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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014



Ao Poeta Africano Lucas Lahissane.
J. Norinaldo.



De um simples banco eu vejo o rio passando, como a vida que cada vez fica menor, sinto a calma da água neste leito deslizando e a certeza que jamais estarei só. Nesta sombra que um dia já foi fruto e foi semente, a vida sente a beleza do passar, mesmo na incerteza de onde chega, diferente do rio que vai para o mar. De um simples banco sob a sombra da semente, como o banco que foi semente e deu fruto, que vira flor e madura, vejo a mais bela gravura do Pintor absoluto. Nessa sombra que foi semente e dá flor, lá na Mãe África, um poeta o rio passando ver, e se encanta com a sábia natureza que dá ao rio tanto mar a escolher. Adoro sonhar por que o sonho é fantasia, agora sonho como sonha um ser humano, sentado neste banco com um poeta africano falando de poesia. Lucas Lahissane vou ser bem claro e muito franco, te invejo por conhecer esse banco, e a sombra que foi semente, ofereço este poema a tua gente sem pensar se tu és Negro ou Branco.


O Por do Sol de Cada Um.
J. Norinaldo.

Minha Homenagem a Ladário e Corumbá MS.


Cada um tem o seu por do sol, todos eles de uma beleza incrível, cada um vê o seu como bem quer, como lhe é mais aprazível, eu como nômade da vida vejo todos e sempre escolho o mais belo, por trás do monte, do horizonte ou do castelo, sobre o mar, sobre a montanha ou no deserto, parece perto é tão lindo vê-lo; cada um tem o seu por do Sol, ainda bem que ninguém pode esconde-lo. Eu já vi o por do sol em alto mar, no deserto, na caatinga ou em algum matagal, sobre a montanha ou o vale mais profundo, já escolhi o Por do sol que é o mais belo do mundo, e com certeza é sobre o Pantanal. Lembro-me ao retornar de uma pesca no fim do dia, e alguém dizia: Meu Deus que beleza é essa afinal?Era a mais linda tela que nos deixa  o Criador  o Por do sol no Pantanal pintada pelo Próprio Deus com muito amor. Tão belo, tão grande e de ninguém, cada um tem o seu Por do Sol, quiçá um dia eu terei o meu também. É tão belo ver o Por do Sol do Rio Paraguai ou do Paraguai Mirim; Parabéns Ladário e Corumbá, pelo belo Por do sol a ostentar, sem esconde-lo de ninguém... E nem de mim.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014



Gaivota de Papel.
J. Norinaldo.


Fiz uma gaivota de papel que voou baixo caiu no rio e navegou, fiquei olhando até que na curva sumiu e nunca mais a minha gaivota voltou. A vida é como a gaivota de papel e como o rio, que se vão e não há jeito de voltar, o rio tem uma certeza que para minha gaivota não há, o rio  qualquer  dia será mar, mas minha gaivota nunca mais irá voar. O autor da vida fez gaivotas de verdade, que voam alto como símbolos de liberdade e deu a ideia para a torre de Babel; mas não me disse que a vida que me dera nada mais era que uma gaivota de papel, como alvissara carregada pelo rio, não alça voo nem para a liberdade do vazio, cujos sonhos são amargos como uma taça de fel, a brindar com a solidão a beira de um rio, e com um olhar distante e frio... A brincar com gaivotas de papel


domingo, 26 de janeiro de 2014



Neve da Primavera.
J. Norinaldo.


Quando setembro chegar, só para contrariar eu já sei o que vou fazer, eu quero brincar na lama, depois que a neve derreter. Quando outubro vier, mesmo triste como vivo, solitário e depressivo vou escrever um poema, a solidão como tema e numa estrofe especial a minha falta de fé. E quando surgir novembro, diferente de setembro eu não vou brincar sozinho, vou convidar outro alguém, que vive como eu também para colher minha uva e com a água da chuva fazer um amargo vinho. E depois vem o final, dezembro mês do Natal, aquela festa tão triste, alegria para mim, só na tristeza é que existe. E começa tudo outra vez a vida girando a esmo, o mundo prossegue o mesmo, pois mudar ninguém se atreve, sem ver que a lama foi neve e assim consigo será, senhor de tanta soberba, as vezes sem que perceba lama também virará.

Quando minha tristeza passar, como tudo nesta vida passa, quem sabe esteja feliz quando a neve cair com tempo para refletir sobre a neve caída, que cada floco que cai na sua alva brancura, em seguida é lama e vai para o esgoto da vida. E como um boneco de neve que alguém fez em setembro, já não existe em outubro e ninguém se lembra em novembro, ou o amargo do vinho que algum doce disfarça, a vida como tudo passa, tudo volta ao que era, em setembro é primavera, mas a primavera austral, dezembro é sempre Natal mas é bom sempre lembrar, quando setembro chegar eu sei o que vou fazer, eu quero rolar na lama, depois que a neve derreter...


O Brinquedo da Vida.
J. Norinaldo.



A vida brinca de sonho como se brincava de roda, a vida escreve na pedra como se fosse uma louça, a vida fala engraçado num linguajar enrolado, mas quer que a gente lhe ouça, pede para ser amada, mas com um amor diferente e continua insistente, pedinte sem ter segredo, pode vir não tenha medo é só sonho e tu me cabes no enredo; vem é apenas brinquedo, só que depois quero mais. A vida vicia a mente em sonhos que a noite vem com mensagens que não tem claro significado, acorda-se apaixonado pela tal vida sonhada, e ao se abrir os olhos só nos resta dar risada, pois quem acredita em sonhos não passa de uma piada. Vem! Pode vir, estou sozinha, vem, pode vir a vida é minha e dela faço o que quiser, vem, por favor, me dar amor, eu inventei  “Eu te amo”, por isto agora te chamo, me deita e me faz mulher. Vem, não teme a realidade, pois a única verdade é se fazer o que quer; esquece então a tristeza e qualquer dor já sofrida  e acredita que a beleza, acabará com a única certeza que te dou eu, eu mesma...A Vida.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014



Poeta e Poesia.
J. Norinaldo.


Se você é capaz de ouvir  o som da valsa, com certeza sabe o que é sinestesia, for capaz enxergar o seu parceiro, é com certeza poeta ou poesia. A leveza no passo dessa dança que transporta os dançarinos a felicidade, só alcança que tem sensibilidade e a alma carregada de esplendor, somente quem dança ou já dançou, tendo como mundo um tablado, em um salão iluminado pelos faróis do amor. Quem for capaz de vislumbrar os meneios dessa dança e ver o brilho do suor do dançarino, e as sombras projetadas na cortina, saberá o que é sinestesia,  é na verdade poeta ou poesia. Se você é capaz de tudo ver, a beleza como regalo ou afago, como a garça sem o mundo por tablado, baila sobre o espelho de um lago; entenderá o que o poeta quer dizer, quando diz somente se você; pois nem tudo na vida é fantasia; se você entendeu o meu poema, sem soberba ou pretensão... Você é Poeta ou Poesia.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014



A Minha Lágrima.
J. Norinaldo.



A lágrima que aprisionei durante anos, hoje se livrou do cativeiro, desceu como uma cascata por meu rosto e foi regar o meu canteiro, enquanto eu olhava para as rosas do jardim que plantei pensando não em mim, mas num amor que acreditava verdadeiro. Olhei para o galho da roseira e tentei dar nome aos espinhos, Traição, dor, insensatez, loucura, inveja e maldição me faltaram às palavras outra vez sem conseguir minha intenção, na verdade talvez seja muitos  espinhos em um galho, imaginem a roseira por inteiro, mas que nunca estão sozinhos, protegem a beleza e o perfume, sem inveja e sem ciúme, sem causar a dor que sinto agora. Enquanto minha lágrima se liberta, acaba deixando a porteira a Berta, pois até para as lágrimas existem grilhões, e que as minhas venham aos milhões e que reguem meu jardim e minhas flores que amo tanto e que preciso, agora descobri que minhas dores podem ir-se na enchente do meu pranto, deixando seu lugar para um  sorriso.


A Loucura da Verdade.
J. Norinaldo.



Eu não tenho o que fazer, não sei pra onde correr, nem aonde me esconder a não ser em uma mesa  pegar a pena e escrever; sem sequer saber para que se a alguém interessa ler o que um louco escreveu. Toda minha inspiração transformada em depressão quiçá infelicidade, por não saber se a verdade se contradiz com a razão e o que chamo paixão não passe de insanidade. Eu não sei o que escrever e se escrevo fazer o que só para aumentar o acervo, se também não me atrevo a mostrar o que escrevi. Eu já não sei o que faço, só sei que meu tempo passo procurando o que fazer, o que escrever sem jamais deixar de fazê-lo, pela areia ou no gelo, onde uma palavra couber; escrevo, até mesmo o que não devo o que não tenho mais é fé. Não sei se a ternura  é fantasia e a depressão poesia que alguém usou como tema da palavra mais ouvida, eu te amo num verso de algum poema preferido pela vida. Qualquer poesia traz no seu bojo amor e paz e muita felicidade, mas só o poeta louco sabe, o lugar aonde cabe a tal palavra... Verdade.


A Terra é realmente um grande Círculo e também um grande circo, onde existem mais palhaços que Platéia.

J. Norinaldo.

sábado, 18 de janeiro de 2014



Estrela Distante.
J. Norinaldo.



Tão profundo como o longe do horizonte, ou a altura do monte que faz a neve derreter, é o olhar que  dirijo quando tu passas passa, com tanta graça  pena que você  não vê. O espaço entre o céu e o mar, forma o véu que te envolve como manto, enquanto as ondas embaladas pelo vento, levam o meu pensamento pelo muno a qualquer canto. Enquanto ouço a canção que a alma canta, que a vida encanta e vai com o vento a bela onda embalar, como as estrelas que brilham no firmamento, o meu olhar cavalgando o pensamento, enfeita o véu feito entre o céu e o mar. Tão profundo tão belo e tão brilhante, tão distante como a linha do horizonte, o teu amor que não consigo alcançar, nem mesmo cavalgando o pensamento, ou com o vento embalando as ondas do mar. És uma estrela tão brilhante, que mesmo que o pensamento viageiro me levasse, por cem anos ainda estarás distante.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014



Depois da Curva.
J. Norinaldo.


Não sei e nem me importo se a bitola dos trilhos do trem está correta, na tela que ganhei como regalo, pois sei que nenhum trem passará, nem eu estarei na estação a esperá-lo e depois da curva nada existe a não ser na minha imaginação que pode criar um mundo a parte, como o pintor que criou esta obra de arte sem saber de onde os trilhos vem sem saber sequer se  cabem o trem. É tão lindo atravessar uma tela, e nela viver o tempo que se quer, ser quem quer ser o tempo todo, sem ter que justificar a alguém; porque se caminha sobre trilhos sem destino, e que não foi feito para destinar um trem. Assim como a fábula do espelho, só que já atravessou é que sabe bem,  como a história de uma traça que tenta comer um livro e que também, se apaixona pela fabula e termina a morrer de fome a espera de um trem, que enfeita a capa, mas não vem...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014


Alguém Saberá de Quem Fala Meu Poema
J. Norinaldo.



Lembro vagamente de uma esquina, onde uma deusa residia, e eu era feliz por que a via e tinha tanto medo de perdê-la, mesmo sabendo que existia o que o meu coração sentia ao vê-la não se pode descrever em poesia, mesmo com a certeza de não tê-la, como eu era feliz nessa minha fantasia. Nem seu nome todo sei, nem por isto a esqueço um só momento, sei que a canção que canta o vento e os primeiros raios do sol pela manhã e essa dor que me consome,   o perfume suave da maçã rimavam com  o seu primeiro nome. Já não lembro mais suas feições, então por que em meus sonhos apareces como a deusa que morava na esquina e eras a minha deusa menina, e hoje em vez de amor me pedes preces? Tento te esquecer e não consigo, agora mesmo acordei sonhando contigo quando ouvi perfeitamente a tua voz, pela primeira vez falando em nós,  eu me senti feliz como jamais, até descobrir que era um sonho e nada mais. Não sei se realmente o amor se mede, e se existiu um amor maior e mais profundo, assim como a beleza dos primeiros raios de sol pela manhã, teu primeiro nome rimava com maçã, e no teu sobrenome havia o  Mundo.


Apenas Um Beija Flor.
J. Norinaldo.


Ah! Se a vida não fosse passageira e puséssemos preservá-la num jardim, que morressem as flores quando murchas e deixassem para nós o seu perfume; que a saudade chegasse à hora certa, e somente se a porta lhe fosse aberta, assim como a dor e o ciúme. Ah! Se a noite o travesseiro quieto, ouvisse apenas a voz dos sonhos, nada de pesadelos medonhos e na leveza do sono tranqüilo, fazer coro com a seresta do grilo, a canção mais bela que sabe o vento. Ah! Se a vida não temesse tanto a morte, que corta o sorriso pela metade, não respeita a felicidade e nem faz questão de simpatia,  com a tristeza se regala, pois sabe que em alguma poesia o poeta é obrigado a lembrá-la. Ah! Se a vida fosse como a gente sonha, e não como um vale de espinhos, sem ter flor  pois nem sempre é feliz quem ganha, se não sabe utilizar o que ganhou; ah! Se a vida fosse um grande jardim, perfumado como um quadro pintado pelo amor, cujo pincel desliza como quem goza, que  cada espinho apontasse para uma rosa, onde o poeta que escreveu esta simples  prosa, queria ser apenas um Beija Flor.




O Desenho da Saudade.
J. Norinaldo.


Merece uma poesia quem desenhou a saudade, para deitar-se no colo duro da realidade, não sei se a poesia merece contar história tão linda, ou o poeta a escrevê-la aqui não nasceu ainda. O retrato da menina que por ter perdido a mãe na tristeza de uma guerra, rabiscou na fria terra uma mãe que falta lhe faz, para deitar-se no colo no lombo duro do solo, para onde ela foi e não voltará jamais. Tem algo nesta história que não consigo entender, quais os motivos da guerra e qual a sua serventia, e por que ela está em tudo, até na minha poesia; talvez porque poesia o meu poema não seja deseja o poeta, que não exista linha reta ou uma árvore frondosa, e que a vida bondosa como a poesia ensina, falando só de beleza enganou essa menina; que hoje deita no chão, desenhado com as tintas do seu coração para mostrar a verdade, nada é mais velho que o solo, mesmo duro será teu último colo, quando já não estiveres sobre o chão.
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domingo, 12 de janeiro de 2014



A Loucura do Final.
J. Norinaldo.



Quando a beleza for saudade, que o mal que faz tremer faz esquecer, hás de bem dizer o mal por te trazer felicidade, a felicidade da loucura que brinca com a dor e com a sorte, desmoraliza a própria morte, sorrindo dela enquanto treme, mostrando claramente que não a teme, a temia quando sentia saudade. Quando tudo for turvo na visão, como era na Caverna de Platão, quando o espelho te negar teu próprio tu e o vento te negar uma nuança, talvez num gesto de ternura, dirás que abençoada é a loucura por não ter te deixado uma lembrança.Quando avistares o fim da estrada, sem conhecer a premissa do destino, um menino muito mal com quem brincastes, com quem trocastes momentos de felicidade, na verdade pelo brilho de alguns trastes; Ai, já não adianta olhar para trás pois não verás nem beleza nem fartura, com a visão turva quase escura, poderás ver o que te mostra a loucura que não temes, e lembra o que é enquanto tremes.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014


I Love America.


i wanted to write a poem as a tribute to America, but i figured out that someone already done that, as little as the bottle of the rarest perfume, i have to confess, though, that it caused me jealous, as i wished to do it myself, simply to say what was already said, so beautifully: GOD BLESS AMERICA.


Queria Tanto.
J. Norinaldo.


Eu queria tanto escrever um belo  poema para homenagear a América, quando descobri que alguém já fez, tão pequeno como o frasco do mais raro perfume, mas confesso me causou grande ciúme porque queria eu fazer, simplesmente para dizer o que foi dito, Tão bonito: : “DEUS SALVE A AMÉRICA”.


Nada.
J. Norinaldo.



De nada fiz um castelo que por nada desmoronou, por certo não sobrou nada, pois nada nunca sobrou, se eu só sei que nada sei quem foi que nada me ensinou, e se nada sei que sei, é por que nada restou, por que falaria em nada se nada não existisse, não é como a tristeza que você sente sem ver, nada dói mais que ser triste imagine se eu a visse. Nada dói mais que ser triste, eu não consigo explicar, se nada inexistisse para que nela aqui falar, significando mais do que a dor da tristeza, nada é mais belo que a vida, o céu e a natureza. Então nada é tão belo que não consigo entender... Nada é a soma da vida vezes tudo que eu viver.


Onde Está a Beleza...
J. Norinaldo.


A beleza da tela está na tinta ou está na cor, está nos olhos de quem pinta ou pintou ou a parede onde está pendurada determina seu valor? Se a parede valoriza tanto a tela a tinta dela ou aquele que a pintou, ou tudo remete ao dono do castelo, que feio ou belo a riqueza conquistou? Que conceitos são usados para valores que avaliam os amores e paixões, representados nas telas raras da vida, penduradas em paredes com pinturas carcomidas, encravadas nas securas dos sertões? Quem não viu pode crer verá ainda, uma palhoça lá na roça coisa linda, e se parar e pedir água para beber, sentado a sombra do arvoredo em rude banco,  olhe bem na parede e pode ver, casais felizes em retratos preto e branco. A beleza nem sempre escolhe cor, nem sei se  o amor é colorido ou preto e branco, quem sabe você poderá me responder, da visão que tem ai desse seu banco.

domingo, 5 de janeiro de 2014



Dança Cigana.
J. Norinaldo.



A vida é como uma dança cigana com passo que as vezes parece inseguro como o limiar do futuro que ninguém sabe onde é, cada passo dos dançarinos denota cada caminho ou cada rota, cada esperança, cada sombra cada treva que este caminho te leva nos leves passos da dança. A vida, também pode ser cigana, se engana que pensa na pátria da vida. Quem é capaz de garantir que a felicidade mundana é verdadeira ou não passa de uma dança cigana em volta de uma fogueira. Quem me garante que a vida é um presente ou missão que eu terei que cumprir, e dependendo do que da vida eu fizer, depois perante a quem me deu tal missão, de joelhos tenha que pedir perdão por minha falta de fé. Se a vida realmente for cigana por que a idéia tirana de relegá-la  a castelo dote ou herança até a hora derradeira, se para ser alegre em sua dança, necessita apenas de uma fogueira.


Meu Cansaço.
J. Norinaldo



Eu estou cansado de ver foto colorida que é a maquiagem da vida, mostrando uma vida bem melhor. Estou cansado de fugir desesperado em busca de um futuro tão sonhado, para acordar de repente, contando uma história no presente e quando terminar já é passado. Estou me  acostumando com o fracasso, colocando a culpa no cansaço, temendo voltar para o passado já vivido e depois percorrer um caminho já percorrido, sem achar graça em um colorido que acabei de colorir. Eu tenho pavor de ficar sabendo que o meu futuro está encolhendo e só o meu passado está crescendo com os restos do presente que passou. Estou desacreditando até na minha poesia, que vai mudando a cada dia e já não fala mais de amor; por que para tudo a vida roda e o amor a muito saiu da moda, assim como romantismo e amante, hoje o que existe é ficante, que ao vocabulário sequer ainda se incorporou. Estou cansado, e temeroso e com pouca fé,  que nessa minha ânsia cega, a minha poesia ficou brega e nem poesia  na verdade é. Eu realmente estou muito assustado, com esta minha caminha em direção ao futuro, se até o amor hoje é coisa do passado.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014



Um Brinquedo Já Usado.
J. Norinaldo.



Uma sombra que se move sem o vento, como um pincel a deslizar numa aquarela, que corre, se agacha e abre os braços através da luz tremulante de uma vela, pode se chamar felicidade para alguém solitário de verdade que vê a felicidade nela; o naufrago sozinho na ilha bela, que conversava com a velha bola ressequida, que o vento trouxe através das ondas depois de usada e esquecida, quem jamais iria imaginas que poderia um velho traste ganhar vida. Como um brinquedo já brincado e renegado, num quartinho com ele parecido, escutar sonho novo e colorido de um menino a quem foi presenteado;  num quartinho iluminado a luz de vela, onde as sombras são respingos da aquarela, ou pirilampos saltitantes coloridos, roubados do sonho da Cinderela. Um velho macaco um brinquedo já brincado para um naufrago algo sensacional, para o menino um presente de Natal, o primeiro que jamais é esquecido. Sr. Wilson, uma velha bola de couro, que valeu muito mais que um tesouro, sem valor nenhum contra a solidão, um maçado, o brinquedo já usado, um presente que ainda será brincado, por quem não sabe o que é ingratidão.


Miragem.
J. Norinaldo.



Vou seguir escrevendo no deserto uma canção para o vento decorar, a melodia deixarei que a solidão se encarregue de compor, inspirada na paisagem para uma platéia repleta de miragem que o sol desenha com seu calor. Na partitura de passos na areia, em cada nota um fantasma sem idéia, da beleza dos desenhos da platéia, como um falsete da canção que canta o vento. A solidão se pudesse apagaria, não só a letra da canção que a espanta, mas também a miragem que encanta, mesmo sem nunca chegar perto, daquele que se perde no deserto e ouve a canção que o vento canta. Vou seguir escrevendo na areia enquanto o arco íris se levanta como a tiara da sereia, que no deserto de água também canta, a canção que tanto encanta o vento que na onda bordada serpenteia. Vou seguir rabiscando no deserto, longe ou perto aonde existir areia, para que o vento venha e cante, se embalando no colo da maré cheia.