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terça-feira, 7 de abril de 2015







Cuidado com o Espelho.
J. Norinaldo.



Como Narciso soube que era tão belo ao ver-se no lago, porque se comparou com quem conhecia se viu diferente quem sabe perfeito, não pensou que o tempo que ali ficou a se admirar, tornou-se mais velho, porém sem notar. Veio o espelho substituir o lago, porém o estrago do tempo não muda alguém que a esmo tenta uma ajuda para enganar o tempo, engana a si mesmo. Quem se delicia diante do espelho com a própria imagem, como se a paisagem fosse à da montanha, que durante séculos muda para melhor e fica mais bonita, talvez infinita seja tal primor; morre muitas vezes aquele dos espelhos quando a tal ajuda já não ajudou, e o pincel do tempo de maneira franca, usa a tinta branca para seus cabelos, mudando a paisagem onde a maquiagem já não dá mais jeito, e o Narciso perfeito, imperfeito se tornou, pois acreditou na versão do lago, e o preço a ser pago por viver o tempo nunca imaginou. Quem desdenha alguém que foge do espelho apenas por maldade, não entenderá que a felicidade não é só  a beleza que o espelho reflete e que o enganou, a maior beleza o espelho não mostra, só consegue ler o seu exterior; assim como aquele que tem sempre um espelho a sua frente, até que este que nunca mente, lhe mostra uma ruga, a beleza em fuga como a luz da vela, como uma cicatriz, como uma sequela, a primeira morte de quem pensou ser para sempre bela.  A única beleza que não morre nunca é a da natureza, que não tem espelho que lhes faça afago, e faz parte do tempo como um martelo que dá a sentença  que bela existência é a do  lago em que Narciso um dia se mirou.

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