Tela em Branco.
J. Norinaldo.
Me assombram sombras e vultos que
o pincel da noite pinta, sem ter que secar a tinta que se apaga a qualquer luz,
sem deixar rastros nem cheiro na tela em branco em que vivo. Para que sirvo já não sei, nem nunca me perguntei aonde quero
chegar, como a sombra sem sentido que sequer mancha o tecido da tela branca em
que vivo. As sombras que não me assombram já não sombreiam o cansaço daquele
que já não anda, pois as marcas paralelas que marcam trilhos nas telas por onde
a Vida caminha. O que pensará a sombra que sempre segue meus passos, se no
escuro não vejo, mas sinto a presença dela, sempre fez parte da tela; a tela
branca em que vivo.
1 comentário:
Esta tela é irreversível. Muito profundo e lindo.
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