, e não há nada mais belo que a beleza, mas aqui falo da beleza natural, mesmo que assim seja a da cobra coral e de outros seres que a usam como veneno letal.
Eu não pude deter meu pensamento, perdoa-me pela inconveniência, como poeta sou pateta de nascença, não sei se esse é o meu maior pecado, não saber ficar calado, nem mesmo por conveniência ou por paixão; quiçá esteja sendo um tanto irônico, mas para mim o amor platônico, se existiu... Foi somente para Platão.




sábado, 27 de abril de 2013





A Sombra de um Pé de Juá.
J. Norinaldo.


Alguém precisa virar os holofotes da alma para o meu nordeste sofredor, não queremos compaixão, pois somos um povo forte desfavorecidos da sorte não desprovidos de amor; pois aqui no meu nordeste, na sua beleza agreste o cacto também dá flor. Quando chove é tudo verde, não há fome não há sede reina alegria e beleza, nem mesmo a incerteza que vá chover novamente tira a fé dessa gente que vive em constante guerra , o seu amor pela terra em que Deus lhes fez nascer. O nordestino não chora a morte do seu rebanho pelo lucro não senhor, por aqui transborda amor por tudo que a vida dá, e se o sertão virar mar como pedisse o poeta, uma coisa já é certa aprenderei navegar, prosseguirei nessa guerra sem abandonar a terra em que Deus me fez amar. Vão-se os dedos e os anéis, capitães e coronéis, rebanhos e plantações, mas ficam os corações e os poetas de Cordéis; para na hora da vitória, contar a nossa história nas vozes dos menestréis. Eu saí do meu nordeste, mas não morro longe de lá, numa tarde de outono, quero o derradeiro sono a sombra de um pé de Juá.


sexta-feira, 26 de abril de 2013




O Poeta e a Inspiração.
J. Norinaldo.


Às vezes me fogem as palavras como me fugirá a vida algum dia, como a água do mar foge através dos vãos de uma rede, como te foge a sede depois que a sede sacias, me fogem as poesias, os poemas, procuro, mas não encontro temas e me bate uma grande aflição; para onde foi a minha inspiração? É preciso parar e refletir que a fonte da minha inspiração, continua sendo o coração, que só secará no dia em que para sempre eu partir. Agora mesmo vi de longe um passarinho, feliz de volta ao seu ninho, alimentando o filhotinho; meu Deus para que quero melhor tema, para escrever mais um poema retratando do mundo essa beleza, que nos ensina a natureza que amor, jamais será amor sozinho.
As vezes me voltam as palavras, como as flores na primavera, como as andorinhas no verão, como as folhas mortas do outono, como as chuvas do inverno, enchendo novamente a fonte do meu coração; como uma promessa de Deus, que jamais me faltará inspiração.

quarta-feira, 24 de abril de 2013




Igual e Diferente.
J. Norinaldo.


É preciso muito mais que um aceno, é preciso ser insano e ir em frente, para ser diferente e ser aceito, para mostrar que aqui ninguém é perfeito e que a perfeição nada mais é que a loucura, quem procura por algo que não existe, e mesmo sabendo ainda insiste não sabe o que é a razão. A terra gira e os loucos contam suas voltas e comemoram cada volta completada, depois lamentam as muitas voltas que contaram e pelo caminho não deixaram quase nada, não plantaram, não colherem apenas escolheram os giros para contarem. O fogo das velas dos giros finais não são iguais, o calor vai ficando em cada giro, é preciso muito mais que um aceno, é preciso ser insano e diferente e esperar a cada giro na frente, até que a roda pare de girar.
É preciso ser igual e diferente, é preciso ser gente e imperfeito é preciso respeitar a imperfeição, contando os giros que a vida dá, não pensar apenas no bem e no mal, no diferente e no igual, no plantar e no colher, saber escolher suas estradas, saber que é preciso bem mais que um aceno, bem mais que feridas e espadas.

terça-feira, 23 de abril de 2013




Compaixão.
J. Norinaldo.


Sou teu príncipe desencantado, montando um cavalo manco, como rabiscos irresponsáveis sobre uma tela em branco, sou a parte do teu sonho que fazes questão de esquecer, sou a água do riacho em que jamais queres beber. Sou tudo que tudo que não aceitas, aquilo que tu rejeitas, sou a própria rejeição; sou a pedra do caminho, sou da rosa o espinho eu sou a imperfeição; eu sei que para ti sou tudo isto, mas de uma coisa estou certo, estando longe ou perto, tu estarás para sempre dentro do meu coração. És a princesa encantada, és minha fada madrinha, que voas com as próprias asas também és minha rainha, és o jardim colorido pintado na minha tela e és a parte mais bela de todos os sonhos meus, o riacho cristalino onde mato minha sede, és a flor do meu caminho, és meu destino perfeito aquilo que mais aceito depois do meu próprio Deus.
Não me importa o que para ti eu sou, importante mesmo é o que para mim tu és, se o espinho me fere os pés para proteger a rosa, fere-me o coração ser sincero nesta prosa, porém prefiro mil vezes ter a tua rejeição, a conseguir teu amor apenas por compaixão.

segunda-feira, 22 de abril de 2013





A Cor do Teu Perfume.
J. Norinaldo.

A cor do teu perfume se confunde com teus olhos, com o mel que vem do favo, por isto que sou escravo deste corpo tão sublime, escravidão não é crime quando eu mesmo consinto, permito essa dependência na mais livre consciência de que te amo e não minto. O cheiro que emana do teu corpo é como uma doce chama que incendeia nossa cama nos momentos de amor, quando a cor do teu perfume que vem do favo de mel,  joga para longe o ciúme nos enviando ao céu. Este teu corpo sublime e a minha submissão, a cor desse teu perfume e o mel dessa paixão faz crescer a doce chama e deixa marcas na cama como a marcar a quem ama com o sinete do tesão. O perfume de quem ama tem tamanho cheiro e cor, como diz a minha prosa, e confunde o beija flor quando corteja a rosa.




quinta-feira, 18 de abril de 2013




Meus Medos.
J. Norinaldo.


Hoje conversei com meus fantasmas numa reunião de amigos e os perigos que eu via não existem, mas persistem em minha mente doentia, as cavernas e os lobos que inventei  e que temia, disfarcei no verso da poesia que numa pedra da estrada escrevi e abandonei. Hoje descobri uma certeza, a verdade jamais foi a beleza, essa beleza que tanto procurei, a beleza do contorno e do relevo tampouco dos poemas que escrevo, falando da beleza antes dita, mas existe uma beleza tão bonita, que foge a nossa imaginação e nem mesmo o poema mais profundo, do poeta mais famoso desse mundo é capaz de poetar o coração. Meus fantasmas que me causavam tanto medo decifraram-me o segredo pelo qual tanto temia, que consegui disfarçar na poesia, algo tão simples que a vida me dizia, mas simplesmente nunca escutei, o que eu não sabia agora sei, depois que  conversei com meus fantasmas e a minha alma apaziguei.



Louco Desejo.
J. Norinaldo.


Trocaria a metade do meu reino pelos teus pensamentos em momentos assim, a outra metade se tivesse a certeza de que pensas em mim. Como é lindo imaginar-te numa floresta silente, distante de gente só a natureza, quanta beleza na tua imagem, como uma viagem nas asas da imaginação, como um lindo poema tatuado no colo da alma, com as tintas tiradas do meu coração. Trocaria meu reino e o meu escudo, trocaria tudo que a vida me deu, pelo teu pensamento, neste momento, desde que nele estivesse incluído eu. Ah! Como me dói essa incerteza, ter tanta beleza  no meu pensamento, sem saber se estou incluído no teu.
Trocaria meu reino, meu cetro e meu trono, apenas para que adentrasses a noite em meu sono e saciasses em sonho meu louco desejo, um abraço e um beijo sem tempo a findar e no  silencio de uma noite calma, tatuar-me na alma com teu pensamento e com um juramento: só em mim pensar; te darei meu reino, meu cetro meu trono, mesmo que este seja o meu derradeiro sono.





A Grande incerteza.
J. Norinaldo


O rio murmura a canção do silencio como uma serpente silente e voraz, o rio não volta como não volta o tempo, quem não vive na ida não viverá mais. O rio se arrasta criando seu leito, levando por eito o que  pará-lo tenta, desviando a montanha com sabedoria, quem sabe desvia que não sabe enfrenta. O rio se vai para um destino certo, longe ou perto um dia há de chegar, desvia a montanha atravessa o deserto, sabendo que um dia vai chegar ao mar. O rio e a vida e um destino só, dois fins diferentes um mar outro pó; o rio depois de arrastar-se com humildade, desviando a montanha com sabedoria, torna-se mar, oceano grandeza, a vida retorna do lugar de onde veio, mostrando que o homem é produto do meio e lhe resta somente uma grande incerteza, e um mistério para decifrar:   depois da vida para onde irá...

quarta-feira, 17 de abril de 2013




É Hora de Prosseguir.
J. Norinaldo.


Quando for tarde demais é cedo para desistir, é hora de curar os pés, é hora de prosseguir; quando for cedo demais, é tarde para refletir, está na hora de sonhar mesmo sem pode dormir. Quando chegar à hora certa, a porta será aberta diante de cada estrada, terás que seguir sozinho, sem saber onde há espinho e nem sequer em verdade quem tu és, pisando nas pedras soltas sem que tuas sandálias rotas te possam proteger os pés.
Quando for tarde demais não importa o que tu pensas ou a estrada que sigas, será como o trigo em espigas envolvido pelo joio, como a viga sem apoio, como a estrada sem porta, como o esteio que suporta a mágoa de quem desiste.
Quando for cedo demais, é tarde para sonhar, hora de curar a alma, hora de calçar os pés, desviar as pedras soltas, marcar com as sandálias rotas a poeira do caminho, desviando do espinho que alerta para a verdade e antes que seja tarde é hora de refletir é cedo para ser covarde na hora de desistir do destino e da estrada.

terça-feira, 16 de abril de 2013




O Pincel do Mestre.
J. Norinaldo.


Somente quando anoitece o mundo é que aparece a estrela bela, o pincel do Mestre tocando de leve em uma aquarela, colocando vida numa nova tela que só tinha fundo. Da podre semente vai brotando a rosa que ornamenta o mundo na vida e morte, é o pincel do Mestre salpicando a tela, que o poeta canta na rima da prosa, o mundo anoitece e a natureza goza. Somente quando o mundo amanhece, é que a vida aparece num canto silente, na corsa que corre no vale distante, no sol cintilante que impede a visão da estrela bela, e o pincel do Mestre vai criando luz onde havia sombra no fundo da tela. Um pássaro canta num alto carvalho e uma gota de orvalho roreja uma flor, que da podre semente da terra brotou, tornando a terra colorida e bela, é o pincel do Mestre desenhando a vida no centro da tela. Em cada jardim vem um colibri cortejar a flor, é o pincel do Mestre retocando a vida pintando  o amor.
Somente quando o mundo acorda, aos acordes lindos que vem do carvalho num canto da tela no azul do céu, quando  a semente apodrece e faz brotar na vida uma flor tão bela,e o homem ainda não agradece  o Mestre do pincel; acredita ser obra do acaso, põe a flor num vaso, ou pinta num papel versos que acredita serem seus, sem pensar que o Mestre do pincel só pode ser Deus.

quinta-feira, 11 de abril de 2013




O Meu Melhor Amigo.
J. Norinaldo.


Eu tenho um grande amigo, o melhor amigo que alguém pode ter eu tenho, cheguei a uma conclusão que jamais terei outro amigo igual, impossível; alguém pode está pensando: esse cara está se achando, o que tem esse amigo dele que os meus não tem? Vou tentar, apenas tentar descrever o meu amigo: . Esse amigo nunca me deixa sozinho, é sincero, às vezes é claro essa sua sinceridade machuca, mas pensando bem é melhor que falsidade, coisa tão em moda hoje em dia; esse amigo nunca me negou nada, nada, absolutamente nada, não que concorde sempre com minhas idéias, ai que está à verdadeira amizade, discordar quando tiver certeza de que o caminho que escolhi não é o melhor, ou ainda, é o pior entre todos. Eu disse que esse meu amigo é muito sincero, ou simplesmente sincero, é verdade, mesmo sabendo que sua sinceridade machuca ele não abre mão dela, agora mesmo, parei de escrever  e fui ao banheiro, diante do espelho ele me disse: Não deixes que essa imagem que um pedaço de vidro te mostra danifique uma imagem muito mais importante que ele não pode mostrar, a da tua alma, essa sim é uma imagem que deve ser resguardada, pois nem mesmo o tempo é capaz de mudá-la, aliás, erro, o tempo pode mudá-la sim, para melhor. Portanto, cuida dessa segunda imagem que te falo, por que da primeira se encarregará o tempo, não de melhorá-la, mas de destruí-la, e quem se preocupa na vida apenas com ela, morre mais de uma vez. Morre quando surge à primeira ruga, o primeiro cabelo branco... Tomei um susto, pois acreditava que minha mulher estava dormindo, quando a ouvi dizer: Que é isto, estás conversando sozinho? Sozinho não! Respondi, estou conversando  com o meu melhor amigo.


terça-feira, 9 de abril de 2013




O Poema na Areia.
J. Norinaldo.


Escrevi um poema na areia, que falava de tristeza e de saudade,  mas também de  um amor de verdade, e agradecia a Deus por que um dia, por certo a minha poesia  versaria sobre  encontro e felicidade.depois segui caminhando a beira  mar a pensar na beleza desse amor, assim como é certo que a onda beija a praia com ternura, eu te beijarei com loucura para compensar a minha dor. Distraído caminhei  por muito tempo, sentindo o vento acariciar meu rosto, de repente me senti em um dilema, esquecera parte do meu poema e voltei desesperado, sabendo que a maré crescia, e que decerto a minha poesia já tinha apagado. Mas para a minha felicidade, estava lá o meu poema que falava de tristeza e de saudade a onda suavemente havia carregado, somente o final da última estrofe que dizia: “ Por tudo isto, Senhor, Muito obrigado”. Copiei o poema sabe por que? Algo assim não poderia ficar só para mim, Coloquei aqui para dividir com você. Para você que tem sensibilidade, para sentir a poesia caminhar contigo na praia em noite de lua cheia, e saber que a felicidade pode está, num poema simples e escrito na areia.

segunda-feira, 8 de abril de 2013




Uma Canção para Depois.
J. Norinaldo.


Eu campus uma canção que fez o meu coração ficar vermelho de amor, é uma canção tão linda, pena que não deu ainda para o mundo escutar; quando começo a cantar me vem de repente o pranto  eu  choro tanto e o soluço me faz engasgar. Essa canção fala de paz e de amor, mas que é amor demais para meu coração suportar,  sufoca minha voz e mesmo assim, fala em nós e não em mim, no amor incondicional. Ah! Como eu queria poder, cantar essa canção para você, somente cantando sem chorar, difícil eu bem sei que seria, pois com certeza você também choraria e é claro eu não iria suportar. Quem sabe um dia no futuro, Deus permite que me torne maduro o suficiente para saber, que fiz esta canção para nós dois e devo deixar para depois, chorar e sorrir de felicidade e de prazer.
Agora realmente não dá, as lágrimas me embaçam a visão, e não vejo a letra da canção que ainda não a sei de cor, te peço que esperes por favor, a canção não morrerá, assim como não morreu o nosso amor, e um dia com prazer e sem chorar, numa praia deserta só pra nós dois, eu soltarei a minha voz e você vai me escutar, pode até ser que choraremos juntos, mas... Depois.





A Voz do Vento.
J. Norinaldo.


Quando o meu forte caiu, a minha ponte ruiu a minha fé  se abalou, olhei em frente e ainda faltava caminho e me encontrava sozinho meu mundo quase acabou; de repente senti o toque do vento e foi neste momento que eu entendi a vida, olhei uma pedra na estrada, sozinha e quando alguém a pega é para ser arremessada, peguei aquela pedra e beijei, senti o gosto de terra, terra que por tanto tempo pisei, sem pensar que um dia a terra voltarei. Juntarei outras pedras e reconstruirei meu forte, através do vento descobrirei  meu norte, e na ponte que une o meu amor a Deus fortalecerei a minha fé. Seguirei este caminho até o fim, até onde a vida for acreditando no amor, em Deus e também em mim.
Quando o seu forte cair, lembre-se poderá reconstruir ou usar as pedras para construir um templo, que deverá dar exemplo a quem o quiser seguir, prometendo destruir, muros e construir pontes e ensinar como se faz um forte que abrigue a paz que jorre como nas fontes.
Quando o peso do teu fardo fizer teus joelhos dobrar, não esqueça de olhar uma pedra no caminho, acredite nesses conselhos meus, você nunca está sozinho, pois até naquela pedra pode você pode  encontrar  Deus.

domingo, 7 de abril de 2013




Deusa dos meus sonhos.
J. Norinaldo.


Quem és ó deusa lasciva que vens povoar meus sonhos, os pesadelos medonhos que revelam meus segredos, os meus mais íntimos medos a vagar pelas veredas, sem o farfalhar das sedas das alcovas de outrora. Quem és por que não me dizes que em épocas felizes fostes Dolores Sierra, que vivestes sobre a terra a muitos anos atrás e fazias companhia a quem te pagasse mais? Sai do meu sonho eu te imploro de joelhos, pois já amo teus cabelos, teu perfume, e os teus seios que em meus loucos devaneios beijo e afago com ciúme.  Quem és e o que queres de mim afinal, uma deusa sensual que vem povoar meu sonho, transformando num pesadelo medonho a hora do meu despertar, acordar sempre sozinho, tendo noção do carinho que em sonhos acabas de me dar. É triste, mas é verdade ter em sonho um grande amor, desperto, apenas a dor de saber que foi só sonho.





Na Curva do Caminho tem um Banco.
J. Norinaldo.


Na curva do caminho tem um banco de madeira já velha e carcomida, enegrecida pela  a ação do tempo, que destoa da beleza da paisagem e o tapete de folhas mortas do outono, ninguém presta atenção aquele assento, que escutou tanto lamento de alguém que ali esperou em vão. Ah! Essas árvores não passavam de rebentos e os ventos brincavam com os tenros galhos, quando vindos por atalhos, já cansado aqui sentei para descansar, ia ao encontro sentei  não para esperar, quem nesta vida procurei sem encontrar. Agora vejo o velho banco carcomido, tanto tempo se passou daquele dia, o tempo que durou minha procura, com o velho banco dividi o abandono, ora enfeitado pelas folhas mortas do outono; como os velhos trapos que hoje me servem de vestes, como a pelagem de um vira lata sem dono, sem um teto para se amparar da chuva, em nada diferente do velho banco da curva, hoje enfeitados pelas folhas do outono. Naquela curva do caminho ainda tem um velho banco que restou que era branco, hoje nem sei se tem cor.



sexta-feira, 5 de abril de 2013




Eu Vejo Deus, E você?
J. Norinaldo

Eu vejo Deus aonde quero, eu vejo Deus aonde prego,  eu vejo Deus no olhar de uma criança, ou no sorriso de um cego. Eu vejo Deus na terra, eu vejo Deus no céu, vejo Deus na voz de Andréa ou no bolero de Ravel. Eu vejo Deus aonde quero, eu vejo Deus no meu próprio desapego, vejo Deus na onda mais alta da maré, vejo Deus ao ver alguém dançando Zorba o Grego. Não adiante me desmentir, ou desfazer de Celine ou do Bolero, eu ouço Os Escravos Hebreus, e provo que vejo Deus aonde quero. Hoje mesmo vi Deus sorrir, como faz sempre que chego, numa praia tão linda vendo Anthony Quinn dançando Zorba o Grego. Não zombe, não duvide nem desdém dessa loucura, se você também quiser ver Deus, pense Nele com ternura, não precisa ouvir a mesma música que eu ouço, ouça aquela que gosta assim como eu gosto do Bolero, ou Nabuco e vejo Deus quando quero.
Dizer que vejo Deus não é heresia ou sacrilégio, nem tampouco privilégio, só não vê Deus quem não quer, ou aqueles que querem apenas Mostrá-lo, mas sem um pingo de fé, você é parte de Deus, e Ele estará aonde você quiser.

quinta-feira, 4 de abril de 2013




Tempo Malvado.
J. Norinaldo.


Lembro-me de que há muito tempo aqui passava, e olhava essa janela com ternura, aquela moça que se debruçava lembrando uma tela de candura, não me lembro da cor naquele tempo, porém sei que era nova e deslumbrante, moldura de uma tela de beleza que o dia tornava tão brilhante. Hoje tanto tempo se passou, nem o reboco da parede mais existe apesar do novo azul turquesa, já não existe mais beleza a não ser numa pequenina flor. Ah! Este tempo tão malvado o que fez com a moça da janela e também com o jovem que passava e ainda passa o tempo pensando nela. Naquele tempo eu passava tão depressa, sem pensar que o tempo ia à frente, imaginava tua beleza para sempre, que a juventude para sempre era da gente.
Ah! Velha janela que saudade, da moça e da beleza daquela felicidade, da flor que tu usavas no cabelo, uma beleza que me deixava  quase louco; por que hoje me resta só a moldura, de uma tela sem fundo, sem pintura pendurada numa parede sem reboco.
Será que ainda vives nessa casa, e ainda te debruças à janela? Pergunto apenas por perguntar, hoje já passo tão devagar, feliz por ainda poder sonhar se lá estiveres já não vou mais te enxergar. Ah! Tempo malvado, não seria bem melhor tu me matar?



Pensa em Mim.
J. Norinaldo.


Deixe que te desperte quando o sonho te maltrata, mesmo que o suor faça brilhar tua pele nua, mesmo que esteja em desalinho teu cabelo, mesmo que digas o nome de outro em pesadelo, libera-me, por favor, nesse momento, para que ocupe a tua cama e te liberte desse sofrimento. Permite-me que eu sofra em teu lugar, que eu possa sonhar esse teu sonho, não me vedas o prazer de te acudir, mesmo sendo um pesadelo medonho. Não me digas o porquê não o fazer, deixe que  eu continue siga assim, que no caso de sofrer alguma dor, você se escudará com seu amor e também virá me socorrer.
Deixe que te acorde num momento de aflição, com os acordes de uma canção de amor, prometo não tocar-lhe a pele nua, apenas admira-la como admiro a lua, mesmo sabendo que jamais estarei lá. Deixe-me ser assim simplesmente como sou, louco? Talvez um pouco, porém minha loucura é esse amor. Deixe-me, por favor, pensar assim, não custa nada se não me amas pelo menos de vez em quando pensar em mim; sabe por quê? Por que na vida é só que sei fazer: pensar, pensar vivo somente para pensar em você.

quarta-feira, 3 de abril de 2013




Ovelha Desgarrada.
J. Norinaldo.


Eu recebi uma carta manuscrita por um deus que habita um reino tão longínquo, que tosquia as ovelhas desgarradas do vale das metáforas desditas; tão reais são as letras sobre as linhas como as vinhas das orgias mais malditas dos assados dos cordeiros inocentes que reluzem nos lábios bestiais. Nas rústicas vestes dos estrados, dos palcos mais toscos  a serem vistos dos camarotes numerados, por binóculos quase sempre assentados sobre olhos que buscam a si mesmos, nos palcos  ou na sujeira dos mercados.
Uma carta de um deus é tão singela, como uma aquarela que pinta sempre o crepúsculo e se as ovelhas desgarradas que tosquia como seu deus se escreve em minúsculo. Não sei ainda se responderei a carta, enquanto a alma não se farta da leitura e o meu eu se deleita em poesia, como as notas tristes de algum alaúde, que canta a história de um deus rude que se diverte com tosquia.
Por que estou falando dessa carta, carta é algo tão pessoal, cada qual se delicia na leitura, falo da carta de um deus, o deus da beleza e da loucura. Sim eu sou louco de verdade, essa carta mostrou-me a realidade, cada metáfora bem dita, como esse deus na carta cita, nos palcos ou na sujeira dos mercados satisfaz a quem busca a si mesmo na estrada  da magia  não passa de uma ovelha desgarrada, que o deus que me escreve tosquia..

terça-feira, 2 de abril de 2013




O Trevo e o Caminho.
J. Norinaldo.



Se hesitares no trevo o caminho a seguir, é melhor pernoitar sob a sombra da dúvida, quanto mais duro for o teu travesseiro, melhor conselheiro por certo será, enquanto a insônia velar o teu sono a espera do dia com a claridade, numa madorna efêmera verás o caminho a ser escolhido por onde te vás. A entrada do trevo que divide o caminho, o covil sem mistério no caminho dos lobos, que aguardam nas curvas a chegada dos bobos que caminham para a morte, acreditando que um trevo é motivo de sorte.
Se evitas o trevo por um ato covarde sem pensar na escolha, esperando mais tarde encontrar um trevo de quatro folhas, poderás terminar no covil da matilha sem mistério ou segredo, servir de partilha sob a sombra do medo.