Solidão.
J. Norinaldo.
O que me importa se ouço palavrões, se a felicidade vadiou
entre os quarteirões, entrando sem bater pelos portões, sem se importar se eu
lá estava... O que me importa os palavrões se não era o lugar onde eu morava?
Se o corredor verde e encardido, de um filme incolor e sem sentido, o verde eu
vira noutro filme colorido onde alguém caminha para o final, ao encontro de uma
injeção letal, por um crime que não havia cometido. E a cada passo sem sentido,
em direção a um final já conhecido, ao mostrar o solado da botina, num paço conseguido
com esforço, de um pé ensopado de suor, como se fosse o fundo de um poço. Infeliz condenado ainda moço, como
um fosso que leva o esgoto as podridões mal consegue discernir os palavrões;
jamais saberá que a felicidade vadiou entre os quarteirões, mas deixou de
entrar em alguns portões, justamente onde ora estava; mostrando o solado da
botina, em mais um espetáculo de rotina; neste corredor que já foi verde
cintilante no final alguém espera vigilante, e espera na hora não tremer. Ah!
Era um sonho e acordo para a realidade, olho e não vejo a felicidade, apenas
vejo um enferrujado portão, que há muito não é visitado, a não ser pela velha Solidão.
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