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sábado, 7 de janeiro de 2012




A ingratidão.
J. Norinaldo.


O chapéu que gira em minhas mãos, para onde olho enquanto falo com o senhor, não é nem nunca foi o meu mentor, serve apenas para abrandar o calor e proteger minha caixa de conselhos. As mãos calejadas que o giram, ungiram a criança que há em vós, a voz que tanto vos fala em mim, não tem permissão pra dizer nós.  Venho apelar a consciência, que sei existe em Vossa Excelência que bem sei de mim já não lembra mais, eu também não sei quem foram meus pais, mesmo assim eu jamais os esqueci.
Confesso sou culpado, pelo senhor ter estudado e agora ser Juiz, reconheço de que lhe causa vergonha, ver este velho  mal vestido, analfabeto empurrando um carrinho de pamonha, que sua mãe ainda faz como ninguém. O pouco que ganhamos pra viver, honestamente nos causa muito prazer e ainda temos um filhinho adotado, que quero que estude e quem sabe também seja magistrado, E que quiçá não venha também a ter vergonha, e proíba a venda da pamonha, nos lugares por onde ele passar. Quiçá.

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