A Peneira e a vida a ovelha e o Dingo.
J. Norinaldo
Vamos peneirar o todo e separar o nada que de tudo sobra, e
num frasco pequeno colher o veneno de uma peçonhenta cobra; se nos pequenos
frascos estão os raros perfumes, nos pequenos amores, é onde se escondem os grandes ciúmes. Vamos
fazer a colheita e separar o joio para longe do trigo, tirar do meio dos cascalhos
um belo diamante como se faz com um grande amigo. Vamos sonhar acordados dormindo
sonhados numa manhã de domingo, vamos tentar ter certeza que tanto há beleza
num cão ou num dingo. Vamos peneirar a vida e na poeira perdida deixar ir-se o
mal, mas levar o rebanho para tomar banho e depois ao curral; vamos escrever um
ver ao nosso maior inimigo mortal, e quiçá se torne um amigo por saber que um
verso nunca fará mal. Vamos cantar e sorrir sempre sem fingir ou representar,
fazer da vida um palco, e mostrar que o amor é mais bela cena, e jamais deixar
que alguém transforme este palco em arena. Não vamos perder tempo, com
futilidades ou com ato covarde; pois
assim corremos o risco de chegar no teatro... quando já for tarde
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