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terça-feira, 3 de novembro de 2015




Flores de Mentira. Deres de Verdade.
J. Norinaldo.



Hoje eu prometi não chorar e ninguém me viu chorando, passei o dia escondido no sótão da solidão, com um velho álbum na não e um velho lenço ensopado; prometi, mas não cumpri, pensei ser forte, não sou, pensei mudar não mudei o tempo foi quem mudou. Lembrei-te quando menina, e a brisa da colina encrespavam teus cabelos, lembro quão feliz ao vê-los; não sabes, mas ainda guardo um tufo dos teus cabelos quando já mulher os cortastes, lembro-me quando mostrastes perguntando: estou mais linda? E a resposta foi: muito mais ainda do que possas imaginar. Hoje te vi a sorrir, aquele mesmo sorriso, que me levava ao paraíso que somente eu conhecia, não sabe o que sentia, mas não sabia dizer assim numa poesia o que é felicidade e prazer. Sim eu vi este sorriso e o teu cabelo cacheado, assim como um trigal dourado pelos primeiros raios de sol, vi tua pele rosada, que poderia apenas ser comparada como as cores do arrebol. Vi tudo isto pregado numa pedra branca e fria, as flores que te levei já não tinha mais perfume, te juro senti ciúme de quem estava num velho túmulo ao teu lado. Outro dia eu voltei onde tudo começou, tente correr na colina como se fosses na frente, mas o coração de repente com certeza parou; cai de joelhos e a brisa, a mesma que encrespava teus cabelos, como que inflando uma vela de um velho galeão, clareou minha visão e fez com que o meu coração começasse a bater novamente. Por que será que a vida pode fazer isto com a gente, te mandar partir frente ir à frente e me deixar delirando, desculpa, mas eu  menti, prometendo não chorar e agora estou chorando. Perdoo-me pela tristeza destas minhas últimas poesias, eu te disseque hoje foi um dia triste, mas uma vez é mentira... Tristes são todos meus dias. Desde aquele último beijo, no fim daquele triste cortejo, aquele triste caminho, até hoje sozinho mentindo como ninguém, mas  só tu sabes que naquele dia... Eu  com certeza  ali morria também.

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