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domingo, 25 de setembro de 2016




Solidão.
J. Norinaldo.

O que me importa se ouço palavrões, se a felicidade vadiou entre os quarteirões, entrando sem bater pelos portões, sem se importar se eu lá estava... O que me importa os palavrões se não era o lugar onde eu morava? Se o corredor verde e encardido, de um filme incolor e sem sentido, o verde eu vira noutro filme colorido onde alguém caminha para o final, ao encontro de uma injeção letal, por um crime que não havia cometido. E a cada passo sem sentido, em direção a um final já conhecido, ao mostrar o solado da botina, num paço conseguido com esforço, de um pé ensopado de suor, como se fosse o fundo de  um poço. Infeliz condenado ainda moço, como um fosso que leva o esgoto as podridões mal consegue discernir os palavrões; jamais saberá que a felicidade vadiou entre os quarteirões, mas deixou de entrar em alguns portões, justamente onde ora estava; mostrando o solado da botina, em mais um espetáculo de rotina; neste corredor que já foi verde cintilante no final alguém espera vigilante, e espera na hora não tremer. Ah! Era um sonho e acordo para a realidade, olho e não vejo a felicidade, apenas vejo um enferrujado portão, que há muito não é visitado, a não ser pela velha  Solidão.

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