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quarta-feira, 17 de junho de 2015






Poesia e loucura ocupam a mesma Senzala.
J. Norinaldo



A minha poesia está de luto, e bem-dito seja o fruto de quem a enlutou, em verdade o que digo é uma grande heresia, pois quem me disse não, disse para mim e não para minha poesia; pedir perdão eu devo, afinal escrevo sem dizer o nome dela; enganei-me, nada mais era que utopia, quando ela disse que me amava, amava, mas era a minha poesia. Nem por isto vou amaldiçoar o que não posso recusar escrever o que a minha alma manda, mesmo que por outros caminhos ela anda um poeta não é dono de si e o que a alma decidir, sem pensar ou ponderar tem que cumprir. Pobres poetas loucos, que se apaixonam aos poucos pelas suas musas e divas sem saber que suas poesias delas jamais serão cativas e são livres como gaivotas no ar, como os peixes no mar. Tristes poetas loucos que morrem aos poucos ao final de um poema cujo tema fala somente de si, mas terá que dividir com milhões de outros loucos que também querem expressar a sua dor, pela falta de um amor, mas a sua alma cala por não ter o dom da alquimia das palavras a poesia e o coração faz do peito uma senzala. Felizes mesmo são os loucos  que não sabem poetar, pois fazem justamente u inverso, não choram como poetas em versos sem coragem do nome da amada versejar, são livres, livres como as gaivotas no ar, como os peixes no mar. Como se chama o modo que um louco ama, haveria um louco amor, que independesse de dor, de sofrimento e adeus e separação? Não! Eu acredito que não! Louco ou são cada um tem no peito um coração e uma voz que não cala; pode dizer eu te amo, num hospício, num castelo ou até mesmo acorrentado na senzala.

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