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segunda-feira, 12 de setembro de 2011


Como Posso?

J. Norinaldo.


Como posso ter lugar no coração para admirar a beleza de um flor enquanto busco no monturo por um pedaço de pão? Como posso me encantar com seu poema no jornal, enquanto busco minha filha que perdi para o mal? Como posso acreditar na esperança, se vi hoje uma criança roubando o pouco que eu tinha? Como posso acreditar nas escrituras que são lidas nas alturas do palco da hipocrisia? Por que Jerusalém é tão longe, por que a fala do monge eu não entendo tão bem? Quem foi que em sua sã consciência me trocou a inocência por esta falta de fé? Por que sonho que estou num castelo, tendo o quarto mais belo, dormindo embaixo da ponte? E vejo toda humanidade, na maior fraternidade, enquanto morro de sede, caído ao lado da fonte? Por que tanto ódio, por que tantos medos? Para que tantas Siglas e tantos segredos? Por que hoje falamos através dos dedos, sem vermos os olhos de quem nos escuta? Vejo gente morrendo por um pedaço de pano que algum tirano mandou desenhar por prazer, enquanto no fausto e no luxo manda matar que ousa lhe desobedecer.

Onde está a caneca de cicuta a mim destinada? eu quero beber e brindar a vitória, só não sei de que.

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