A Primeira Vez.
J. Norinaldo
AH! A primeira vez que a vi do outro lado de um balcão,
medindo uma peça de tecido, de um belo colorido que lembrava um oásis e um por do sol. Desde então jamais deixei de
vê-la nunca saiu do meu pensamento, um Odalisca de sonhos que desmanchava com o
vento, uma miragem tão bela que não cabe no esquecimento. A primeira vez que
ouvi sua voz, foi tamanha emoção, que me lembro daquele momento, como se a
orquestra do vento tocasse a mais linda canção. A primeira vez que a beijei,
impossível descrever meu desejo; mas só consegui a metade do beijo, porque antes acordei. A última vez
que a vi, coberta de pétalas de flores, pálida, mesmo assim bela, como se fosse
uma tela em uma estreita moldura outra que jamais esqueci, parecia que a mão de
um pintor aturdido, tentava retratar o tecido que media quando a Primeira vez a
vi. Uma noite sonhei que a esquecera, não lembrava mais suas feições, acordei
confuso e perdido com a maior das desilusões, fechei os olhos e voltei a
dormir, e voltou-me a lembrança feliz, porém um desgosto profundo, ao lembrar que neste mundo, vê-la foi só o
que fiz. Uma lembrança uma imagem, como num deserto perdido, uma existência
como uma miragem, ou a estampa de um tecido. Pela primeira vez me dou conta,
que me esqueci de viver, não amei nem fui amado, nunca tive ninguém ao meu lado
e agora é tarde demais, vivendo sem esperança e coragem, de perder esta lembrança, de quem foi na vida
para mim, apenas uma miragem.
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