O Vinho, o Vento e o Tempo.
J. Norinaldo.
O látego do tempo não tem tempo
para desgaste, por mais que a vida se arraste pelo caminho mais longo, largo ou
estreito o relho bate sem pena por mais que a morte se afaste. O espelho é o
carrasco que mostra cada ferida, em cada ruga fendida na face que já foi lisa,
vai riscando e não avisa, mas o espelho revela, a face que já foi bela e o sonho do paraíso que hoje
esconde o sorriso em um semblante de
espantalho. E num retrato amarelo que mostra um tempo distante como um lindo
diamante que se transformou em cascalho. Viva a vida intensamente, faça pontes
ao invés de muro, olhe muito mais para frente sem esquecer o retrovisor, pois
pode se chocar com o presente e não chegar ao
futuro. Enquanto se espera o vinho e a videira floresce e se aguarda a colheita
quando a festa acontece a mão do tempo
sobe e desce e o látego não dá sossego este jamais se desgasta só quando a vida
diz basta e vem o último aconchego. O tempo nunca deu tempo para se curar as
feridas quando as videiras floridas depois que a uva fermenta após a festa a
tormenta de mais um tempo passado como uma pluma ao vento, as marcas do látego do tempo na face que já
foi bela, hoje o espelho revela, uma escrita sem sentido; o que foi pintado
como esmero por pincel é hoje riscado a cinzel
que é o látego do tempo.
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