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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014



Poema do Escravo.
J. Norinaldo.



Meu Senhor me concedeu uma carta de alforria, me deu pena e papel para escrever poesia; no entanto se esqueceu de me dar inspirações, só as marcas das correntes e o peso dos grilhões. Se engana quem pensar que todo  poeta é feliz, a maioria não conhece o amor que em versos diz,  nunca viu a flor de lótus  nem tampouco a flor de Liz, mas fala de tudo isto como um poema que fiz. O meu primeiro poema depois da libertação ofereci ao senhor que agora é meu patrão, sua filha declamou no salão da fortaleza e todo mundo chorou de tanta dor e tristeza. Meu senhor me concedeu, uma carta de alforria, isto não lhe dar certeza, que devolveu minha alegria; o meu segundo poema eu fiz como  desagravo pelo tempo de escravo na senzala da agonia. Hoje eu tenho liberdade e a minha voz não cala lembrando que na senzala a minha voz só gemia, e o senhor que me açoitava não me açoita hoje em dia, se não freqüento seu salão, mas é freqüente, lá a minha poesia; que adianta ser senhor e viver gritando a esmo, quem não ama a poesia será sempre... Um escravo de si mesmo.



Pássaro de Papel.
J. Norinaldo.


Eu fiz um pássaro num papel qualquer e dei-lhe um ninho na imaginação, fiz um poema para as cores lindas lhe chamando de inspiração, pintei ainda uma linda árvore, cheia de frutos que chamei de amor, com muitas flores e sementes de amores, que alimentam o meu beija flor. Meu lindo pássaro em qualquer estação, jamais saberá o que é solidão, um caçador que me encontrou um dia, mentiu que amava a minha poesia e iludiu meu pobre coração; e só agora consegui livrar-me, num gesto de pura emoção, peguei um lápis com simplicidade, jamais pensei encontrar a felicidade num simples gesto que fiz com a mão, se foi embora quem me fez tão triste, e agora existe somente alegria, no meu cantinho com inspiração; lamento tanto por quem não houve seu canto, e o apelida... De alucinação.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014



Se Esta Rua Fosse Minha.
J. Norinaldo


Se esta rua fosse minha, eu mandava desmanchar, fazia tudo de novo como era antigamente, minha casinha sem reboco e uma pedra por batente, e uma árvore frondosa fazendo sombra na frente. Se esta rua fosse minha eu mandava desmanchar, fazia tudo de novo e trazia o mesmo povo para nela vir morar; queria ver novamente o que naquele tempo era moda, meninas brincar de roda, vozes feliz a cantar; se esta rua fosse minha, eu mandava desmanchar, fazia tudo de novo como só em sonhos pude, queria ver o açude que deu nome a esta rua, que refletia a lua para as meninas brincarem em paz, cantando suas cantigas que hoje são tão antigas que ninguém nem lembra mais. Mas, esta rua não é minha, assim como aquela casinha que tinha a pedra por batente, e até a árvore da frente hoje não existem mais; restou-me só a saudade danada como uma erva daninha, e essa dor no meu peito, a vida fez tudo ao seu jeito, mas Ah! Se esta rua fosse minha; a velha Rua do Açude, da minha Cachoeirinha

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A Charada.
J. Norinaldo.


Eu cantei um hino em louvor a vida, joguei uma rosa na rua chovida, enxuguei a lagrima recém chorada, fiz uma piada com a dor sofrida, escrevi um poema na pedra lascada, cantei uma ode a mulher amada. Tudo ao mesmo tempo sem separar nada, mas que uma charada uma profecia, que o louvor a vida deve ser a rosa, o hino e a piada uma poesia; eu contei os pingos da rua chovida, rorejei a rosa com a lágrima chorada, comparei o hino com o meu poema e vi que a vida é uma piada; que nas entrelinhas da letra do hino, está embutido o fio da meada e que no fim de tudo só se dará bem, quem souber decifrar a charada.

domingo, 23 de fevereiro de 2014



Caminhada da Vida.
J. Norinaldo.



Mesmo desgastado pelo tempo ido,  da árvore dispensei a sombra e aceitei um cajado, o caminho é longo e o frio doido enquanto me afasto do velho passado, não contei os passos nem gravei nas pedras, não quero deixar caminho marcado. Enquanto existir manhãs orvalhadas e os frutos caídos na beira da estrada, e dois galhos qualquer para armar minha rede, não passarei fome e não sentirei sede, sigo meu caminho mesmo que sozinho e determinado, suportando o peso da dor do cansaço sem ouvir gemidos deste meu cajado. Não posso parar a sombra perfeita, pois na curva espreita a preguiça má, que talvez conheça o fim da jornada, e queira apenas evitar por ossos do ofício, a decepção no fim da estrada, depois de tanto sacrifício lá tenha uma placa, com quatro letrinhas que significam        : “Nada”.


O Fim.
J. Norinaldo.



Não! Recuso-me a aceitar, prefiro mil vezes acreditar na verdade das alucinações, e que a vida tem razões e o direito dos sonhos editar; parece que foi ontem aqueça vez, em que a tua visão me fez, descobrir o que é a avidez e a loucura de desperto sonhar; ao ver-te numa saída de praia, a perfeição sob aquela curta saia que deslumbrou o meu olhar. O que o tempo fez contigo, olha nem pergunto o que ele fez comigo, e seria o mesmo que hoje a testemunhar, que como um homem das cavernas, agradeci ao tempo por dar tempo de poder fechar os olhos, enquanto a minha frente cruzavas tuas pernas. Não! Mil vezes prefiro as recordações editar, que na verdade enfeitada de senões acreditar, esquecer o caminho do passado do que ver um mundo mal desenhado, pela lágrima que turva o meu olhar. E a maldade da vida com a gente,  ao promover num sonho  tão recente, um encontro nosso naquele antigamente; revolvendo todo o meu imaginário, como uma mãe benevolente, mostra ao filho... Por que, morrer é necessário.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014



O Meu Poema e a Terra.
J. Norinaldo.



O meu poema começa a esmorecer  diante do descaso pela história do poeta e do Parnaso e pela falta do amor a ser cantado, meu poema está cansado de mentir ou de omitir, a verdade verdadeira, que a primavera existe e é passageira de uma nave que gira em torno de si. O meu poema já não fala como antes, de amantes que amavam o romantismo, hoje relegado ao descaso como uma rosa de um vaso que o tempo desbotou. O meu poema capenga pela estrada, buscando o nada aonde o nada deixou, como uma folha morta do outono, dançando ao sabor do vento, ou o pensamento que é escravo do seu dono. O meu poema esmorece a Cada dia como o remanso enquanto o rio se esvazia, como uma flor que flutuava nesse rio, como um barco navegando no vazio, em busca do farol da poesia. O meu poema que falava de quimera, e da primavera a mais bela estação da beleza e do perfume que há em si, mas que o outono o inverno e o verão, são necessário  para poder existir, a nave que gira em torno de si.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014



A  distancia.
J. Norinaldo.


Decidi me afastar de tudo que me machuca, chega de dor, de gemidos e tanta queixa, já me afastei do sol, da lua e da luz, pois de outro jeito minha sombra não me deixa; resolvi andar no meio do caminho, para não ver a flor eu nasce no aceiro, sentir o cheiro do fruto que madurou, deixar meus rastros sem as marcas do grilhões; seguir sozinho deixando meus pensamentos serem levados pelos ventos dos senões. Estou decidido a sofrer sempre calado só do cajado ainda não me afastei, nem dispensei a minha sorte tão tacanha, que indiferente assim como a minha sombra, se afasta sempre ao ver a sombra da montanha. Decidi não levar nada comigo, único bem que quero   é o pensamento e a saudade, que na verdade não passam de fantasia, aceito, o pensamento, a saudade mas sem palpite, quando  num rasgo de bondade a dor permite, que eu escreva no chão uma poesia. Já descobri que o meu caso é loucura, não tem cura e que estou caminhando a esmo, pois posso me afastar de tudo em fim, mas não consigo me afastar de mim mesmo.

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domingo, 16 de fevereiro de 2014



Primeira Vez do Amor.
J. Norinaldo.



Ainda resta algum licor na fina taça, que a onda passa e vai levando devagar, saboreando o batom dos lábios teus e sorvendo o vinho aos poucos, como se roubasse os beijos loucos que fugiram dos lábios meus. No embalo das ondas dança o cálice, manchando de carmim a branca areia, como a mostrar a maré cheia, a marca do primeiro amor no ápice. Pela manhã ensolarada a taça reflete os raios do sol brilhante, e  a maré já se encontra bem distante, já não há manchas e restos de licor, só na areia as marcas testemunhas de um amor, sem vestígios que o mar participou, bebeu do vinho e do teu batom provou. É apenas uma taça esquecida, mas tua taça que transbordou com o vinho da vida, e outra vida certamente nascerá. Ainda resta algum licor na fina taça, quem ali passa ficará sem entender, que numa noite ali se fez uma vida, que a mancha rubra na areia aquecida, não foi o resto de licor, mas o sinete, a marca do primeiro amor.

sábado, 15 de fevereiro de 2014



Meu Barco de Lua.
J. Norinaldo.


A lua caiu no rio se fez um barco e navegou, e nele embarquei meus sonhos e também me fiz de navegador, com a força do pensamento usei o vento da imaginação, do manto da noite fiz duas  velas  como as caravelas que conheci, singrei os mares da fantasia e quantas procelas venci, em uma só noite até chegar o dia vi a poesia que sempre sonhei, mas nunca cheguei a conhecer seu fim, a doce visão de uma linda mulher correndo com os braços abertos em direção a mim; acordava antes do encontro final, sem ver o seu rosto, como se uma onda viesse esconde-lo, tornando meu belo sonho num pesadelo que me fazia tanto mal; agora no barco de lua tu me chegas nua numa nuvem linda, e para nossa felicidade a noite num sonho é uma eternidade e o meu beijo dura até que a noite finda. E segue o barco com a proa empinada com peso do amor, e nós no beijo mais louco de felicidade  achando pouco a eternidade.


A Espada de Brinquedo,
J. Norinaldo.



Se a vida te ensina a brincar de morte, felicito-te  tens sorte, por  pode brincar, se o cabo da espada é uma cruz, lembra-te dos braços aberto de Jesus, onde ora tua mão está; lembra-te no ápice do golpe de seguir com o olhar bem lá no tope, assim como fazes ao orar, e vês se a tua vitima calada pelo medo, não é o mesmo de braços abertos no cabo da tua espada, seja ela de verdade ou de brinquedo. Se a vida te ensina a fazer a espada, a cruz encimada do cabo já existia, a mão que a guarnece com firmeza, foi a mesma que um dia cravejou com destreza, os punhos de Quem hoje é poesia. Se a vida um dia vai e tu não ficas, por que tem marcas contra ela na espada, não é só a Jesus que crucificas, mas cada um que deixas caído no pó da estrada. Não é preciso  pregar com cravos numa cruz, como um dia já foi feito com Jesus, uma dívida que jamais poderá ser paga, cada golpe desta tua espada, abre Nele com certeza outra chaga. Se a vida te ensina a brincar com a morte, talvez para que descubras tu o segredo, que ela é a única certeza verdadeira, a única espada que é certeira, de verdade ou de brinquedo.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014


A Vida e o Caminho.
J. Norinaldo.


A própria vida às vezes te abre os olhos, para mostrar que o horizonte está mais perto, e que o lindo  caminho florido em que passavas, com tanta gente hoje em dia está deserto. A própria vida te avisa sem alarde,  que nunca é tarde para florir novo caminho, e a vida ainda te ensina mais, que se as flores tu plantas com carinho, o único jardineiro não serás. A sombra de uma árvore sem flores não difere de outra árvore florida, assim como o caminho solitário, as flores embelezam o cenário, muitas vezes num caminho só de ida. A Vida às vezes te pede calma, e bate palma te aplaudindo satisfeita; mesmo quando tu te sentes tão sozinho, como as flores do teu antigo caminho; a vida sabe que para ti foi eleita. Olha o imenso até a linha do horizonte, olha o sol por trás do monte e ouve a fonte a chorar, sente o vento embalando o passarinho, que constrói o próprio ninho e está sempre a cantar, vê o sol que está no mar e no deserto, e mesmo a linha do horizonte estando perto de você, faz um esforço pois ainda podes ver, ergue a cabeça segue teu caminho se a própria te convida pra dançar, dança com ela e ... Vai viver.


O Barco e o Balanço do Mar.
J. Norinaldo.



Este balanço, este barco e este mar, não me perguntem aonde vai dá, pois eu não sei, agora o que posso te dizer com uma certeza é que de toda essa beleza eu desfruto e desfrutei, me embalando no balanço com o vento, navegando no barco e no pensamento por este mar sentindo o prazer do vento a embalar, o barco, o balanço e o mar, em fim que vive a embalar a vida. Quem fez este balaço eu te digo, foi um amigo que já não se embala mais, plantou a árvore fez o barco e navegou e se encantou com esse espelho de cristal, viveu, amou, mas um dia foi embora, deixando a sombra no mundo que é seu quintal. A madeira do balanço já foi vida, e balançava sempre ao sabor do vento, já serviu de morada ao passarinho já amparou alguma alma esbaforida; hoje se embala também ao sabor do vento, escutando calada algum pensamento, de alguém que ao mar, vem algum pecado confessar. Ah! Se este banco, este barco este mar, gravassem tudo o que viram e ouviram por aqui, e te mostrasse, com certeza... Você iria chorar de tanto ri.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014



A Dança da Chuva.
J. Norinaldo.



A dança da chuva, a dança na chuva, o peso do pão e gosto da uva, o fogo da vela que com a sombra revela o rude da vida. A dança da vida no baile da morte como o boi de corte na estrada comprida. A chuva que dança entre a uva nascida, o trigo do pão que alimenta a vida, o fogo da vela o calor e a luz e a morte reluz pela brecha escondida. A dança do vinho na colheita da uva a dança da chuva quando a semente é plantada, a morte a espreita na festa do vinho, do fogo da vela e do boi de corte e da estrada comprida; a dança da chuva, a dança na chuva, o vinho a uva a vela e a vida, e a morte a espreita a festa do vinho, que tem um rosário de contas contadas, e na boca da taça que canta com o vento a valsa encantada da dança  dançada, da chuva, da uva do vinho ou do nada...


Solidão.
J. Norinaldo.


Silenciosa, fria e rastejante, intrigante como o olhar da serpente, indolor, incolor que de repente  ataca sem explicar a razão, conduzindo ao abismo a multidão sem um único gemido de dor. Intrigante por que nunca está sozinha, no deserto não tem sobra a se pisada, rastejante por que quem está com ela está sempre  olhando para o chão, e é  fria como o piso da prisão; o que seria tão vil e tão maldosa, abominável calculista e venenosa? Claro que é a solidão.
Solidão: lugar ermo e despovoado, vai lá e ela estará por perto e bem calada, pois jamais existiria sozinha, a solidão é a tão tua quanto minha, depende por quem for adotada. Fugir da solidão é muito fácil, para aqueles que jamais a conheceram, pensam que é como a uma corrida, da qual participaram e venceram; vencer a solidão é tão difícil, no cemitério estão aqueles que perderam, em cujas criptas às vezes escritas a esmo: ” Em Fim a sós Comigo Mesmo”. Quiçá o epitáfio da razão, escrito em bronze no troféu da Solidão.



domingo, 9 de fevereiro de 2014



Uivar para a Lua.
J. Norinaldo.



Quando um lobo uiva para a lua, na solidão de uma estrada, é aquela paixão que nos deixa a alma nua, pois quem não é capaz de amar a lua, não tem condições para amar mais nada. Quem não ama a beleza do luar, numa noite tranqüila a beira mar mesmo não estando sozinho sem ninguém, sabe que acima mais além, está o seu mais belo amor. Quando o sol cede seu lugar a lua e as estrelas salpicam de luz o anoitecer, e me encontro sozinho a beira mar, entendo o que leva o lobo a uivar é a distancia do amor que o faz sofrer. Sabe a verdade nua e crua, é que só amá-la eu acho pouco, ah! Se não me chamassem louco, uivaria sempre que visse a lua. Ah! Se eu pertencesse a uma matilha diferente, e  me preocupasse com minha opinião e não com a tua, eu seria feliz indiferente, teria o poder de não ser gente e  o prazer de uivar pra lua; Teria uma colina e não uma rua, teria o vale e a montanha, teria toda a beleza que se sonha e a liberdade de pode uivar pra lua.


O Caminho do Abismo.
J. Norinaldo.



Se num rasgo de loucura ou de cinismo,  segues a passos largos o caminho do abismo, empurrado pelo vento da maldade, na verdade ao voluntário   ostracismo, num impulso depressivo da vontade, pela falta de amor ou pessimismo. Pensa nisso no caminho para o alto, depois do salto não há tempo a se pensar, cuida  bem os teus passos no caminho, se começam a ficar devagarzinho, não hesita para e volta sem pensar. O caminho até o fundo é sem  subida, não te cansa e não tem passos nem saída, é uma despedida sem abraços a uma estrada desconhecida, muitos falam noutra vida, porém ninguém te dá garantia, somente alguma fábula ou alguma  fantasia de algum poeta errante, assim como o inferno de Dante quem me garante que existia? Em fim o melhor que tens a fazer, é compor  desta vida um poema, que pode ser você o próprio tema, declama-o bem alto  para o mundo ver; e lembra-te se não vierem os aplausos, aplaude a ti mesmo e vai viver...

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014



Espelho, Espelho Meu...
J. Norinaldo



De repente no fim de uma rua, onde a lua se esconde por trás de uma sebe, uma casa aonde se percebe, na janela a beleza como uma roseira florida, assim como a lua escondida com os cabelos  em desalinho uma bela moça como um passarinho, parece aprontar-se para cantar para a vida. De repente o fim da rua é tão longe e a sebe tão alta que falta espaço para o tempo passar, talvez a donzela assim como a natureza, com toda certeza fez o tempo parar ao ver na janela tanta beleza, pois até o tempo foi se apaixonar. Assim de repente no fim de uma rua, onde a lua se esconde para te espionar e pergunta ao espelho que nem percebeu distraído que estava também a te olhar, é claro que ela é mais bela que você e eu. Sei que tu brilhas por trás da montanha e quem me olha   sonha ser assim tão bela; e a minha resposta para “espelho meu, existe alguém mais bela que eu? É cloro que existe...  a moça da janela que por incrível que pareça nunca me perguntou, se existe alguém mais linda que ela. E agora já sabes seu nome e quem ela é? O nome não importa, basta saber  que ela é mãe, deusa e mulher, alguém muito especial? Sim, a minha mãe ou a sua ou uma mãe qualquer...


As Ondas do Deserto.
J. Norinaldo.



Quando as dunas se desfazem e se amplia o teatro das miragens, como se uma mente  que vazia, se enche facilmente de bobagens, quando o sol se espalha pela a areia, como a onda se espraia na maré cheia e o navegante ouve o canto da sereia vindo de uma concha dourada, uma miragem onde as dunas são as ondas prateadas iluminadas pelos raios do luar, que diferente do sol que no deserto enlouquece, a lua ameniza o calor e faz sonhar. Quando as ondas se desfazem como as dunas, se amplia a imensidão do horizonte, enquanto outro monte serpenteia e como num bailado sobre o mar, a onda se atira sem ter medo, de encontro ao mais duro rochedo com coragem, como no deserto a tempestade de areia, confunde a razão com uma miragem. Quando o mar está sereno, parece um deserto de espelho, onde as miragens são o céu e as estrelas, que os loucos e perdidos podem vê-las, assim como o sol durante o dia, e descrevê-los na sua poesia; só os loucos, os poetas que se julgam donos delas... Mesmo sem tê-las. As ondas são as dunas do oceano, e as dunas são as ondas do deserto, as miragens desenhadas na areia, são iguais aquelas da maré cheia, quando o mar vem beijar os pés, daqueles que se aventuram a amar ali por perto.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014



Um Pingo de Suor.
J. Norinaldo.


No pingo de suor que desliza entre os teus seios, vejo refletir meus devaneios e os meus sonhos de amor, vejo num instante refletido no mais recôndito sentido o desejo que o tempo em mim forjou. Ah! Nessa visão tão efêmera, que tão ligeiro fenece, na verdade permanece como o caminho que segue o brilho da fantasia, como os versos de uma poesia que faz a vida um  sonhar. Ah! Até parece exagero, que num pingo de suor tão pequeno e tão ligeiro eu tanto possa ver,  sim minha querida, num instante pode se viver uma vida e antes de voltar ao pó, ver tudo, tudo numa simples  gota de suor, ou numa lágrima caída. Neste pingo de suor que ainda está entre os teus seios, como uma pequena estrela que reflete os olhos meus, eu vejo o céu, vejo o sol e vejo a vida, minha querida nesta gota de suor eu vejo Deus.

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sábado, 1 de fevereiro de 2014



Folha Morta.
J. Norinaldo.


E se de repente surge no grande espelho, alguém que  atiça teu imaginário, te mostrando uma folha morta que destoa a visão de tão belo cenário, como no mundo de que parte sois, a imensidão de um oceano e uma folha morta agora são dois. De uma cadeira a beira do mar, vês o sol refletido no espelho da vida maior que o mundo as vezes turbado por ondas confusas, como vozes difusas vindas do profundo. E uma folha morta tão diminuta, insulta a grandeza com a sua cor, como um grão de areia no imenso deserto que pode um dia ser descoberto e fazer parte do espelho que o homem criou. Ah! Como é linda essa calma e esse espelho deitado, refletindo no céu a luz das estrelas; ah! O que mais quero para ser feliz, se tenho  os olhos e bem posso vê-las? Ah! Não, nunca parei e pensei o quanto sou grande ou o quanto grande tu és, agora vejo a imensidão desse mar, que vem se arrastar e beijar os meus pés. Por que não fazer, como a folha caída, você é uma árvore cheia de folhas bela e florida, o que mais querer, levanta a cabeça e vai viver a vida.