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terça-feira, 19 de janeiro de 2016




Zumbis do Teatro dos Horrores.
J. Norinado.



Os canhões ora mudos como sombras e as bombas rotas e esfarrapadas, as espadas sem bainhas e enferrujadas, entrelaçadas como barragens de castores; e os donos da guerra antes senhores, vestindo farrapos incolores plantam tomates nas lavouras. Os estandartes com águias, touros e leões, que ornavam brigadas e divisões, são fantasmas que assustam multidões, mas não impedem os protestos opositores, que gritam aos surdos senhores, com palavras de ordens e palavrões. Os hinos têm outros teores e ao invés dos antigos tambores, Clarins e taróis, guitarras e voz de tenores  determinam o ritmo da parada. Os canhões enferrujam nos paióis e os antigos heróis condecorados, hoje plantam tomate nas lavouras, alfaces pepinos e cenouras, enfileirados como soldados para revista, para alimentar o guitarrista que determina o ritmo da parada. A cavalaria agora vem a pé e a marcha agora é a ré, para um passado que já não se vista. Mas ainda existem sonhadores, que desejam a volta dos tambores e o grito dos senhores a ser ouvido, todo duro na posição de sentido, escondido atrás do elmo dos horrores. E ainda falam do grande combate a ser vencido, passando inspeção na plantação de tomate, como um exercido de soldado colorido. O comboio para o futuro já partiu, mas o surdo dos olhos sequer viu, porque seu presente não passa de premissa, é como a  areia movediça, onde apodrece o seu  fuzil.

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