Cachoeirinha, Pernambuco, por Vocês eu sou Maluco.
J. Norinaldo
Hoje eu sou um homem feliz por ter lembranças felizes de uma
vila encantada, com suas ruas empoeiradas, suas famílias irmanadas como nos
contos de fadas. Crianças obedientes todas em um só Deus crentes ensinados por sua Fada Madrinha;
privilégios de que conheceu ainda menino, D. Glorinha, a Professora Tarsila e a
querida D. joaninha. Sou feliz e agradeço ter vivido nesse chão, mesmo um seco
torrão donde às vezes nada brota, mas quem é de fora não nota nenhuma
insatisfação; muitas às vezes batem asas como aves de arribação, levando o
pouco que tem no seu pobre matulão, e a saudade no peito e Cachoeirinha no coração. Não quero ser
presunçoso falando da minha vila, do seu motor Caterpilla que era manobrado por
Bel, quando em criança brincava sem celular que avisasse que quando o motor
coisasse o medo da escuridão, pois até em bicho papão em nosso tempo era coisa
que se acreditasse. Depois veio a luz mais forte da Usina de Paulo Afonso, e o
progresso meio sonso soterrou a minha
Vila; ainda bem que estava longe sofrendo sua saudade e não vi essa maldade tão
necessária para a missão ser cumprida, desde então não vou a velório de amigo,
prefiro tê-lo na mente comigo como o via em vida. Cachoeirinha, Cachoeirinha,
tua história pode ser simples, mas é repleta de glória; lembra-te de D.
Glorinha, que era um nome diminuto, mas falando em peso bruto, quanta glória
essa mulher tinha. Abdon Jordão, e a Família Raimundo, Sobral, Agripino,
Simões, Chalegre para falar de todo
mundo me falta espaço e tempo, mas repito, Abílio, Júlio Palito, Chiole Alfredo
alicate, Mãe quitéria e hoje até eu faço parte de parte dessa história que começou a ser
contada e não pode ser esquecida, ou se perde a razão da vida e esta não vale
nada. Às vezes cavalgo o tempo nas asas da imaginação, e me vejo novamente a
correr por este chão, pensando em Manoel Vicente Janja, Bel e João Romão, na
bela Coló de miro, a Professora Maria de
Cesário pessoas que até hoje admiro e dedico tanto amor, como aos amigos que partiram
Biducha, Cariri e a Dolores de Guingô; e choro feito criança, mas mantenho a
esperança que um dia o Rio Una sem parar suas águas para sempre corram e essas
lembranças não morram e se percam no vazio, como morre o nosso Rio. Que os
novos Cachoeirenses não esqueçam velhos
bordões esquecidos pelos moderno do mundo, pois por ai ainda existem Jordões,
Tavares, sobrais e Raimundo. E que para ser nordestino não é só saber usar um
belo chapéu de couro, e escrever verso feito eu, mas sim tratar como ouro o torrão em
que nasceu.
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