Será?
J. Norinaldo.
Isolado vivo num canto frio e
vazio, vazio de calor e frio, onde nada são os móveis, imóveis de um cérebro
hipotecado aos vermes em troca de uma sobrevida, escondida donde vejo através
de frestas a luz que ainda resta e não é no fim do túnel. Sozinho, com meus
sonhos engendrados no lugar onde existiu um cérebro, que foi comido antecipado
pelos vermes sem nenhum um recibo assinado, como não terei ao devorarem o
resto; presto-me a escrever no escuro, ansiando que alguma bomba caia para
aproveitar o seu clarão que vem com ela, que rasgue além da vida a escuridão e
mostre o que se esconde por trás dela. Tristonho, me proponho um fim a tudo
isso, um passo a mais e o precipício que a vida tanto teme, levará este barco
já sem leme, devorado pelos vermes que
lhe priva de saber que seu velame ainda treme ao vento que desconhece
o que é deriva. Isolado, não tenho
procuração para falar em nome da humanidade, mas qual seria a real verdade
atinar com isso eu não consigo? Seria? Será que isto só acontece comigo; ou é
apenas fantasia? Será.
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