A felicidade fugiu
dos meus primeiros Sapatos.
J. Norinaldo
Feliz criança correndo de pé no chão, olhando o céu
encantado como um balão, uma vez por ano na noite de São João, lá bem longe
numa vila do Sertão. Faz tanto tempo que
até não lembro mais o tempo que faz que vejo outros balões, mais coloridos,
mais ricos tão enfeitados, colorindo, enfeitando outros céu tão distantes, quantas vezes estive
bem mais alto que os balões, vendo voar condores, águias e falcões, sobre
montanhas onde o gelo era a floresta, e os altos picos frestas por onde as
nuvens brincavam, mas nunca esqueci minha vila e seus balões. Tão orgulhoso
mesmo com os pés no chão, quando ouvia alguém dizer este ai, dizia alto duvido,
pois foi feito por meu pai. Ainda não sei por que não fiquei naquele tempo,
onde uma chuva era motivo de tana alegria de verdade, em cada esquina estava a felicidade, mas mesmo assim eu
sonhava em crescer. Cresci e cresceu junto comigo a amargura e o infortúnio de
fugir da minha Vila, onde descalço eu corria e brincava, até Bel desligar o
velho motor Caterpillar. Há pouco tempo estive na avenida mais larga do mundo,
um obelisco dez vez mais alto que a mais alta torre que conhecia, estive na
maior praça do mundo, vinte vezes maior que a minha Vila, ninguém sabia por que
meus olhos marejavam, nem imaginavam que eu sentia saudades do velho motor Caterpillar.
Hoje quando vejo um belo balão no céu, lembro-me de Bel que quando o motor
coisava, eu quase morria de medo de voltar sozinho para casa. Feliz criança
correndo de pé no chão, hoje um velho bem calçado e sem noção, do que é
realmente alegria como antes eu corria só para ver um balão. Para onde foi a
minha felicidade, será que ficou na cidade que hoje deixou de ser vila, tendo
hoje iluminação moderna, às vezes penso que se pudesse voltaria pra caverna de
Platão; ou voltaria a correr de pé no chão, até que Bel desligasse o
Caterpillar. Que me adianta ser poeta e, no entanto, chorar tanto de saudade do
passado; ah! Se pudesse eu voltaria correndo para minha Vila, mas esta também
não existe mais, não sei então o que ainda faço aqui, já sem sem sorrir e com
medo de olhar para trás.
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