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sexta-feira, 20 de março de 2015





Meninas e Espelhos.
J. Norinaldo.

O que aqui narro não é fantasia, conto ou poesia é realidade, de um mundo que parece ser só crueldade, mas que na verdade é uma maravilha, cada um tem o seu pincel e uma aquarela, com bastante tinta um cavalete e um banco e na vida uma grande tela em branco;  algum talento, nem  todos no entanto  serão virtuosos, os mais caprichosos e que além da pintura saibam seus valores, e não se  deixem levar por falsos elogios e que sigam como rios sabendo onde chegar.

 Depois de ser mar ai se torna grande, mas grande é o mar assim como o deserto, onde um grão de areia na imensidão, somente aos milhões poderá ser visto e reconhecido, como parte de algo belo e fenomenal. O Mar é imenso e com certeza a maior paisagem que existe na terra, fotografado por inteiro somente de fora dela, mas se analisarmos apenas uma gota de orvalho, pintada com talento vira uma linda e rara tela. Assim são meninas que não tem espelhos, que se tornam posse de quem pode tê-las, às vezes felizes enquanto são belas, outras como as telas de quem não tem talento e já jogou fora a sua aquarela, como mariposas lutam contra o tempo.

 Algumas encontram guarida na noite, em casas de luxo como joias raras, enquanto são caras e agradam ao patrão terminam nas ruas em plena sarjeta, e um enterro de caridade no final da vida, que não foi vivida foi só ilusão. Meninas da noite que ornam as esquinas, que desaparecem sem rastros deixar, muitas nem tem nomes de tantos nomes de guerra que já tiveram, que o verdadeiro nem  conseguem  lembrar. E assim como grãos de areia do deserto, desertam da vida ainda muito cedo, por falta de um espelho e de algum conselho, ou por puro medo da solidão que só  vão se dar conta já tarde demais.

 Frustram a si mesmas quando de repente lembram-se da família que se orgulhava tanto, de tanta beleza que não existe mais, muitas vão vivas para a sepultura, maldizendo a vida, que continua bela, para quem soube usar o pincel e a sua aquarela, e viu num espelho o que era ela. A vida é uma estrada cheia de atalhos, cheia de escolhas e de decisões assim como caros são diamantes, mas são encontrados entre simples cascalhos, muitas vezes o que um espelho avisa, olha bem aqui o que te revelo, não como fez  Narciso ao  ver-se no lago algumas se  valorizam e se prezam, outras  são apenas os olhos que servem de espelho para que lago veja o quanto é belo.



Espelho, espelho meu, existe alguém mais idiota que eu, que até evito contigo um confronto, pois sei que de belo nada tenho eu, mas com algo alguns brilhos que separei do cascalho, posso ter nos braços, corpos perfeitos rostos angelicais, com olhos azuis e lábios vermelhos, que encantaram espelhos, mas não encantam mais. São seres comuns de pouco valor, quem vendem o amor que pensam ser eterno, aos poucos descobrem que o luxo e o glamour, nada mais são que o caminho para o  inferno. Antes de empreenderes a viagem da vida, te olha no espelho e te faz um favor, o espelho não mente e nem tem ciúme, te mostra o que vê sem nenhum perfume, cabe a ti colher as rosas do caminho e te perfumar, e cuidar com carinho da beleza que o Pai te deu para desfrutar.

 Não precisa tanto ser como fez Narciso que se apaixonou pela sua imagem, é outra bobagem a soberba e a ilusão da eternidade, na verdade a felicidade está  mesmo de verdade, onde não houver orgulho e vaidade, se és escravo da beleza, jamais saberás o que é liberdade. Portanto é preciso ter sabedoria, usar o espelho sem ser seu escravo, ou sua beleza não vale um centavo. Não! Não é para ti que estou falando ou me referindo a um alguém qualquer, isto vale tanto pra você como para qualquer homem ou qualquer mulher. 

O espelho é útil,  mas também destrói, quando se odeia o ele  reflete e sem refletir ao Criador se remete, blasfêmia e insultos que nunca mereceu. Enquanto outros que se deliciam com aquilo que veem, e que muitos creem pra sempre será, desdenham da vida e só pensam em ser belas, até que o cinzel do tempo risca o rosto delas, uma estranha escrita como fundas valas e não lhes dará chance nem tempo sequer... Para decifra-las.

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