Os Feios e os Loucos Também Amam.
J. Norinaldo.
Ele era extremamente feio, mas
tinha muitas canetas, e rabiscava o tempo todo até que algo surgia, ele sempre
dedicava a Sofia qualquer figura que
sobre o papel nascia; não sabia desenhar, mas seu esforço valia, valia a pena
sonhar que era um quadro tão belo e tão raro, que se tornaria tão caro, que
ninguém o compraria. Mas ele era muito feio e isto não mudaria, o que pensava Sofia
ele também não sabia; aliás, sabia pouco além de suas rasuras, além das suas
figuras, mas que muito lhes dizia; justamente porque, eram dedicadas a Sofia.
Até que um dia suas canetas sumiram em, uma linda manhã, e diferente do louco
de Khalil Gibran, o homem feio enlouqueceu; e com as unhas a parede corroeu,
fazendo rabiscos com seu sangue que escorria, sorriu e dedicou a Sofia a mulher
que tanto amava, mas que não a conhecia. Pobre homem feio e louco e se tudo
isto fosse pouco a maldade para saciar sua sede e aumentar os seus medos,
devolveu-lhe as canetas, porém o homem feio e ora louco já não tinha mais os
dedos, mas por ser louco não sofria seus dedos ficaram na parede como a pintura
de um mestre, ou algo rude rupestre em homenagem a Sofia; e o mais louco em
tudo isto...Ele nem a conhecia.