Tempo Malvado.
J. Norinaldo.
Lembro-me de que há muito tempo
aqui passava, e olhava essa janela com ternura, aquela moça que se debruçava
lembrando uma tela de candura, não me lembro da cor naquele tempo, porém sei
que era nova e deslumbrante, moldura de uma tela de beleza que o dia tornava
tão brilhante. Hoje tanto tempo se passou, nem o reboco da parede mais existe
apesar do novo azul turquesa, já não existe mais beleza a não ser numa
pequenina flor. Ah! Este tempo tão malvado o que fez com a moça da janela e
também com o jovem que passava e ainda passa o tempo pensando nela. Naquele
tempo eu passava tão depressa, sem pensar que o tempo ia à frente, imaginava
tua beleza para sempre, que a juventude para sempre era da gente.
Ah! Velha janela que saudade, da
moça e da beleza daquela felicidade, da flor que tu usavas no cabelo, uma
beleza que me deixava quase louco; por
que hoje me resta só a moldura, de uma tela sem fundo, sem pintura pendurada
numa parede sem reboco.
Será que ainda vives nessa casa,
e ainda te debruças à janela? Pergunto apenas por perguntar, hoje já passo tão
devagar, feliz por ainda poder sonhar se lá estiveres já não vou mais te
enxergar. Ah! Tempo malvado, não seria bem melhor tu me matar?
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