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segunda-feira, 11 de outubro de 2010



Pássaro Cego.
J. Norinaldo.

Peneirar os sonhos destilar as lágrimas,
Decifrar palavras diluídas em dor,
Retirar o sal que traz sede a alma,
Transformar em mel do pólen do amor,
No engenho vivo sem roda vento...
No mais belo invento que o Pai criou.

Cegar os olhos do pássaro negro,
Para que seu canto fique bem mais triste,
Declamar os versos de um poeta louco,
Falando de um mundo que já não existe;
E assim o mundo também fica cego...
E o poeta escreve por que a alma insiste.

Peneirar os sonhos e coar as lágrimas
E matar a sede na ausência do sal,
Destilar o óleo que acende a candeia
Que mostra na vida a sombra do mal,
Da antiga caverna que Platão citou...
Ou do pássaro negro que o homem cegou.


1 comentário:

Lourival Rodrigues dos Santos disse...

Ouvi hoje, gostei, e aí vai. "Simplicidade é ter o mar e querer apenas uma gota, é ter o céu e querer apenas uma estrela, é ter a vida e querer, simplesmente, vive-la". "Peneirar os sonhos destilar as lágrimas", é poesia pura, parabens. Abraço, amigo.