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sábado, 15 de maio de 2010


Depressão.
J. Norinaldo.

As pontas de cigarro no cinzeiro,
O mau cheiro da toalha colorida,
O medo de caminhar a minha volta,
A revolta com a brincadeira da vida,
Um grito arquejando no meu peito,
Por um leito pra curtir minha bebida.

A menina curiosa com seu gato,
Que de fato nada sabem sobre a vida,
Seu olhar não reflete quase nada,
De quem tem por caminho a calçada,
Por brinquedo uma boneca encardida,
Noutras mentes o destino já traçado.

Cristalina só a bebida no meu copo,
Como um lago onde a vida mata a sede,
A felicidade está longe, muito longe,
Madornando numa sombra em sua rede,
Ou talvez na criança e no seu gato...
Ou quem sabe nos desenhos da parede.

Na vidraça ensebada do boteco,
Vejo restos de alguém sentado à mesa,
Cujo olhar não chega cruzar a rua,
E as lembranças desfilam no sujo piso,
Diabos de que mais será preciso...
Para pagar esta vida nua e crua.

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