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sexta-feira, 28 de junho de 2013



Minha Pequena Semente.
J. Norinaldo.


Encontrei uma semente e a plantei lá no quintal, com meu pequeno regador de brinquedo eu a reguei de verdade por tanto tempo que nem sei de onde vinha tanto amor, era meu tesouro que crescia, que rendia e cada dia para mim tinha mais valor. Vi seu broto surgir do nada, vi o seu primeiro galho e a sua primeira folha, senti seu primeiro cheiro senti a primeira sombra, e sabe o que mais me assombra? Vi esta semente crescer, mas não foi só o que vi, a sua sombra eu ouvi, ouvi os Beatles Cantando, eu vi Fred Astaire dançando, ouvi o ABBA cantar. Enquanto a sombra crescia, ali na sombra eu ouvia falar de uma grande guerra, ouvia falar na terra onde o Faraó vivia, e via correr o rio que vez por outra crescia. No quintal onde plantei minha semente, eu vi passar tanta gente que hoje não passa mais, passaram irmãos, os meus pais e tantos outros parentes, que plantaram outras sementes, mas que não lhes deram atenção. Tive mulher tive filhos, e até um livro escrevi, fiz tudo que prometi, para me sentir realizado, mas hoje tudo é passado, inclusive minha semente, só sua sombra é presente num presente desgraçado. Eu plantei esta árvore, não sei se você recorda, porém não fiz essa corda, mas preparei esse nó, Enquanto  o ABBA como antigamente ouço, passo a corda no pescoço, para me juntar aos meus, pedindo perdão a Deus e agradecendo a vida; mas tudo passou tão depressa como uma louca corrida; e na minha despedida parto daqui sem deixar nada, a não ser essa semente enterrada e essa sombra querida, quiçá... O único amor da minha vida.
Quem sabe ao ler isto você chora, porém parto porque não tenho coragem para ver essa imagem que ai você vê agora.




Um Simples Gesto.
J. Norinaldo.



Uma palavra me basta, ou um sinal com a cabeça, onde o nariz suba e desça e nos olhos não permaneça mais aquela indiferença. Uma palavra tão curta, mas não a outra que surta efeito tão grande em fim, exemplo: eu te pergunto você me ama e você me responde “Sim!”. Como o colorido das flores enfeita a primavera, as folhas mortas bailam ao vento no outono e as andorinhas voltam  a cada verão, a neve branqueia o inverno como a mais fria estação, é lindo viver a vida em qualquer das estações, em fim é lindo viver, mas me basta uma palavra que ouça você dizer, ou aquele simples gesto como resposta da pergunta que te fiz, e eu serei tão feliz que seria impossível descrever. O gesto é com a cabeça, esquece o dedo e a mão, nessa dança tão macabra, sempre me dizendo “Não!”

quinta-feira, 27 de junho de 2013



Meu Único Direito é Sonhar.
J. Norinaldo.


Não me deram o direito à escolha no, entanto me escolheram sem consulta, a aceitar o que a vida me impõe sem que me envergonhe com o que isto me insulta; não me deram o direito a recusa como quem usa a mão só para pedir, nunca tive o direito de medir, o caminho que devo percorrer, nunca tive direito só dever, no meu vocábulo inexiste escolher. Quem me deu este dom de escrever, sem o direito de recusar jamais, sabia que aquele que tem um poeta dentro de si, enquanto este mundo existir, nunca viverá em paz.
Você que venha a ler o meu poema, cujo tema é o direito que não tive e que vive sonhando em poetar, não esqueça que o poeta às vezes mente, ou vive simplesmente uma mentira, que às vezes veste a dor com um manto nobre, enquanto tira de um pobre, declarações de nobreza, que mascara de mentira a pobreza.

A mim não deram o direito de escolher, de ser pobre, nobre, rico, feio ou belo, de escolher entre a choupana ou o castelo, apenas de sonhar não me privaram por bondade, me deixam em sonho encontrar a felicidade, desperto acredito ser maldade, será... Que o meu único direito é sonhar.

terça-feira, 25 de junho de 2013



A Inocência.
J. Norinaldo.


A inocência enfeita qualquer paisagem, a mensagem está na flor ou na criança, na esperança de um mundo mais fraterno onde o inferno seja somente ficção, onde o coração dite o rumo a ser seguido e seja ouvido pela loucura e a razão. A essência da flor está no pólen, a inocência da criança está no todo, pois vejam que a rara flor de Lótus, só nasce onde existe o sujo lodo. A inocência cabe em qualquer lugar, onde couber uma criança ou uma flor, onde inexista a maldade e a cobiça onde o carinho for a liga da caliça para construir o castelo do amor. A inocência também é felicidade e ternura, é como um barco cujas velas de candura e amor, a navegar num oceano feito do pólen da flor.


segunda-feira, 24 de junho de 2013



Não Serei eu.
J. Norinaldo.



Não sou eu o poeta de um mundo maluco,
Donde os doutores vem de faculdades precárias,
Com palavras erradas no próprio diploma,
Provindos de uma educação ordinária
Onde a poesia divide e não soma...
E a hipocrisia faz parte da luta diária.

Não serei eu a contar nenhum conto de fadas,
Ou o protesto de loucos em busca de grades,
Ou castelos de areia que enfeitam os cenários;
Com letras bem grandes pichadas em seus murais,
Que enaltecem os corruptos e os seus confrades...
Muitos deles doutores dos ensinos precários.

Quem sou eu para dizer o que é certo ou errado
Se nem formado fui pelo ensino precário
Se o meu único dote for a honestidade
Me remete a um honesto que morreu no calvário
Se sou pobre, mas prego que vivo na felicidade
Para muitos na verdade não passo de um  otário.


domingo, 23 de junho de 2013



Eu nada tenho de meu.
J. Norinaldo.



Meu poema não tem cor, não tem cheiro e nem bandeira, tampouco divisa ou fronteira, galões ou anéis de grau, meu poema é natural é bem assim do meu jeito de viver sem preconceito mesmo entre o bem e o mal. Meu poema prima pela simplicidade, pois sei que a felicidade pode estar onde eu quiser, pois é só acreditar e não  querer lhe cercar como uma propriedade. Meu poema fala às vezes também de tristeza, pois não é só de beleza que se constitui a vida, de flores e primavera existem outras estações, existem os sim e os senões, frio, andorinhas verões e as folhas mortas no outono, existem rosas e espinhos, pedras, estradas caminhos e tempo para o derradeiro sono; meu poema não é meu, se você gostar é seu, então nada nesta vida aqui tem dono.



Lugar onde nunca Estive.
J. Norinaldo


Num lugar onde nunca fui existe uma rua longa, não sei até onde vai, mas até onde a vista alcança não sai da minha lembrança a beleza dessa rua onde a luz da lua flui neste lugar onde nunca fui e quiçá um dia irei,  se for não sei se terei abrigo também não sei se tem um rei para ser o meu amigo. Nos lugares onde já fui nunca vi rua igual, toda casa tem quintal e em todo quintal um jardim os mais belos que já vi, e os pássaros que lá gorjeiam, gorjeiam como os daqui, os cães são belos e mansos e andam por todos os cantos até um bando de gansos são lindos como os cisnes dos contos. Casas simples bem pintadas trepadeiras nas fachadas e lindas moças nas janelas e assim como estribilhos calçadas feitas de ladrilhos como nas mais raras telas.

Não! Não é Passárgada, se fosse eu bem que sabia, pois em sonho lá estive, e não me contive e com a mente a retratei, Não! Não pode ser Passárgada, até por que lá eu sou amigo do rei.

sábado, 22 de junho de 2013



A Espera de Alguém.
J. Norinaldo.


Se a força da mente coloriu o banco, que antes tão branco como a neve fria que congela o monte, e a água da fonte se vê em pedaços nos galhos dos pinhos, e nós aqui sozinhos só eu e minha alma, sorvendo esta calma que o mundo não estima. E esta neblina fina continua como a manter nua a moldura da tela, e a leve brisa fria como a neve, nem sequer se atreve a tocar meu cabelo, olho para o céu e um raio de lua, cimitarra nua fora da bainha que parece cortar o banco vermelho, o vermelho sangue a cor da paixão, a colorir tudo loucura e razão, como se nessa paisagem fria o amor chegasse como ardentia, envolvendo tudo com o seu calor. Eu e minha alma, sorvendo essa calma a esperar alguém, chega a primavera se vai o verão, outra vez o inverno e vem o outono, as folhas se vão ao derradeiro sono e ela não vem, aqui ficarei nessa longa espera, até que vá também.


quinta-feira, 20 de junho de 2013



Quem Dança o céu Alcança.
J. Norinaldo.


Quem dança no fogo e não se queima, encanta o próprio fogo que me encanta, é quando a alma dança e o corpo canta e tudo ao redor é poesia, dançar é galvanizar a fantasia é tornar tudo mais doce que o mel, ou um sarau que homenageia o Poeta maior. Dançar é esquecer todos segredos, todos os medos dos fantasmas e das mazelas mais antigas, dançar é relembrar até o que não viveu, é tornar belas as mais simples cantigas, quem dança se revela a Deus, como o trigal a embalar suas espigas.
Quem dança salamandras de magia, como dizia o Poeta Mário Quintana, revela a alma em poesia, e a sabedoria do nirvana;  Aquele que não dança por sisudo, a própria atitude já diz tudo, é serio porém tem a alma insana. Quem dança não se cansa, e de certa forma o céu alcança.





Ao Poeta Apparicio Silva Rillo.
J. Norinaldo


Apparicio silva Rillo foi, para ai, foi? Não! Por que foi é no passado e o poeta não passa, como uma fantasia como uma nuvem ou fumaça,  Apparício Silva Rillo não passou, estará sempre presente, o poeta é como o vento você não vê,mas o sente, ele está onde está sua poesia ou em algum pensamento. Ele está aqui presente em nossos corações, nas nossas inspirações na lágrima de saudade que de alguns olhos ora cai, no festival das barrancas as margens do Uruguai, na garganta dos amigos num nó que às vezes sai;  A poesia de Apparício  estará sempre na beleza dos saraus ou até mesmo  na nostalgia das taperas, está na voz dos Anguéras e em nossos festivais. Não Apparício não se foi, por que foi é no passado e a poesia é eterna, lembram do rio que fez com o facho da lanterna, onde em noites de lua vista da barranca  nua encanta o menestrel? Deve ter sido nesse rio que o dourado lhe bateu no espinhel. Vejam o poder que um poeta tem, pois,  chova forte ou serene o rio será perene desde que o cuidemos bem. Não Aparício não se foi, Apparicio está presente e será sempre lembrado em cada verso rimado, em cada bater tições, nas noites pelos galpões deste seu Rio Grande amado; Apparicio está presente nesse nosso dia a dia, sempre em nosso pensamento, pois o poeta consegue está presente... Até no nosso esquecimento.

Apparício nunca irá, enquanto mundo lembrar o que é uma poesia e o bater de um coração continuar ritmado, enquanto houver por  aqui um pajeador afamado e a sombra de um parreiral,  lembraremos dos poetas como:  Apparicio Silva Rillo, Noel Guarany e Jayme Caetano Braun Que deixaram seus nomes  escritos no bronze com a pena do Nirvana, e no bronze é para sempre nos disse o Mário Quintana; e para sempre afinal... Seja Aparício Imortal.

terça-feira, 18 de junho de 2013



Para Não dizer que não falei dos Sabres.
J. Norinaldo.


Quem sabe por que protesta, não precisa ir para o protesto que não tem, quem sabe onde o sapato aperta, não critica o jeito de mancar do vizinho ou de ninguém, quem conhece a dor do fogo, não se queima pelo brilho que ele tem. Quem já esteve com um sabre na garganta, que freqüentou os porões de uma ditadura, quem só ouviu contar casos de tortura, olha tudo que ora se passa, mas só pela fechadura, jamais vai querer viver tudo  novamente. Mas, a juventude nada teme, porém de repente a terra treme com o troar do canhão que ensurdece, e no máximo o que se ouve é uma prece, já bem conhecida e inocente, não quero ver este filme novamente, por favor, me poupem essa tragédia, já vi muito holocausto e comédia, vamos fazer uma história diferente. Podemos caminhar de punho erguido, mas desviar os convites malversados, englobando nas fileiras interesses, daqueles pelos quis são protestados, cuspindo nas rodelas de metal, que tem cunhada a face do mal, mas que compra até nossa consciência.

Na verdade quem sabe que precisa protesta e não protesta, não presta nem para ter o nem o único direito que lhe resta.

segunda-feira, 17 de junho de 2013



Um Simples Poema Meu.
J. Norinaldo.


Quando em algum lugar alguém declamar um poema meu, falará por mim onde não estou, sentirá por mim a mesma emoção, que senti quando me veio à inspiração, quando a alma manda e a mão obedece, para escrever um poema ou uma prece, ou um simples soneto com algumas linhas. Quando alguém suspira por um verso meu, é como se eu estivesse lá, e talvez esteja mesmo sem ser visto, assim como o vento que você só sente, que sabe aquele ventinho frio, ou o arrepio no seu corpo inteiro, como um mensageiro de paz e amor. Quando alguém usa um poema meu para atrair aquele que ama, aquele a quem chama para os braços seus, e mesmo esquecendo que fui eu quem fiz, me sinto feliz e agradeço a Deus, pelo bem que fez este poema meu e por que o dom foi Ele quem me deu.

Se você gostar de um poema meu, sem nenhum melindre pegue o poema é seu, se lhe faz feliz me fará também, pois fazer o bem foi o que sempre quis, e como disse, esse dom foi Deus quem me deu; eu serei feliz em saber que você é feliz por um poema meu.

sexta-feira, 14 de junho de 2013




Ontem eu era um jovem querendo mudar o mundo, hoje sou um velho querendo mudar de mundo!
J. Norinaldo.


A Vida e a Loucura.
J. Norinaldo.


Na lucidez da loucura onde se encontra a verdade em um castelo de nuvem chamado felicidade, guardado por mil gigantes menores que um polegar com um muro feito de sonhos de altura regular por onde a sanidade é proibida de entrar. Na solidez do alicerce do castelo do meu sonho o pesadelo medonho do mundo pela loucura que desdenha a própria morte, somente os que têm sorte são os loucos de verdade, que na lucidez da loucura encontram a felicidade. Eu sou louco, sempre fui, mas um louco diferente, meu castelo é resistente por ser pura fantasia, a minha verdade é outra e se chama liberdade, portanto só na loucura se encontra felicidade ou senão na poesia.
Na insensatez da vida onde se esconde a verdade, da lucidez da loucura que busca a felicidade, está o mapa da mina do diamante mais raro, daquilo que é mais caro para a insensatez da vida, que é a loucura escondida disfarçada em sanidade ou aventura, mas a vida na verdade não passa de uma loucura.



quinta-feira, 13 de junho de 2013



Eu te Amo!
J. Norinaldo.



Ah! Se eu pudesse te chamar de meu amor, aliviar essa dor que queima tanto o meu peito, mas de que jeito sou tão pouco para ti na minha insignificância e essa minha ignorância em não saber me expressar. Ah! Mas eu queria tanto, sufocar esse meu pranto te falando de amor, amor e felicidade e quanta intimidade que me permito sonhar. Ah! Se eu pudesse realizar essa minha fantasia, e numa bela poesia te dizer tudo que sinto, juro não  minto te amo mais do que tudo e tudo é bem mais que a própria vida. Ah! Queria te dar a flor mais bela, te pintar em uma tela emoldurada com ouro, cobrir-te com o mais rico tesouro e construir um castelo com pedrinhas bem brilhantes, tu sabes com os diamantes mais raros que há na terra,  por mais que lógica mande a minha esperança morre, assim como alguém que corre, porém sem saber para onde. Ah! Como queria ser um bardo e não carregar esse fardo de não saber me expressar, quando nos sonhos te chamo, mas será que preciso tanto, de tantas dores e pranto só para dizer... Eu te Amo?


quarta-feira, 12 de junho de 2013



A Lição de Vida.
J. Norinaldo.


A lição da vida em que não me empenhei, por que não temia mais a palmatória, declinei do convite certo, banquei o esperto e desviei a história. Segui os rastros de outros revoltados, dos inconformados com a banalidade, de pisar os mortos falando das flores, inventando amores e felicidade; abjurando-me do total cinismo e caminhar mesmo que para o abismo, em busca dessa tal verdade. Já não sou mais um rei de fantasia, a minha poesia se poesia é, agora tenta dizer a verdade, da realidade da falta de fé. Da humanidade que caminha aos prantos, por caminhos tantos sem saber para onde vai, comprando tudo que alguém oferece para o final dos tempos; os mesmos mercadores expulsos do templo quando feitos exemplo pelo Filho do Pai.

A lição da vida que errei por que quis, me deixa feliz por não ter calado como antes fazia, mentindo ao mundo falado das flores, de grandes amores pura fantasia, escrevendo fundo pelas folhas soltas nas bandeiras rotas da hipocrisia; quando não precisar mais fazer o dever da vida, acredito ter minha missão cumprida, como especifico nesta poesia.

segunda-feira, 10 de junho de 2013



A Verdade do Espelho.
J. Norinaldo.


Não acredites em espelho que te mente, duvides do pregador reticente fujas do fanático sonhador, desvies das areias que se movem esconda-te do bajulador, não beijes a mão de quem tem luvas, não aceites dividir teu guarda chuvas com aquele que te negou as uvas, mas fez vinho e deu  para o seu senhor. Não acuses um  semelhante sem ter prova, não se cava uma cova antecipada, não tentes uma escada até a lua, não penhores a vida sem ser tua, não se faça de tudo sem ser nada. Se souber quando o espelho te mente, podes ficar radiante, se não souberes não serás um inocente, mas um ser ignorante, incapaz de descobrir do pregador a reticência, ou o que é o bajulador na existência, ou até mesmo o senhor que herdou o vinho. Depois não adianta implorares como um sabujo de joelho, ninguém vai te dizer que a verdade verdadeira... Está mesmo no espelho.


domingo, 9 de junho de 2013



Tinhas.
J. Norinaldo



Tinhas o mais belo sorriso, os olhos mais lindos que os meus ousaram ver, tinhas a mais bela face, sem disfarce e mais ainda quando desabrochava um sorriso como se o jardim do paraíso na primavera se abrisse; tinhas o corpo mais perfeito esculpido pelo mais virtuoso mestre, tinhas a beleza de uma deusa terrestre que surgiu do esplendor, tinhas tanta beleza, que a própria natureza foi quem sempre te endeusou, tinhas no olhar tanta ternura, no caminhar a candura de uma deusa a bailar, tua tez tinha a brancura de uma montanha nevada, teu corpo as curva da estrada que vai dar no paraíso; tinhas o mais belo sorriso como as uvas em cachos nas vinhas, pena que estou dizendo...Tinhas.


Ser Poeta.
J. Norinaldo



Ao irmão da pena que dá pena ,que avessam  a alma para tinta e o papel,  como alquimistas das palavras, equilibrista do verso e do soneto, que recebe por vezes o epíteto de poeta, bardo ou trovador; que fazem o que pensam do amor, quantas vezes sem o amor conhecer, e por vezes são chamados de malditos, se benditos deveriam merecer. O poeta é o único ser da terra, que pode brincar com a verdade, pois mesmo sem nunca ser feliz, criar e doar felicidade; ser bruxo ser fada e fantasia e até num calabouço enclausurado, cantar um mundo encantado no bojo da sua poesia. Um raio de luz pela fresta é a lâmina da espada do guerreiro ou de um deus a defender o seu amor, tudo serve de inspiração na visão de um poeta de um bardo ou trovador. Mesmo quando não existe um tema, o poeta   esmiúça sua alma num poema, que nem sempre fala de amor, mas mesmo quando fala em dor tira beleza de um dilema.

sexta-feira, 7 de junho de 2013




A Vida.
J. Norinaldo.



Vão-se os dedos e os anéis, capitães coronéis se vai tudo que existe, por isto não fico triste sabendo que um dia vou, mas sei que ninguém ficou por aqui para semente, por isto vivo somente para o momento de agora, sem esquecer o passado aquilo que foi vivido, para não ter erro repetido só por um esquecimento, sabendo ser o momento sem passado nem futuro, sem divisa ponte ou muro eu quero viver agora. Chorar pelo que passou até pode acontecer sentir saudade é normal e não me impede de viver, mas se tiver que sofrer eu sofro pelo agora, não sou como alguém que chora pelo leite derramado, no futuro ou no passado ou no presente, ninguém fica pra semente ou até hoje ficou.


Velho Piano, Opaco Verniz.
J. Norinaldo.



Meu velho piano, minha antiga canção, eu velho cantando matando a saudade no meu coração; meu velho piano de verniz opaco já com o som fraco pelo passar dos anos, e esses meus dedos sem agilidade que tocam a saudade que veio com os anos, dos tempos insanos em que pensei ser feliz que o verniz embeleza a ti meu velho piano. Meu velho sobrado que sobrou na rua, meu velho piano e que história linda, pois ainda me lembro que em noites de lua o teu som vibrante levava tão longe essa velha canção.
Esta rua é velha e não era assim, e não foi por mim que ela mudou, quando era jovem sei que fui feliz, e não como o verniz que embeleza os pianos e com o passar dos anos se torna sem cor, comigo é bem diferente o verniz da gente se transforma em dor, para quem já brilhou muito ou quem nunca brilhou.

Ah! Meu velho piano ainda resiste, a essa canção tão triste que o tempo por maldade não apagou como carregou a minha esperança, eu já não me lembro da tua feição, quando toquei pela primeira vez para ti essa mesma canção; só me lembro o quanto era feliz, ao ver teu rosto refletido no piano novo tendo por espelho o seu belo verniz.


Mar dos Inconformados.
J. Norinaldo.


Naufraguei nas lágrimas dos inconformados, dos poucos lembrados pela a vida a fora, dos que abrigam a dor dentro do seu peito e quando apontados por algo ter feito é tarde demais já estão indo embora. Naveguei por anos nesses oceanos que ajudei encher, vencendo a procela sendo parte dela sem mesmo saber. Não como um adágio, mas que o meu naufrágio sirva de exemplo, de que não adianta negar-me um sorriso e ir rezar no templo.
Naufraguei nas ondas desses oceanos, que enchi por anos com meu próprio rio, meus lenços as velas do meu navegar e de naufragar num imenso vazio; por que será que na terra os mares são tantos, por que os sorrisos são muitas vezes menos que os prantos.
No mar da tristeza da desilusão, naveguei sem rumo farol ou um cais, sem perder jamais a fé e a esperança, a cada borrasca a fé na bonança que chega depois de uma tempestade e a felicidade como uma ilusão, mas mesmo num mar de lágrimas onde naufraguei, na fé encontrei a minha tábua de salvação.

Se você também é um navegante, desse mar errante nesse mundo triste, lembre Deus existe no seu coração, se quer navegar no mar da felicidade é só Entregar-lhe o leme e o timão.

segunda-feira, 3 de junho de 2013



Depressão.
J. Norinaldo.



Eu quero uma passagem só de ida, que me leve de volta para a vida de onde por soberba desertei, embarquei num navio que se chama depressão que navega no mar da solidão e que tem por farol a escuridão. Eu quero voltar o mais depressa, meu Deus que viagem é essa que me destrói o coração. Sinto saudades de viver, sinto falta de você em fim até da tristeza de alguns dias, aqui não existem poesias um lugar desprovido de beleza que se chama depressão. Vivo entre muros carcomidos pelas unhas dos loucos deprimidos de olhares eternamente perdidos no deserto da vida sem razão, eu preciso de uma passagem só de ida, eu quero outra vez voltar a vida, para ver a beleza que não via, numa flor numa simples poesia, no nascer do sol ou de uma rosa em botão, por favor, ainda tenho esperança, de ver novamente um sorriso de criança, poder segurar a sua mão, e de joelhos numa oração agradecida, por me trazer de volta a vida, me trazendo da loucura a razão, jamais esqueça que um depressivo, não passa de um morto vivo sem razão, porém uma simples mão estendida, pode ser a passagem para a vida, então o que custa  estender a mão.

sábado, 1 de junho de 2013



Ruínas.
 J. Norinaldo.



Difícil é voltar a tempos idos e buscar entre restos destruídos, os escombros sem nenhuma vida ou cor, versos para um poema de candura tirado das paredes carcomidas que antes abrigaram vidas e tantas histórias de amor e de ternura. Paredes que resistiram ao tempo, ao vento cruel da tempestade, para guardar a felicidade daqueles que a chamaram de minha, agora sozinha em tapera, nem lembra a beleza que antes era, quando tinhas quadros pendurados, quando a família reunida a suas paredes dava vida e enfeitava de flores seu quintal, e até as roupas coloridas no varal parecendo anunciar alguma festa; os pássaros no pomar sempre em seresta, Ah! Como dói esta saudade. E este retrato em branco e preto que hoje para mim é um tesouro, me faz recordar um aforismo que diz que nem tudo que brilha é ouro; agora eu olho com ternura, as tuas paredes sem pintura e sem o teto que nos abrigou. O tempo para mim também passou e de ti não difere a minha sina, hoje sou também uma ruína, quiçá um velho retrato em branco e preto que sobrou.




Rejeitado.
J. Norinaldo.



Existem dias em que me sinto rejeitado, quando até o sol me desvia deixando a sombra para o meu lado e não consigo preencher nenhum vazio; e o vento uiva antes de trazer o frio. Nesses dias de deserto interior, onde as miragens como sombras de serpentes se arrastam como trastes transparentes, como vermes sem vida e sem cor. Na verdade o pior nesse calvário é o cenário sempre escuro e tão vazio, nem o uivar do vento nem o frio conseguem afastar a solidão que deve ser muito triste  e por isto me escolheu, e nem sabe escolher uma companhia, por isto deve ser também vazia, assim como vazio sou eu. Sinceramente não sei se isto é poesia, que para muitos deve falar de alegria, de flores primavera e outono, jamais lembrar o último sono, já para mim isto ai é fantasia. Também existem os poetas malditos, cuja poesia não é aceita, assim como existem seres vivos, que a própria morte rejeita.