Entre o Trigal e o Jardim.
J. Norinaldo.
Depois de uma cerca inocente, que
separa o trigal do jardim existe um mundo maior, o troar dos canhões numa
guerra e vidas ceifadas sem dó, cumprindo a antiga lei de voltar ao pó; do
trigal vem o pão de cada dia, do jardim
a beleza das flores a poesia e os meninos que brincam sem pensar na vida, sem
saber que a guerra os espera numa esquina perdida. Depois do trigal vem a
estrada comprida, o caminho da vida que cada um vai seguir, por que não viver
no aconchego daquele quintal, cuja cerca separa o jardim do trigal e na casinha
que abriga só bem não o mal? Por que a vida não aceita a inércia é às vezes
perversa por que assim tem que ser, e os arautos gritam no caminho com alarde,
que aquele que se esconde da guerra é covarde, e prevalece o dueto do bem e do
mal; os meninos esquecem o jardim e o trigal, e como a ferrugem que a corrente
corrói, a casinha que antes abrigava o bem, agora abriga as medalhas de herói
por vidas ceifadas tão simples assim, já não lembram os meninos que antes brincavam
entre o trigal e o jardim.
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