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domingo, 12 de abril de 2009


Rosas Murchas.
J. Norinaldo.

Seria eu um canalha por chorar por quem não me ama, e desprezar quem me ama? Que espécie de canalha venera quem lhe escorraça e escorraça quem lhe chama? Será que isto acontece apenas comigo? Que espécie de crime cometi para isto merecer? Sofrer por quem não me ama, e a quem me ama fazer sofrer? Terei que por gratidão viver com alguém que não amo, quando em momentos felizes será por outra que chamo, passar por esta provação e ainda ser chamado canalha.
Não inventei esse jogo, tampouco sei quem inventou, mas esse quebra cabeça muitas vidas já ceifou, muita loucura causou, quantos crimes cometidos em nome do amor. Amor não entendido, amor não correspondido ou por excesso de amor, seria mesmo isto amor? Eu sofri por desprezo, já sofri por ser amado, já tive amor de verdade já me apaixonei a esmo, me embriaguei de mim mesmo..., mas não conheço o amor, aqueles que tem nos contos, dos felizes para sempre, que nem a morte separa, me contento com migalhas que a vida atira ao chão, como um pedaço de pão que faz feliz um faminto. Talvez se fosse menos egoísta, veria que a vida não é ruim, não ouviria apenas meu pranto, veria que em outro canto alguém está chorando por mim.
Outro dia colhi três rosas vermelhas e dei pra quem não me ama, depois as achei no lixo, já murchas e sem cor, novamente as peguei e talvez até por maldade entreguei a quem me ama, e vi a felicidade parada a minha frente com aquelas flores na mão. Por piedade talvez, tomei-as dei meia volta e fui buscar um buquê. Por quê? Perguntou-me ela. Não são as rosas que importam, mas sim lembrar-te de mim.
Às vezes me pergunto se não é o amor um canalha.

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