O Poema da Calçada com Caroço de Mamona.
J. Norinaldo.
O primeiro poema que escrevi foi
com um caroço de mamona numa calçada, mas não numa calçada qualquer, na calça
de uma futura mulher a mais linda que conheci. Não lembro todo poema, mas
lembro que durante certo tempo ele sumia e quando o tempo se preparava para
chover, ele novamente surgia como se fosse feto na hora. Não lembro mais quase
nada, mas de uma parte jamais esqueci eu um verso que dizia: Te amo tanto que
se por causa desse amor tenha que fugir e até as estrelas indiquem onde estou para os soldados me encontrarem,
continuarei lutando e tentando resisti só para ter o prazer de ter morrido por
TI. Sei que ela leu várias vezes eu vi, ou dos seus doces lábios: “Que lindo,
ah! Se fosse feito para mim.” Quantas noites sonhei, dormindo ou acordado que
ela completasse a frase com meu nome. Nunca aconteceu, o destino se é que
existe para mim é um cara triste, nos separou para sempre, até que há pouco
soube que ela faleceu. Não sei se a calçada ainda existe, se nos dias de
chuva meu poema ainda resiste, pois até
meu coração a maior parte esqueceu. Sempre que vejo um pé de mamona, pego um
fruto e penso escrever algo numa pedra ou na calçada, mas minha alma continua
ali calada, como calada é a morte; atiro aquilo longe com tristeza. Nunca houve nada entre nós, mesmo assim estava
sempre por perto para ouvir a sua voz e adorar o seu sorriso. Quando me
contaram que ela morreu solteira, eu soltei uma blasfêmia, seria ela minha alma
gêmea, mas somente eu sabia. Por que soldados, talvez por minha inocência, fui soldado
tanto tempo e nunca persegui ninguém só
por que amava outrem; muito pelo contrário fui feliz ao ver a felicidade de
amigos, que em nada contribuíram para minha infelicidade.
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